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Nobel da Paz vai para ex-escrava sexual no Iraque e ginecologista

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Dois ativistas contra a violência sexual, Denis Mukwege, um ginecologista que atende mulheres estupradas na República Democrática do Congo, e Nadia Murad, uma jovem yazidi ex-escrava sexual do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) que hoje luta contra o tráfico sexual de mulheres, receberam o prêmio Nobel da Paz de 2018 nesta sexta-feira, 5.

Os dois foram premiados por seus esforços contra o uso da violência sexual como arma de guerra. Os cinco membros do comitê norueguês tiveram que decidir entre os 331 candidatos - individuais ou organizações - quem receberia a honraria. "Ambos os laureados fizeram contribuições cruciais ao focarem as atenções e combaterem tais crimes de guerra", disse a diretora do comitê, Berit Reiss-Andersen .

Mukwege, de 63 anos, é o chefe do Hospital Panzi, na cidade de Bukavu. Aberta em 1999, a clínica recebe milhares de mulheres anualmente, muitas das quais solicitando cirurgias em decorrência de violência sexual. Nadia, de 25 anos, é uma defensora da minoria Yazidi no Iraque, de refugiados e dos direitos das mulheres em geral. Ela foi escravizada e estuprada por combatentes do EI em Mossul em 2014.

"Mukwege dedicou sua vida a defender as vítimas da violência sexual em tempos de guerra (...) e Murad é testemunha que conta os abusos perpetrados contra ela e contra outras pessoas", argumentou o comitê.


Foto: Lucas Jackson/Reuters | Safin Hamed / AFP

Com seu trabalho, Mukwege e sua equipe trataram milhares de pacientes que foram vítimas destes ataques, "condenaram a impunidade das violências em massa e criticaram o governo da República Democrática do Congo e de outros países por não terem feito o suficiente para acabar com a violência sexual contra mulheres como estratégia e arma de guerra", disse Berit.

Sobre a jovem yazidi, o comitê Nobel destacou que ela é "uma das cerca de 3 mil crianças e mulheres que sofreram abuxos sexuais como parte da estratégia militar do EI, que usava este tipo de violência como uma arma contra os yazidis e outras minorias religiosas".

Também lembraram sua fuga depois de três meses de cativeiro e sua coragem em denunciar os abusos contra ela e outras mulheres. "Teve extraordinária coragem de contar seu próprio sofrimento e de ajudar outras vítimas", argumentou a diretora do comitê.

A ONU afirmou que este "fantástico anuncio ajudará a avançar o combate contra a violência sexual nos conflitos". "Essa é uma causa muito importante para as Nações Unidas", disse a porta-voz da organização em Genebra, Alessandra Vellucci.

O anúncio era um dos mais esperados desta edição dos prêmios Nobel, que não contou com seu prêmio mais prestigiado - ao lado do da Paz -, o de Literatura, adiado em um ano em razão de um escândalo sexual que sacudiu a Academia.

Apostas 
Grande parte dos especialistas em prêmio Nobel apostavam nos defensores da luta contra a violência sexual, em pleno destaque com o movimento #MeToo, iniciado há exatamente um ano por revelações da imprensa sobre casos de abuso sexual. Assim, os nomes de Mukwege e de Nadia estavam entre os favoritos para receber o prêmio.

Nas casas de aposta, no entanto, o jogo parecia claro: vários portais viam o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, como grandes favoritos pela reaproximação entre os dois países.

Outro favorito inesperado era o presidente americano, Donald Trump. Com um prêmio de 7 para 1, o site Betsson dava a Trump dez chances mais de ganhar o prêmio do que outros líderes internacionais como o francês Emmanuel Macron, a britânica Theresa May ou o russo Vladimir Putin. 

Fonte: Estadão Conteúdo 

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Tags: nobelpaz