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FBI retira nome de egípcio residente no Brasil de lista de procurados

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Foto: Divulgação / FBI

 

O FBI (a polícia federal americana) retirou, nesta sexta-feira (23), de sua lista de procurados o nome do egípcio residente no Brasil Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, que está sendo investigado por supostas ligações com a rede terrorista Al Qaeda.

O advogado dele, Musslim Ronaldo Vaz, havia solicitado a retirada de seu nome da lista, argumentando que ele tem endereço fixo e que se apresentou à Polícia Federal voluntariamente quando soube que estava na relação de procurados para interrogatório.

"Não havia mais motivos para ele estar lá. O FBI pedia que fossem dadas informações acerca do paradeiro dele, que é uma pessoa perigosa e poderia estar armada. Isso se revelou desnecessário, pois ele tem residência e trabalho fixo informado a autoridades brasileiras e ao FBI e é sabido que não tem arma nem se envolveu em nenhum crime ou delito no Brasil", afirma Vaz. 

O FBI confirmou o procedimento à Folha de S.Paulo. "Uma vez que um indivíduo foi localizado e a publicidade não é mais necessária, removemos a informação sobre esse indivíduo do nosso site", afirma o comunicado enviado por email. O nome de Ibrahim também não consta mais da lista de procurados da Interpol (polícia internacional). 

O advogado do egípcio pediu que o nome dele fosse removido da lista na segunda-feira (19), durante as oito horas de depoimentos prestados por Ibrahim ao FBI na sede do Ministério Público Federal em São Paulo.  Segundo Vaz, isso não significa que a investigação terminou. "Mas concede a ele a presunção de inocência", afirma.  

A defesa afirma que ele sofre perseguição política no Egito por ser de um partido de oposição ao governo.  Ibrahim ficou sabendo da retirada de seu nome por amigos, que estavam verificando constantemente o site com a lista de procurados, e comemorou a notícia junto com a família, relatou Vaz. 

O egípcio de 42 anos vive em São Paulo desde 2018, é casado com uma brasileira e tem uma empresa do ramo de móveis. Antes, morou na Turquia.

Ele entrou no Brasil legalmente em 2018. Seu pedido de refúgio, porém, foi negado pelo Conare (comitê ligado ao Ministério da Justiça que avalia esse tipo de solicitação), e agora ele aguarda resposta a um recurso judicial.  O cartaz de "procura-se" feito pelo FBI e divulgado pelo ministério da Justiça brasileiro no último dia 12 dizia que o suspeito deveria ser considerado "armado e perigoso". "Se você tiver qualquer informação sobre esta pessoa, por favor entre em contato com o escritório do FBI ou com a Embaixada ou Consulado dos EUA mais próximos", dizia o texto. 

A agência americana o acusa de ter auxiliado no planejamento e na execução de ataques contra os Estados Unidos, além de oferecer apoio material para a Al Qaeda. O texto não explicava de quais ataques exatamente o egípcio teria participado, nem qual teria sido seu papel nessas ações.

Durante o depoimento, o FBI deu a entender que suspeita que uma empresa de transporte que Ibrahim tinha na Turquia levasse terroristas para áreas de conflito, como a Síria. Ibrahim nega, e o advogado dele diz que não foram apresentadas provas.

Segundo pessoas que trabalham com o egípcio, após a divulgação do anúncio do FBI, policiais arrombaram a porta de seu local de trabalho durante a noite. No dia seguinte, seu advogado marcou a ida dele à PF para prestar esclarecimentos –o que ocorreu na quinta-feira (15).

Vaz afirma que a divulgação de que ele estava entre os procurados pelo FBI teve repercussões negativas para o cliente. "Houve desde ameaças de morte contra ele aqui no Brasil até a prisão de familiares e retaliações contra amigos no Egito, sem contar o abalo físico e emocional que ele sofreu", afirma.  

Durante o depoimento de segunda-feira, os agentes do FBI disseram que poderiam marcar outro interrogatório com ele. Vaz diz que eles se colocaram à disposição. "Depende apenas deles."

Fonte: FolhaPress

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