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Preocupação com violência e saúde cerca a decisão em Buenos Aires

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A previsão do tempo para a tarde deste sábado (10), quando se joga a primeira partida das finais da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate, no estádio da Bombonera, é de chuvas e trovoadas, depois de uma semana de intenso calor em Buenos Aires.

Entre raios e trovões também transcorreram os últimos dias na cidade, em que quase todos os aspectos que envolvem a partida causaram algum tipo de tensão.

O principal deles é a possibilidade de haver violência. Depois de terem demovido o próprio presidente da República, Mauricio Macri, da ideia de realizar a partida com a presença da torcida visitante -na Argentina isso está proibido desde 2013-, os presidentes de ambos os clubes também pediram reforço extra para a Secretaria de Segurança, para garantir policiamento do lado de fora e evitar confrontos entre as facções mais violentas das torcidas organizadas, os chamados barras bravas.

"Meu filho maior vai ver o jogo em algum bar, sei que vai voltar esfolado como sempre, mas ele é grande, não posso fazer nada. O mais novo não vai sair nem de casa, não deixo. Os dois são torcedores do Boca Juniors, e na minha rua a maioria dos rapazes é River ou Racing", diz a pizzaiola Azucena Salgado, 47, que mora no bairro de Boedo.

Também há preocupações com a saúde. Jornais e emissoras de TV divulgam dicas para não passar mal durante o jogo. "Não fume, não coma coisas gordurosas, tente beber com moderação, tome água" são as dicas mais comuns, mas é curioso ver médicos sendo entrevistados para dar dicas aparentemente tão banais.

O jovem Ernesto Angosti, 34, que trabalha num comércio no bairro de Chacarita, disse que está enganando o pai, que é cardíaco, sobre a data do jogo. "Ele está velhinho, não lê direito os jornais, eu e minha mãe estamos dizendo pra ele que é domingo, senão ele fica ansioso. Há menos de um ano teve um enfarte."

Quem não liga para futebol quer apenas saber a que horas começa a confusão e a que horas acaba. "Eu não tiro o carro da garagem duas horas antes e duas horas depois do jogo, vai estar cheio de gente dirigindo louca na rua", diz Esther del Monte, 54.

A escolha sobre onde ver o jogo é outra novela. Muitos gostam de ver em família, se todos os integrantes forem do mesmo time. Se não, há uma tradição de assistir jogos em bares também, como em outros países. Desde o começo da semana, como na Copa do Mundo da Rússia, os que têm as melhores telas já anunciam e pedem que os clientes façam reservas.

Como o governo Macri privatizou novamente os jogos de futebol, que durante o kirchnerismo eram transmitidos pela TV pública e aberta, para ver a partida é preciso ter uma assinatura de TV paga, ou ir a um bar ou restaurante que tenha.

A compra de entradas tem sido um pesadelo desde o primeiro momento. Como os ingressos se esgotaram muito rápido, os cambistas começaram a atuar cedo, na quinta (8), nas imediações da Bombonera. A reportagem constatou a venda ilegal de entradas, que custavam de 100 mil a 150 mil pesos (R$ 10,5 mil a R$ 23,4 mil).

Em ambos os times há um sistema que privilegia sócios e quem se inscreve em listas de fidelidade (os sócios aderentes), mas mesmo nesses casos há listas de espera.

Na sexta-feira (9) à tarde, sócios do Boca Juniors que ficaram sem ingresso protestaram na porta do estádio. A direção do clube chamou a polícia para reforçar a segurança.

Mesmo os sócios que conseguiram comprar entradas toparam com um aumento que não esperavam. As entradas para as semifinais na área popular custavam 320 pesos (R$ 59), agora, para a final, saem por 800 pesos (R$ 148).

Para apimentar um pouco o clima, torcedores do Boca picharam na madrugada de quinta-feira (8) as paredes da bilheteria do Monumental, estádio do River, com provocações e insultos, lembrando a passagem do clube pela segunda divisão, em 2011.

Fonte: Folhapress

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