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JBS pagou reforma de casa de filha de Temer, indica PF

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Foto: Agência Brasil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - No relatório final sobre corrupção no setor portuário, a Polícia Federal afirmou que há "indícios concretos" de que dinheiro de propina da JBS a Michel Temer pagou a reforma da casa de uma de suas filhas, Maristela Temer. 

Segundo o delegado Cleyber Malta Lopes, o emedebista acompanhou detalhes da obra, inclusive financeiros, contradizendo depoimentos da família.  

De acordo com o texto enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (16), o presidente era copiado em e-mails.

A reforma foi realizada entre 2013 e 2015 e, segundo a investigação, pode ter custado até R$ 2 milhões. Grande parte foi paga com dinheiro vivo.

A casa de Maristela fica no bairro Alto de Pinheiro, região nobre de São Paulo.

Quem comandou a obra foi o coronel amigo de Temer, João Baptista Lima Filho, e sua esposa, Maria Rita Fratezi, que é arquiteta.

A Folha de S.Paulo revelou em abril que Fratezi foi pessoalmente em um dos fornecedores entregar valores em espécie. 

Em delação premiada, executivos da JBS disseram ao Ministério Público que repassaram como propina R$ 1 milhão ao coronel Lima, a pedido de Temer.

Os recursos seriam parte de um total de R$ 15 milhões em doações de campanha, supostamente acertados com o político.

A data de entrega do valor coincide com o período das obras, o que chamou a atenção da polícia. 

Florisvaldo Oliveira, ex-funcionário da JBS, disse que levou R$ 1 milhão ao coronel, na sede de uma de suas empresas, a Argeplan, em 2 de setembro de 2014. 

"R$ 1 milhão repassado para Lima, sob o qual recai indícios concretos de utilização direta em reforma de imóvel de  Maristela, configurado também o crime de lavagem de dinheiro", escreveu o delegado. 

A polícia anexou uma troca de mensagens no relatório entre a mulher do coronel e a filha do presidente como prova de que Temer sabia detalhes da obra.

"Olá Maristela te enviei por mail, os descontos da Indusparquet. Bj. Rita", escreveu Fratezi. "Ok. Passo para o papai?", perguntou Maristela.

"Passei os preços para João [Baptista], que disse que vai aprovar com ele", respondeu a arquiteta.

Para a PF, o diálogo "não deixa dúvidas de que Temer de fato estava acompanhando as obras do imóvel de Maristela, inclusive os custos." 

Segundo o delegado Cleyber Malta Lopes, as mensagens expõe uma contradição do depoimento da filha do emedebista, que disse que seu pai "não auxiliou com nenhuma parte dos recursos que a depoente utilizou".

A polícia também acha que há contradição nas respostas dadas por Temer no inquérito. Ele disse que "nunca" realizou "negócios comerciais ou de qualquer outra natureza que envolvesse a transferência de recursos financeiros para o sr. João Baptista Lima Filho".

Outro ponto apontado pela PF é que Maristela Temer disse em depoimento que gastou cerca de R$ 700 mil com a obra, mas a investigação conseguiu juntar provas que mostram que o valor é superior, podendo chegar a R$ 2 milhões. 

A declaração da filha do presidente fez a "situação se agravar", segundo a polícia. 

"Maristela não apresentou qualquer recibo que comprovasse em definitivo que os gastos foram suportados de fato por ela", diz o relatório. 

A PF pediu a prisão de Lima e outros quatro investigados. O Ministério Público ainda terá de se manifestar e o ministro Luís Roberto Barroso é quem vai decidir. 

Os indiciados pela PF foram: Michel Temer, sua filha, Maristela Temer, Rodrigo Rocha Loures, seu ex-assessor, Antonio Greco, ex-diretor da Rodrimar, Ricardo Mesquista, também da Rodrimar, Gonçalo Torrealba, diretor do grupo Libra, o coronel João Baptista Lima Filho e sua mulher, Maria Rita Fratezi, amigos de Temer, Carlos Alberto Costa e seu filho, diretor da Argeplan, e Almir Ferreira, contador da Argeplan.

Os crimes apontados são: corrupção passiva, ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

OUTRAS OBRAS

A PF afirma no relatório que o coronel Lima já tinha um histórico de realização de obras para o presidente Temer.

Além da residência de Maristela, a polícia aponta três outros serviços prestados, em 1988, 1993 e 1999.

As reformas foram feitas, segundo o delegado, em residências do emedebista e em seu comitê eleitoral. 

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