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Propagação do coronavírus traz série de incertezas para a F-1

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Depois de provocar o adiamento do Grande Prêmio da China, o novo coronavírus continua preocupando a Fórmula 1. Nesta semana, o aumento do número de casos no Japão e na Itália, países que são base de equipes e fornecedores, assim como a chegada da doença ao Bahrein, palco da segunda etapa da temporada, tiveram impacto direto na categoria.

Mesmo antes disso, o coronavírus já trazia preocupações em relação à terceira etapa do campeonato, que será realizada no Vietnã. O país vizinho da China vem combatendo a crise de forma exemplar, com todos os seus 16 casos divulgados até agora sendo considerados curados pelo governo, que inclusive reabriu a fronteira terrestre com a China no início da semana.

Ainda assim, 10 mil pessoas foram colocadas em quarentena a 40 km ao norte de Hanói, palco da prova, e outros eventos esportivos, como o International Challenge de Badminton e a Maratona de Hanói foram adiados. Além disso, algumas empresas de comunicação -como as TVs Sky da Itália e RTL, da Alemanha- já decidiram não enviar seus profissionais para a corrida de F-1.

Os promotores da prova, por sua vez, divulgaram nesta semana que a pista estava totalmente pronta e garantem que o evento será realizado, ainda que a situação esteja sendo monitorada.

Mesmo com a corrida confirmada para estrear no calendário dia 5 de abril, os problemas não param por aí: o aumento dos casos fora da China fez o governo do Vietnã cogitar impedir que cidadãos de certos países entrem em seu território. 

Dois deles são Itália, que em poucos dias já passou de 400 casos, e Japão, que ordenou o fechamento de suas escolas desde segunda-feira (24) depois que o número de casos pulou de 16 para 186 em uma questão de dias.

O fechamento do país a estas nacionalidades foi proposto pelo primeiro-ministro vietnamita, Nguy?n Xuân Phúc, mas ainda não foi oficializado. Isso traria grandes problemas para a F-1, uma vez que afetaria profissionais da japonesa Honda e das italianas Ferrari, AlphaTauri e Pirelli, que fornece pneus para a categoria.

Do lado da Honda, já existe um plano para evitar que os profissionais que estão trabalhando nos testes coletivos em Barcelona, Espanha, permaneçam na Europa, para evitar passarem pelo Japão e, eventualmente, serem barrados em outros países.

Já a Ferrari fechou seu museu, em Maranello, que fica a 140 km de Codogno, onde foram registradas a maioria dos casos na Itália. O time também restringiu viagens que não sejam estritamente necessárias e limitou acesso a sua fábrica.

Como a Austrália, que recebe a primeira etapa, dia 15 de março, também está acompanhando de perto o desenvolvimento do coronavírus e vem adotando a política de negar a entrada de pessoas que tenham estado em lugares nos quais a doença vem se alastrando, também existe na F-1 o temor de que alguns profissionais não consigam entrar no país.

Do lado dos promotores do GP, há um constante monitoramento. "É uma questão muito maior do que nós ou a categoria", disse o diretor-executivo da prova, Andrew Westacott. "Estamos sendo orientados pelos órgãos médicos oficiais da Austrália e pelo governo."

Algo semelhante em relação a restrições do movimento de pessoas está acontecendo no Bahrein, onde o número de casos também aumentou muito nesta semana. No país que recebe a F-1 no final de março, as conexões de voos vindos de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a mais usada entre as equipes e profissionais da categoria, estão suspensas, inicialmente, por quatro dias.

Mesmo com todos os problemas, o CEO da F-1, Chase Carey, disse categoricamente que "estamos indo para Melbourne, indo para o Bahrein, e para Hanói". A posição dos líderes da categoria é que cabe aos promotores, e não à F1 em si, optar pelo adiamento ou cancelamento das provas. Isso ocorre por questões contratuais.

Com tantos problemas relacionados ao coronavírus, a F-1 está deixando de lado, pelo menos por enquanto, a remarcação do GP da China. A primeira proposta, de realizar a prova em novembro, entre os GPs do Brasil e de Abu Dhabi, foi rechaçada pelas equipes, mas a categoria continua tentando encontrar uma solução, uma vez que trata-se de um mercado comercialmente importante.

As discussões sobre uma possível nova data para o GP chinês, que aconteceria dia 19 de abril, serão retomadas depois que as demais questões mais urgentes forem resolvidas. Encontrar outra data para a prova é complicado, uma vez que a F-1 se prepara para seu maior campeonato da história, com 22 provas.

JULIANNE CERASOLI
LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) 

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