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Ao voltar para antigo estádio, Náutico renasce e enterra Arena

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O acesso do Náutico à Série B do Brasileiro tem, segundo os torcedores do clube, um protagonista: o estádio Eládio de Barros Carvalho, mais conhecido como Aflitos. Após a vitória nos pênaltis, domingo (8), sobre o Paysandu, uma multidão vermelha e branca invadiu o gramado do local.

Na empolgação, alguns comiam a grama do campo. Inaugurado em 1939, o Aflitos foi casa alvirrubra até 2013, ano em que o clube o abandonou e foi jogar na Arena Pernambuco, construída em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, para a Copa do Mundo de 2014. 

Em uma cidade distante pouco mais de 20 km do Recife, com problemas de acesso, o torcedor foi perdendo ano a ano os laços com o time.

O período no novo estádio ficou marcado por quedas. Da Série A para a B, em 2013, e para a C, em 2017.

No início da atual temporada, a equipe resolveu se mudar. Após dois anos em reforma, o Aflitos voltou a receber partidas do Náutico. O time fez 23 jogos como mandante no ano. Foram 15 vitórias, cinco empates e três derrotas.

Na Série C, a casa foi ainda mais importante. Nenhum outro time venceu tanto no seu estádio -10 triunfos. Nos últimos 8 jogos da fase de grupos da competição, ganhou 6 e empatou 2 jogando em Recife, tornando-se o melhor mandante da competição.

O jogo que garantiu o acesso terminou com queixas do rival. O Paysandu reclama de um pênalti marcado nos acréscimos para o time de Recife. O árbitro Leandro Vuaden assinalou infração após a bola bater no braço de um jogador da equipe paraense.

Após converter a cobrança e igualar o placar em 2 a 2, o Náutico venceu a disputa na disputa de pênaltis.

Encravado em um bairro residencial da classe média alta recifense, o Aflitos tem capacidade para 18.968 pessoas. Na Série C, o Náutico levou em média, por jogo, 7.499. No último domingo, os ingressos -com preço médio de R$ 100- se esgotaram. O público pagante foi de 16.662, e a renda, de R$ 600 mil.

No dia da volta ao velho estádio, em dezembro de 2018, em um jogo festivo contra o Newell's Old Boys da Argentina, o clube conseguiu a maior renda do futebol da história do futebol de Pernambuco: R$ 1.576.200.

"A nossa casa é o grande elo simbólico disso tudo. A volta simbolizou todo o movimento de torcedores", explica o vice-presidente do Náutico, Diógenes Braga.

Na Arena, a situação era outra. O Náutico chegou a jogar para cerca de 300 pagantes. A exceção foi a final do Pernambucano de 2018, contra o Central, em que mais de 42 mil estiveram presentes e viram o time de Recife levantar a taça após 13 anos de jejum. É o recorde do estádio.

A partida acabou elevando a média de público do clube na Arena naquele ano para 6.194, mesmo assim uma ocupação de apenas 13%. Em pelo menos seis jogos do Estadual de 2018 foram menos de 500 torcedores.

Em 2017, quando caiu para a C do Brasileiro, teve a pior média de público jogando na Arena: 4.388 espectadores e uma ocupação de 9,6%.

Para a torcida e dirigentes, voltar ao velho estádio foi um acerto.

"Não podemos mais deixar de jogar aqui. Na tristeza e na alegria, essa é nossa casa. Podemos dizer que o Náutico foi refundado. Isso só poderia acontecer nos Aflitos", resume o estudante Pedro Alexandre Barbosa, 23.

O sucesso do Náutico na velha casa faz o time se distanciar ainda mais do estádio construído para a Copa de 2014. No ano passado, a Arena Pernambuco recebeu apenas 26 jogos com mandos dos três maiores clubes de Pernambuco: Santa Cruz, Sport e Náutico. Foi um recorde negativo dos últimos cinco anos.

Em 2018, a taxa de ocupação do estádio não chegou a um quinto do total, que é de 45.500 pessoas. Apenas seis partidas contaram com um público superior a 10 mil pessoas.

Segundo a assessoria de imprensa da Arena Pernambuco, em 2018 o local recebeu 46 jogos. Neste ano, já foram realizadas 40 partidas.

Em 2019, houve jogos dois jogos do Santa Cruz pela Série C no local e três do Sport pela Série B. Também foram realizadas partidas do Brasileiro sub-20 e de divisões inferiores do Estadual.

JOÃO VALADARES
RECIFE, PE (FOLHAPRESS) 

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