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Trisca Festival encerra com passeio de bike guiado por Chandelly Kidman

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Um pôr-do-sol sem chuva, na beira do rio, com criança, arte, bicicleta e alegria: foi assim que encerrou mais uma edição do Trisca – festival de arte com criança, que organizou o Rali Rala Canela no parque Potycabana no último domingo. 

O rali era apenas uma das atividades da programação do Trisca, que ocupou espaços públicos como a Biblioteca Estadual Cromwell de Carvalho entre os dias 14 e 16 de dezembro com atividades pensadas para o público infantil – jardim sensorial, oficinas de imagem e som, de colagem, de boneca de pano, exposições, espetáculos, leituras e conversas públicas marcaram esta edição do projeto que pretende pensar atividades culturais para crianças, para além da lógica do consumo e da tecnologia.

“Foi um acontecimento que transformou a biblioteca no fim de semana e teve um impacto grande naquele espaço da cidade”, avalia Layane Holanda, que assina a produção artística do evento e integra a produtora cultural @_canteiro_. “O ponto forte esse ano é que foi um projeto feito por uma equipe de crianças e isso nos ensinou muitas coisas, inclusive a repensar o projeto em si”, considerou.

Em três dias, o Trisca recebeu uma média de 600 pessoas – entre crianças, pais, mães, tias, avós, artistas convidados e visitantes. “O mais importante é que a gente conseguiu cumprir a programação que era extensa, grande, e em todas as ações houve um público espontâneo”, diz Soraya Portela, responsável pela direção artística. “Isso sinaliza não apenas uma demanda na cidade, mas o interesse do público em ações que dialoguem com a infância, que não apenas recreações ou atividades de férias”.

Um dos objetivos do Trisca, que tenta aproximar gerações através de experiências para viver com criança, era implantar sementes de discussões importantes para a infância. “Toda a programação foi pensada com cuidado e com rigor para mediar alguma questão, algum tabu, algum assunto relacionado a infância”, disse Layane Holanda. “Os papeis feminino e masculino, essa ideia de que menino não pode dançar, de que criança precisa estar em tarefas controladas quando na verdade ela precisa é de espaços abertos, com autonomia, como foram nossas exposições e os espetáculos interativos”, pontuou. “Acho que os pais e as crianças entenderam o recado”.  

Rali Rala Canela – uma experiência dançante

O domingo no parque do Alexandre Filho, 5 anos, foi uma experiência diferente de tudo que ele já viveu: antes do cair da tarde ele já estava a postos com a sua bicicleta, enfeitada de papel celofane e ostentando bem na frente do guidon, brilhando em vermelho, a letra A do seu nome. 

Ele e outras 20 crianças se preparavam para viver o rali comandado por Chandelly Kidman, uma drag queen meio motoqueira fantástica, meio Penélope – de salto alto e cabelos cor de rosa, ela saldava o público infantil que se aqueceu e partiu em fila para o passeio-manifesto.

Entre os participantes estava também a Agatha, que completou 11 anos vivendo um dia todo especial: teve bolo e balão e um passeio de bike com amigos que ela acabara de fazer, no parque que nunca conhecera. 

“O Trisca me conquistou justamente pelo resgate afetivo das brincadeiras inventadas”, disse Ana Viana, que acompanhava o Alexandre na experiência. “Alexandre nunca tinha tido contato com uma drag antes, reagiu com certo receio no começo”, observou a mãe. “A medida que a brincadeira foi se desenrolando ele foi ficando à vontade e cada vez que a Chandelly interagia com ele, foi se tornando tudo muito natural”, completou. “No dia seguinte, quando acordou, ele me disse: mãe, tô com saudade da Chandelly”.

Interagir de forma igual com as crianças é a especialidade da drag queen que também é bailarina e tem um projeto permanente com o público infantil. “O Trisca valida meu trabalho como algo sério e o rali é uma atividade pra criança se autoconhecer, se testar, descobrir o corpo que corre, cai, que pedala”, disse Chandelly. “O contato que eu tenho com as crianças ali, desde antes da ação até observar como elas ficam depois é uma coisa muito maravilhosa que reverbera em mim durante muito tempo”, comentou a artista. “Só tenho a agradecer as produtoras do Trisca por confiarem essa ação a mim”. 

 

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