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Brasileiros na Austrália tiveram que sair às pressas de casa e sofrem com fumaça

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A estudante de música Tainá de Oliveira Mourão, 24, que mora em Sydney, também teve a vida afetada pelos incêndios. A fumaça que chegou à cidade provocou uma reação alérgica que a levou ao consultório médico. "Começaram a surgir hematomas roxos na minha perna que cresceram e deixaram a minha perna inteira cheia de manchas. A médica que me examinou disse que tive uma reação alérgica forte por ingestão de fumaça e que não havia muito que pudesse ser feito além de beber muita água e usar máscara no rosto, caso precisasse sair de casa", diz. 


Pedro Henrique Silva Pelicioni, doutorando de saúde pública na Universidade de Nova Gales do Sul, tem asma e precisou voltar a usar bombinhas.
"Eu costumava correr ao ar livre, mas agora tenho que ir à academia. Sinto que minha condição cardiorrespiratória está muito prejudicada, me canso mais rápido", diz. Pelicioni esteve de férias no Brasil em dezembro e conta que ao voltar para a Austrália encontrou o país em situação pior. "O céu estava alaranjado, e logo que cheguei senti dificuldade para respirar", diz. 

Sydney não foi afetada diretamente pelo fogo, mas viu o dia a dia da cidade mudar com a chegada da fumaça de focos de incêndio no seu entorno. Muitos cidadãos foram dispensados de comparecer às universidades caso não tivessem compromissos inadiáveis, e as empresas instruíram funcionários a trabalhar de casa. 
Ajuda brasileira contra incêndios Diante da situação, brasileiros que vivem na cidade reuniram voluntários e estão viajando para regiões afetadas próximas para ajudar nos reparos e na reconstrução de casas e fazendas afetadas. 
O carpinteiro Fabrício Festugato, 45, tem amigos em Old Bar, cidade a 315 km ao norte de Sydney. No início dos incêndios, ajudou os conhecidos a colocarem a vida de volta nos trilhos, mas, comovido com o alastramento dos incêndios e das perdas, criou o grupo BBA (Brazilian Bushfire Aid –Ajuda Brasileira contra Incêndios, em português). 

Hoje, cerca de 200 pessoas divididas em grupos atuam em pelo menos três regiões do país. Fabrício dirige sua caminhonete por horas nos finais de semana para ajudar os mais atingidos. 
"O governo disponibiliza material para a reconstrução de cercas e instalações emergenciais e nós usamos nossas próprias ferramentas. Temos também o apoio do Blaze Aid, uma ONG que há anos socorre a população australiana em catástrofes. Eles constroem acampamentos para os atingidos e, quando não há mais risco de incêndios, nos juntamos a eles para reconstruir", diz. 

Lucas Oliveira, 27, estudante de gestão, também faz parte do grupo. "Quando todos se deram conta do caos e dos estragos, com morte de milhares de animais, pessoas perdendo suas casas e até a vida, começou uma mobilização. Diversos moradores de bairros que não estavam sendo afetados começaram a arrecadar doações e dinheiro para ajudar as populações afetadas", afirma. 
Também estão em ação na Austrália os salva-vidas, como a brasileira Michelle Medeiros, que está em Cronulla, em Sydney, para ajudar a Cruz Vermelha a organizar doações e realizar salvamentos nas praias. Medeiros conta que alguns colegas que têm licenças para pilotar botes foram remanejados para ajudar no sul do país. 

Até o momento, pelo menos 24 pessoas morreram e 2.000 casas foram destruídas. Quase cem mil pessoas tiveram que abandonar suas casas em cinco regiões de Melbourne no último dia 30 de dezembro. A cidade, a segunda mais populosa do país, teve estado de emergência decretado. Na cidade de Mallacoota, a mais de 500 km de distância de Melbourne, cerca de 4.000 pessoas também tiveram que deixar suas casas. 

 

Fonte: Folhapress

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