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'A trilha é um escancarar do meu gosto', diz Gilberto Gil

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Foto: Gilberto Gil/Instagram

A trilha de Gil conta com 60 horas de estúdio, além de reuniões de formulação, viagens a Belo Horizonte, levantamento de referências junto a Bem Gil e à banda. Em turnê pela Europa, o cantor e compositor Gilberto Gil falou ao 'Estado' por telefone, no ônibus-tour, em viagem pela França.

Ouvindo a trilha, a gente percebe a construção de várias referências de toda a carreira.

Inclusive, com algumas citações e trechos de canções, que foi um expediente que a gente acabou utilizando para estabelecer as marcas identificatórias da minha história musical. Então, tem mesmo um pouco isso. 

Mas composta com outras lógicas, formulações, entradas. Acredita que, de alguma forma, essa composição propõe um outro modo de entender e ouvir Gil?

O Gil conhecido é o Gil da canção popular, das canções, com letra e música, propostas rítmicas muito claras, enfim. Nessa trilha de 40 minutos, o que tem ali, pelo menos na proposta que conseguimos realizar até certo ponto, é um escancarar do meu gosto, do meu modo musical. Nisso, entram as coisas que vêm da canção, dos gêneros brasileiros, mas também muita coisa que vem de outras referências, como música concreta, vem de campos do abstracionismo musical, do jazz, do free jazz, da composição livre, aberta, dos borrões sonoros, etc., que não são propriamente canções, desse campo que não são da minha composição costumeira.

Acredita que é um outro jeito de olhar a própria trajetória?

Não necessariamente de olhar a minha trajetória, mas no sentido de capsular, criar em uma cápsula de 40 minutos, vários elementos que remetam ao meu gosto melódico, rítmico, minha aproximação com esses campos de expressividade popular que estão ligadas à marca brasileira: do carnaval, do forró, do Nordeste. É inegável que essas coisas estejam ali, na minha própria leitura do trabalho, nos 40 minutos de composição, como também na leitura daqueles que vão ver, enfim, assistir o balé.

E foi prazeroso compor nesse outro contexto? Com outras provocações?

Foi muito prazeroso construir, é uma coisa fascinante. Música é uma coisa que está ligada a uma série de formas de expressão. Está ligada à própria dança, ao teatro, ao cinema, não é? Enfim, e no caso, ali, muito fortemente ligada aos modos brasileiros de se expressar. Mas também, tem muito elemento que vem do próprio estilo do Corpo. Você tem elementos que vêm desse campo mais aberto da dança contemporânea, que junta elementos clássicos com essa coisa que se difundiu no mundo inteiro, que é praticado nas academias, inclusive, que é o chamado jazz, a dança jazz. E tudo isso já está na minha própria música. A minha música é composta de elementos dessa variedade de fontes, de proveniências. Foi muito prazeroso e interessante.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo 

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