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Após muro cair sobre si, idoso agradece a Deus e diz que renasceu

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Fotos: Roberta Aline/Cidadeverde.com 

Após oito dias de internação, Edmilson Pereira Lima, 61 anos, saiu do Hospital de Urgência de Teresina na última quinta-feira (11). Seu Dida, como é conhecido, foi o último sobrevivente da tragédia no Parque Rodoviário a ter alta hospitalar. 

Em meio a dores e muitos remédios, Edmilson conversou com o Cidadeverde.com e diz que nesta Semana Santa vai agradecer a Deus por ter sobrevivido à enxurrada. Seu Dida, que é católico, acredita que teve uma nova oportunidade de viver e afirma que, mesmo na dificuldade, não perdeu a fé. 

No dia da tragédia ele estava em casa, sozinho. Dida relembra que assistia televisão quando ouviu um “estouro diferente”. “De repente, a água invadiu minha casa e um muro caiu sobre meu peito”, conta. A situação de Edmilson foi tão grave que ele chegou a ser apontado como uma das vítimas fatais da tragédia. 

“Eu nasci de novo. Agradeço a Deus e a um vizinho meu chamado Alan por essa oportunidade de sobreviver. Ele subiu em um muro, jogou uma corda e me puxou. Soube que na hora que fui retirado veio mais água. Se não fosse essa proteção eu teria morrido. Eu fiquei desacordado e só acordei no HUT com os médicos e enfermeiros tentando me reanimar”, relembra Edmilson, que também é muito grato à equipe do hospital. 

Alertou riscos

Seu Dida sofreu fratura no fêmur e quadril. Em seu corpo ainda há muitos hematomas, inchaços e muita dor. Ele só consegue se locomover em cadeira de rodas e revela angústia em não poder ir até os outros moradores do Parque Rodoviário atingidos pela enxurrada e ajudá-los.

“O pessoal vem até aqui, queria ir até onde eles olhar a situação, poder ajudar, mas não posso. Se eu tivesse uma muleta, eu até iria”, disse. 

Querido no bairro, Edmilson é presidente da Associação dos Moradores do Parque Rodoviário e diz que, antes da tragédia, denunciou os riscos da região às autoridades públicas, mas nada foi feito. 

“Disseram que não tinha risco de nada”, contou

Ajuda

Desde que saiu do HUT, o novo endereço de Dida é na Vila da Paz, em uma região também considerada de risco. A rua é tomada por lama e na frente da casa “nova” de Edmilson não tem calçamento.  O aluguel do imóvel é custeado pela prefeitura de Teresina, através do programa Cidade Solidária, mas, seu Dida ,ainda precisa de muita ajuda para recomeçar a nova vida. 

“Eu perdi tudo, menos a vida. Moto, geladeira, roupa, tudo da casa eu perdi. O sentimento é de tristeza porque eu não vejo meu Piauí se desenvolver. A situação aqui na região é a mesma de muitos anos atrás e é preciso acontecer uma tragédia para tentarem resolver”, lamenta.

Na tragédia do Parque Rodoviário o pequeno Flávio Josiel, de três anos e uma mulher identificada como Graça Bacelar, de 69 anos, morreram. Mais de 40 famílias ficaram desabrigadas e estão sendo acompanhadas pela prefeitura de Teresina. 


Izabella Pimentel
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