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Boca ganha prazo na Conmebol, que espera para anunciar final no Qatar

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Nada é o que parece na final da Copa Libertadores de 2018. As certezas dos dirigentes da Conmebol mudam a cada dia. A entidade esperava anunciar nesta quinta (29) o local da segunda partida da final da Libertadores. O presidente Alejandro Domínguez acertou para que o jogo seja disputado no próximo dia 8, em Doha, no Qatar. 

Mas ele encara a insistência do presidente da Argentina, Mauricio Macri, para que a o confronto entre Boca Juniors e River Plate não seja disputado fora do país.

Macri telefonou para Domínguez e fez um apelo para que a decisão aconteça no Monumental de Nuñez, estádio do River. Também manifestou em público o desejo que o evento não saia da Argentina.

"O jogo não será jogado no território argentino", descartou Domínguez na última terça (27), após reunião com os presidentes das duas equipes e antes do telefonema de Macri.

O segundo jogo da final, que estava marcado para o último sábado (24), no Monumental, não aconteceu porque o ônibus que levava a delegação do Boca Juniors foi atacado com pedras e paus ao se aproximar do estádio, na esquina da avenida Libertador com a rua Monroe.

Os vidros foram quebrados e estilhaços feriram jogadores. O mais afetado foi o volante Pablo Pérez, que teve cortes no braço e machucou o olho. Gás de pimenta foi usado na confusão e a substância entrou no veículo. Vários atletas passaram mal e tiveram de ser atendidos.

A partida foi adiada para o domingo (25), mas o Boca Juniors alegou que o elenco não tinha condições de entrar em campo.

Quando anunciou que a final não seria jogada na Argentina, Domínguez já tinha acordo alinhavado com o Qatar. O governo do país fez oferta de pagar todas as despesas das equipes e hospedagem em Doha, além de dar US$ 7 milhões (cerca de R$ 28 milhões) a serem divididos pelos finalistas. O River também receberia o dinheiro necessário para ressarcir os torcedores que compraram ingressos para a partida adiada do último sábado.

O campeão teria a viagem paga para os Emirados Árabes, onde acontece o Mundial de Clubes a partir do dia 12, pela Qatar Airways. O voo seria via Kuwait ou Omã, para driblar o conflituosa relação diplomática entre os dois países árabes.

A Qatar Airways assinou contrato de patrocínio com a Conmebol no final de outubro. Também estampa seu logotipo no uniforme do Boca Juniors.

O River Plate aceita a alternativa, embora insista em que a final aconteça em seu estádio. O Boca Juniors, não. O clube entrou com pedido na comissão de disciplina da Conmebol solicitando os pontos da partida por causa do tumulto. Se tiver sucesso, será campeão.

O Boca solicitou uma prorrogação no prazo para apresentar sua resposta à defesa do River. Foi atendido e tem até esta quinta (29), ao meio-dia para fazê-lo. Isso pode atrasar ainda mais a decisão da comissão disciplinar, mas a Conmebol tem pressa.

Outras cidades ainda mantêm o desejo de sediar o jogo, caso este aconteça. Medellín, na Colômbia, e Miami, nos Estados Unidos, fizeram novas propostas à entidade sul-americana para abrigar a final. Mas essas não são vantajosas quanto a de Doha.

Além de ser patrocinador da Conmebol, o Qatar tem excelente relação com os dirigentes da confederação. A seleção árabe vai participar da Copa América de 2019, no Brasil.

A indefinição tornou inimigos os presidentes de Boca Juniors (Daniel Angelici) e River Plate (Rodolfo D'Onofrio), que antes viviam uma relação cordial.

D'Onofrio se mostra inconformado com a quebra de palavra de Angelici. Quando foi acertado o adiamento, os dois apertaram as mãos no compromisso de que o título seria decidido em campo. 

O próprio Alejandro Domínguez chamou de um "acordo de cavalheiros". Pressionado por jogadores, comissão técnica e torcedores, o presidente do Boca Juniors voltou atrás e entrou com ação na comissão disciplinar na Conmebol.

Angelici disse também que, se perder no tribunal, vai apelar até ao TAS (Tribunal de Arbitragem Esportiva), o que pode postergar ainda mais a definição.

ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

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