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Mãe acredita que bebê de olho azul foi trocado na maternidade

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Após dois meses de convívio com o pequeno Gabriel, Alexsandra Santos, de 34 anos, diz saber que o resultado do exame de DNA porá um ponto final na incerteza sobre o bebê ser ou não o seu filho. Mas pode também gerar ainda mais dor a todos que já se apegaram à criança.

"Infelizmente, isso é o que mais dói. É não sentir que ele é meu e estar esses dois meses cuidando dessa criança e pensando: será que eu vou ter que, amanhã ou depois, trocar? Como eu vou olhar para outra criança? Mas não posso fazer de conta que nada está acontecendo. É muito triste olhar para o Gabriel e saber que de repente ele pode ir embora, para outra família", contou Alexsandra, com os olhos escuros, cheios de lágrimas.

"Se o exame mostrar que ele não é meu filho, vamos começar uma outra luta. Tentar localizar essa família, saber qual vai ser a reação dela", falou Alexsandra que tem outros seis filhos, todos negros, além de Gabriel, que tem olhos claros e a pele clara.
 

Família divide casa de quarto e cozinha

A família numerosa divide uma humilde casa de tijolos aparentes, com apenas um quarto e uma cozinha, no alto de uma comunidade carente de Pendotiba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O pesadelo do casal começou em 3 de novembro de 2008, quando Alexsandra deu entrada no Hospital Azevedo Lima, da rede estadual de saúde, para ter seu filho, que nasceria prematuro, aos sete meses, com 2,860kg e 50cm.
 
A mãe conta que só viu o bebê cinco horas após o parto. Ela diz que o achou um pouco pálido, mas uma icterícia, que fez com que Gabriel voltasse a ser internado por 12 dias após ter alta do hospital, teria deixado sua pele amarelada. Isso levou a família a acreditar que a pele do bebê pudesse vir a escurecer, o que não aconteceu.

Documentos do hospital entregues ao casal, com o sobrenome de Alxsandra trocado - em vez de Santos, estava escrito Simões - deixaram o casal ainda mais desconfiado. A mãe diz ainda que, apesar de o filho ter nascido às 15h40, o horário de nascimento na pulseirinha de Gabriel consta como 14h40.

Boatos na vizinhança

O pai Alexandre, de 34 anos, passou a conviver com boatos na vizinhança, sobre o fato de ele, negro, levar no colo uma criança de cor branca, cabelos lisos e olhos azuis.
 

“Apesar de a gente saber que os vizinhos olham torto, fazem comentários, aqui dentro eu e Alexandre não estamos nem aí para isso. A gente tem muito amor”, diz Alexsandra. “Tudo tem a mão de Deus. Se Deus não permitir que eu encontre meu filho, o Gabriel vai ficar aqui, vai ser meu filho para o resto da vida. Amor é que não falta para ele. Se ele não é meu filho biológico, de coração ele é.”

Hospital nega troca

O diretor do Hospital Azevedo Lima, no bairro do Fonseca, em Niterói, diz que não acredita em troca de bebê na maternidade da unidade. Para acabar com a dúvida, o médico José Luiz Medeiros pediu que Alexsandra faça um teste de DNA. Segundo a Secretaria estadual de Saúde.

“Solicitei à Secretaria estadual de Saúde um exame de DNA, que é o melhor método para sabermos se o bebê é filho desses pais” José Luiz Medeiros.

Nome trocado

Sobre os documentos com o sobrenome de Alexsandra trocado, Medeiros conta que tentou explicar à mãe que o erro é possível, pois algum enfermeiro ou médico poderia ter confudido o sobrenome dela.
 
De acordo com o diretor do hospital, foram recolhidos todos os prontuários e históricos de internações de mães e bebês na unidade, no período que Alexsandra teve o filho e não foi encontrado nenhum nome parecido com o dela entre as mães que tiveram filhos no mesmo período.

“Esse erro na grafia do sobrenome não levanta suspeita de que poderia ter acontecido uma troca de bebês. Considero que isso pode ter sido um erro normal, de alguém que não entendeu o sobrenome que estava escrito” argumentou Medeiros. 

Probabilidade genética

O diretor do hospital conversou com Alexsandra para saber se haveria possibilidade dela e do marido terem um filho com a cor diferente deles. Alexsandra diz que tem um bisavô que era branco e de olhos claros.

Segundo o médico, o fato de Alexsandra ter um parente branco e de olhos claros torna viável ela ter um filho com essas características.A mãe, no entanto, não acredita nessa hipótese, já que todos os seus outros seis filhos são negros.

 
 
  
Fonte: G1
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