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PT e PSDB traçam estratégias e apostam na eleição de 2020 como decisiva para o futuro

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Foto: Google Maps


As eleições municipais de 2020 estão sendo consideradas decisivas para as estratégias de fortalecimento de partidos como o PT e o PSDB. São legendas consideradas grandes, mas que enfrentam desafios em um cenário em que setores da sociedade pedem uma renovação das siglas e, em muitos casos, associam a política à corrupção. Os dois partidos querem, também, afastar as manchas deixadas pelas denúncias de envolvimento de alguns de seus líderes em casos de corrupção. 

Em meio a essa desconfiança que paira sobre partidos e políticos, alguns setores levantaram bandeiras de renovação. E a eleição de 2020 passa a ser uma aposta importante. Líderes dos dois lados apontam que as estratégias do próximo ano irão contribuir para o resultado do futuro, mais precisamente, para as eleições estaduais e do presidente da República, em 2022. 

 No caso do PT, durante Congresso Estadual realizado em Teresina, a eleição de 2020 foi apresentada como uma questão de sobrevivência. A vice-governadora Regina Sousa chegou a declarar que o projeto do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), é destruir o partido. Segundo ela, quanto mais prefeitos o PT eleger, mais força terá para derrotar Bolsonaro em 2022.

“Esse governo não tem um projeto para o Brasil. O único projeto é destruir o PT. Isso é bem claro. Ele veio apenas para destruir o PT. É importante que nós não deixemos isso acontecer. O partido precisa se fortalecer. É importante que o PT possa se fazer presente no maior número de municípios”, afirmou.

Na mesma linha de Regina Sousa, a presidente nacional da sigla, Gleisi Roffmann, que esteve no Congresso Estadual em Teresina, afirma que a meta é eleger o maior número de prefeitos possível. No ano que antecede as eleições, o partido apresentou um programa de combate ao desemprego e busca mostrar sintonia com os desafios das cidades brasileiras. 

“O governo Bolsonaro veio para destruir a estruturação do Estado brasileiro. Somos oposição a isso e apresentamos uma alternativa para o país com um projeto de geração de emprego e renda. Hoje o desemprego é o principal problema de estados e municípios. E são os prefeitos que estão mais perto dessas dificuldades”, afirmou. 

Foto:YasmimCunha/CidadeVerde.com

Na eleição de 2016, o PT elegeu 38 prefeitos no Piauí. Desse total, dois deixaram a sigla. Agora a meta para 2020 é eleger no mínimo 50 gestores municipais. 

No PSDB, o pleito de 2020 também é considerado decisivo para o futuro do partido. Mas a legenda aposta todas as fichas na eleição da capital. O partido acredita que se conseguir eleger o sucessor do prefeito Firmino Filho (PSDB), que já administrou a cidade por quatro vezes, abre  caminho para eleger Firmino como governador do Piauí em 2022. 

Os tucanos avaliam que o PSDB só  deixará de ser um partido da capital e ganhará espaço no interior do Estado, no momento em que tiver o comando do Palácio de Karnak. Segundo o presidente municipal da sigla, vereador Edson Melo, no Piauí, os partidos só crescem se tiverem relação com o governo. 

“Lamentamos de deixar isso bem claro, mas todos os partidos políticos só crescem no interior do Piauí quando chegam ao Governo do Estado. O PSDB nunca chegou ao governo do Estado. Essa é a razão maior do partido não crescer no interior. Não adianta dizer o contrário porque no interior a política dos pequenos municípios é do lado do governo. Tem uma minoria fazendo oposição porque aqui e acolá consegue eleger um prefeito, que logo que se elege, passa a ser dependente do Governo do Estado e do governador. Na capital, o PSDB vai eleger o sucessor do prefeito Firmino Filho. E acreditamos que hoje o prefeito é o nome mais forte para ser governador do Piauí”, afirma.

Foto: RádioCidadeVerde

RENOVAÇÃO

O cientista político e professora da Universidade Federal do Piauí, Vitor Sandes, afirma que o PT e o PSDB passaram por um momento de cobrança de renovação e autocrítica, mas avalia que os dois poucos fizeram nesse sentido. Sem oxigenação, as duas legendas devem focar na força de organização dos diretórios visando 2020. 

