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Ações da Vale despencam após tragédia em Brumadinho

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foto: arquivo / Agência Brasil

Atualizada às 11h49

As ações da Vale começaram o dia em baixa ao redor de 18%, reflexo do rompimento da barragem da empresa em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte. Por volta das 11h35, os papéis caíam 18,69%, a R$ 45,71.

A Vale tem peso de 10,9% no Ibovespa, que também registra queda. O índice cedia 2,29%, a 95.425 pontos por volta das 11h30. O tombo da Vale tem reflexo também sobre a Bradespar, que recua 18,62%, a R$ 28,48. A companhia tem 6,3% dos papéis da Vale em circulação, a terceira maior acionista da mineradora. Acompanhe ao vivo o mercado financeiro.

O segundo maior acionista é o BNDES, com 7,60%. O principal acionista da Vale é o fundo Litel, que detém 19% das ações da mineradora e é controlado por Banco do Brasil, Caixa, Petros (o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) e Cesp (empresa geradora de energia de São Paulo).

É o primeiro pregão após a tragédia, que ocorreu na sexta-feira (25) à tarde, quando a Bolsa brasileira estava fechada pelo aniversário da cidade de São Paulo. Naquela tarde, os recibos de ações da Vale negociados na Bolsa de Nova York encerraram em queda de 8%.

O rompimento da barragem da mina do Feijão é o segundo relacionado à empresa, que é uma das acionistas da Samarco. Analistas consideram que o impacto do acidente sobre a produção da empresa será menor que os danos à imagem da mineradora. Até o momento, 60 pessoas morreram e mais de 200 estão desaparecidas.

Como consequência, a Vale teve R$ 11 bilhões bloqueados, equivalente à metade do caixa da empresa no final do terceiro trimestre de 2018, e foi multada em R$ 250 milhões pelo Ibama e em R$ 99,139 milhões pelo governo de Minas Gerais. "Cálculos iniciais de seguradoras e resseguradoras dos prejuízos por conta do rompimento da barragem da Vale apontam para valores superiores ao do desastre da Samarco, ocorrido em Mariana, há três anos", escreveu a Guide corretora em relatório.

A Vale divulgou ainda a decisão do Conselho de Administração de suspender o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio, programa de recompra de ações e também a remuneração variável de executivos. Entre 2016 e 2017, a Vale não pagou dividendos a seus acionistas, apenas juros sobre capital próprio. O pagamento de dividendos havia sido retomado em 2018, dois anos após a tragédia de Mariana.

Segundo a XP Investimentos, a mina Feijão, parte do complexo Paraopeba representa de 1,5 e 2,5% da produção de minério da Vale. Mesmo que uma parte maior da operação fique parada temporariamente, o impacto neste aspecto deve ser limitado. Todo o sistema produz 7% do minério da Vale, segundo dados divulgados pela companhia no terceiro trimestre.

Apesar da tragédia, a XP mantém a recomendação de compra dos papéis da empresa com horizonte de médio e longo prazo. "Entretanto, uma série de incertezas em relação ao impacto no curto prazo permanecem, portanto sugerimos cautela", escreveu a corretora em relatório. Em relatório, o banco UBS afirma que ainda não está claro qual será o impacto sobre a produção e a logística da companhia.

O banco questiona ainda se as multas sobre a companhia serão maiores desta vez, considerando que é o segundo rompimento de barragem ligado à Vale. Em 2015, uma barragem da Samarco, companhia da qual a Vale é sócia, se rompeu. O UBS não oferece respostas aos acionistas, mas manteve recomendação neutra para a companhia.

A Guide destacou que os papéis continuarão pressionados no curto prazo, reflexo dos danos de imagem à companhia e provisões para pagamento de multas e indenizações. "Mais: o rompimento da barragem poderá atrasar também as concessões e licenças ambientais nas operações Brasil. Há também o risco de novos processos de investidores nos EUA, e downgrade de agências de risco", diz a corretora.

No sábado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou no sábado que a nota da companhia pode ser rebaixada em consequência da tragédia.

"Acreditamos que a Vale enfrenta vários riscos decorrentes do desastre. Suas obrigações financeiras para remediar e compensar as perdas podem ser substanciais, e a empresa pode ter de enfrentar escrutínios extensos e complexos de entidades ambientais e órgãos reguladores que resultariam em suspensões de licenças", disse a S&P em comunicado no sábado (26).

A agência colocou a nota da empresa, que é BBB-, em observação, indicando que a mineradora pode ser rebaixada no curto prazo.

Fonte: Agência Brasil

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