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Morte de Alan García tem paralelos com o de Getúlio, diz analista britânico

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Foto: Antonio Cruz/ABr

Para o colunista da revista britânica The Economist e ex-correspondente da publicação no Peru, Michael Reid, o suicídio de Alan García tem paralelos com o de Getúlio Vargas (1954).

"Ambos haviam tido um primeiro mandato no passado que consideravam exitoso e quiseram reviver isso depois num segundo período. Também ambos eram animais políticos e, quando se viram pressionados a ter de ficar de fora da política, preferiram se matar. E, em terceiro, diria que mesmo tendo cometido erros, eram homens inteligentes. Ambos muito bom oradores, afirmou.

Para Reid, autor do livro "Forgotten Continent" (Continente esquecido, sobre a América Latina), as declarações de García sobre a falta de evidências concretas para sua acusação são corretas.

"A única das acusações contra ele de que se tem uma prova concreta é que ele recebeu dinheiro da Odebrecht pela palestra na Fiesp, em São Paulo. Mas essas coisas são pagas, são legais. Estabelecer um vínculo com subornos em seu governo a partir apenas dessa evidência é algo que não se sustenta muito. Não digo que não tenha sido corrupto, mas é verdade que ainda faltavam evidências contundentes para prendê-lo agora."

Reid crê que o Peru se diferencia dos outros países latino-americanos nesse caso do escândalo da Odebrecht, com investigações e prisões de quase todos os ex-presidentes, porque "há uma geração nova na Justiça, que se mostrou engajada em levar adiante as investigações".

"Em segundo lugar, o Peru é um país que sempre contestou muito seus governantes, tanto que eles perdem a popularidade sempre muito cedo, essa tradição da cultura histórica ajuda a acelerar o processo. Também creio que a imprensa se empenhou muito em divulgar os casos de corrupção."

Para o jornalista, a morte de García não vai mudar a opinião geral dos peruanos, "de que era um líder arrogante e corrupto", mas também o transformará em vítima para os apoiadores de um partido que tem "muita mística", o Apra, o que pode significar um crescimento do partido num futuro a médio prazo.

Por Sylvia Colombo/Folhapress

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