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Vanderlei completa a São Silvestre e se aposenta

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Vanderlei Cordeiro de Lima fez nesta quarta-feira a sua 12ª participação na Corrida de São Silvestre, e completou os 15 quilômetros da prova de maneira especial. Foi a última competição profissional do vencedor da única medalha do Brasil na maratona olímpica. O brasileiro terminou a prova em 52min12s, acabando na 102ª colocação.



"Sinto que cumpri meu dever. Comecei num ritmo pesado, e por isso quase me dei mal. Mas meu desempenho na prova foi melhor do que eu esperava. Agora quero deixar espaço para uma nova geração de atletas. O espaço que não tive quando comecei", afirmou o atleta após cruzar a linha de chegada.

Aos 39 anos, Vanderlei se despede das competições, mas não do esporte. "Não é um adeus, é um até logo. O atletismo é minha vida e não conseguirei ficar fora desse meio. Encerro minha carreira profissional. Mas, a partir do dia 1º de janeiro, passo a ser um atleta amador e espero participar de mais 50 São Silvestres", disse o paranaense de Cruzeiro do Oeste.

Antes de fazer história no atletismo brasileiro, Vanderlei cresceu em Tapira, no interior do Paraná. Sua família fazia trabalhos de bóia-fria nas lavouras da região, e a diversão de Vanderlei era correr nas estradas de terra entre as plantações.

A primeira competição foi disputada aos 12 anos de idade. Depois de ajudar a Escola Estadual Castelo Branco a vencer os jogos interescolares, percebeu que poderia se tornar um profissional e passou a treinar rotineiramente.

Aos 23 anos, Vanderlei ficou em quarto lugar na primeira vez em que participou da Corrida de São Silvestre. No ano seguinte, ficou em 13º, e repetiu o quarto lugar em 1994.

Neste mesmo ano, fez a sua primeira maratona, em Reims, na França. Foi contratado para disputar a prova como "coelho" de largada. Mas não perdeu o ritmo e acabou com o primeiro lugar.

A partir daí, vieram grandes conquistas como o bicampeonato nos Jogos Pan-Americanos, em 1999 e 2003. Também foi campeão das maratonas de Tóquio, em 1996, e de São Paulo, em 2002.

Mas foi nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, que Vanderlei escreveu seu nome na história do esporte. Quando se encaminhava para a vitória na maratona, foi atacado por um radical religioso. Mas ele não desistiu e conquistou uma medalha de bronze que lhe valeu um prêmio maior do que o primeiro lugar: o reconhecimento mundial.

Vanderlei comemorou o bronze como se fosse ouro, e sequer criticou a falha na organização da prova. Tudo isso lhe rendeu a medalha Pierre de Coubertin, a maior honraria concedida a um atleta, dada pelo Comitê Olímpico Internacional.

Quatro anos mais tarde, o feito do atleta ainda inspira novos corredores a ingressarem no esporte. Com sentimento de dever cumprido, Vanderlei cruzou a linha de chegada da corrida de rua mais importante do Brasil fazendo a sua festa, mas por um motivo ainda maior do que a vitória.

"O mais importante é a história que construí nesse esporte. Foi uma trajetória de superação, em que vivi muitos momentos que marcaram minha vida. Hoje o atletismo é um esporte nacional e fico feliz por ter dado a minha pequena contribuição", declarou Vanderlei.

Fonte: Uol
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