“Seria necessário o arejamento das lideranças. Isso só acontece com formação de novas líderes, o que levaria alguns anos, com a abertura institucional dos dois partidos para lideranças que já se apresentam, mas que têm pouco espaço. Isso passa por uma mudança de concepção dos dois partidos. Mas é muito difícil de acontecer porque de fato os dois já têm lideranças bem constituídas ao longo do tempo, que vão criando mecanismos de manutenção do poder. Os dois partidos vão investir na capacidade de organização como os diretórios municipais, comissões provisórias, e também, das fortes lideranças que possuem. São legendas bem fortes. O PT, por exemplo, tem uma grande bancada na Câmara de deputados, o PSDB tem muitos deputados federais, governadores, prefeitos, deputados estaduais e senadores. É um partido muito relevante também. Então, acredito que a aposta é na própria força da organização dos dois partidos”, destaca.
 
 Vitor Sandes avalia que o momento é de pouca confiança nos partidos políticos. Porém, ele afirma que o fim das coligações proporcionais, na eleição do próximo ano, deve ajudar a fortalecer as legendas já consolidadas como PT e PSDB. 

“No contexto em que houve uma queda bem drástica da identificação partidária, existe uma baixa confiança nos partidos políticos. Então acredito que o cenário não é bom para esses partidos mais tradicionais da política brasileira. Mas com o fim das coligações no próximo ano, acredito que isso vai fortalecer os grandes partidos como o PT e o PSDB. Então ainda é um cenário muito incerto para fazer qualquer avaliação fechada sobre 2020. Mas certamente, algum nível de renovação, deveria ser considerado pelos partidos para poder atender a essa parcela da população que não está satisfeita com o sistema partidário brasileiro, principalmente, com as maiores legendas”, disse. 

Foto:RobertaAline/CidadeVerde.com 

ELEIÇÃO DE TERESINA

Em Teresina, os dois partidos devem lançar candidato próprio a prefeito. Em ambos os casos, o quadro ainda se encontra indefinido. O PSDB tem hoje o comando da capital com mais de 20 anos de administração. A meta é eleger o sucessor de Firmino Filho. Porém, a legenda não chegou a uma definição sobre o candidato. 

O prefeito Firmino  afirma que a definição deve ocorrer apenas em março de 2020. Na lista estão nomes como Fernando Said, atual secretário de Governo, Kleber Montezzuma, que comanda a Educação municipal, Charles da Silveira, que é presidente da Fundação Municipal, Washington Bonfim, que deixou o PSDB para se filiar ao Progressistas, que é o principal aliado da gestão Firmino. Existem também nomes novos como os vereadores Evandro Hidd (SDU/Sudeste) e Samuel Silveira (Semcaspi). Segundo Firmino, a lista já teria mais de 10 nomes.

O presidente Edson Melo afirma que o partido leva vantagem com relação a outros partidos na capital. 

“O PSDB leva muitas vantagens em relação a outros partidos para se manter à frente da prefeitura, devido a sua marca como uma administração eficiente, uma administração de sucesso. Tem sido uma característica do partido escolher bons gestores para Teresina. E a capital tem sido muito inteligente nas escolhas com relação ao prefeito. A cidade sempre teve bons prefeitos. Acredito que a população tem até receio de arriscar em outros nomes, com receio de aventuras que possam prejudicar a cidade com um desastre administrativo. Então isso é um ponto positivo que faz com que o PSDB seja o favorito para as próximas eleições na capital. Quanto a nome, isso pouco vem ao caso. O perfil que queremos para prefeito é de um técnico competente, que saiba gerenciar bem os problemas da cidade”, declara. 

Do outro lado o PT quer acabar com a hegemonia do PSDB na capital. O partido quer colocar um fim no jejum  histórico de nunca ter conseguido eleger um prefeito de Teresina e com a imagem de que na capital o partido do governador Wellington Dias não teria força. 

O partido vive uma disputa interna. No momento os deputados Franzé Silva, Fábio Novo e o militante Júnior do MP3 disputam a preferência da maioria da legenda. O presidente estadual Assis Carvalho afirma ser importante unir a legenda em torno de um único nome.

“O PT vai unido para a eleição de 2020. Não só em Teresina, mas em todos os municípios. O partido quer dobrar o número de prefeitos. No caso de Teresina, trabalhamos pelo consenso. É importante nos unirmos em torno de um nome. O partido deve ir unido, com força para eleger pela primeira vez o prefeito de Teresina. O PT terá sim um nome competitivo e com chances reais de vencer”, destacou. 

Lídia Brito
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