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Famílias enterram mortos com as próprias mãos no Paraná

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Os moradores de Barbosa Ferraz (PR) são obrigados, desde dezembro de 2008, a sepultar com as próprias mãos os parentes no cemitério do distrito de Ourilândia, que fica a cerca de 14 quilômetros do centro da cidade. O único acesso ao local é feito por uma estrada de terra, que está cheia de lama por conta das chuvas de fim de ano.
 
O distrito tem cerca de 800 habitantes, sendo que o perfil deles é de sexagenários, segundo informações de Deolindo Tibola, do departamento de fiscalização da prefeitura. Ele é responsável pela sindicância que vai apurar o motivo da falta de coveiro no cemitério.
 
 
Segundo ele, três sepultamentos foram realizados no fim do ano passado, sem a presença do coveiro. "Que eu saiba, ele estava de férias, mas vamos apurar se ele foi demitido ou não", disse Tibola. Ele não soube informar o nome do único funcionário da prefeitura que tabalhava no distrito de Ourilândia, responsável pelo cemitério e por outros compromissos administrativos do município.
 
Tibola informou que o distrito onde está o cemitério sem coveiro tem apenas um orelhão para comunicação. "Lá não tem nada. Aquele cemitério mais parece de campanha. A tendência é fechá-lo para novos sepultamentos."
 
DIA DE NATAL
"No dia 24 de dezembro, os moradores da região, como têm pouca instrução, acharam que poderiam enterrar o parente apenas com a certidão de óbito", disse Tibola. Dona Tereza Tomin de Carvalho, esposa de Ernesto de Carvalho, 80 anos, foi a última pessoa enterrada pelas mãos dos familiares em Orilândia.
 
O estudante Alessandro Lino Soares, de 18 anos, e a dona-de-casa Maria Rocha Lino, 50 anos, tiveram de ajudar no enterro do pai, em dezembro do ano passado. Bernardete Garcia, que trabalha no departamento de Recursos Humanos, disse que o cemitério não tem coveiro. "A prefeitura não teve como contratar outra pessoa para substituir o antigo coveiro."
 
BANALIDADE
Joanilson Manoel Cassemiro, diretor administrativo da Prefeitura de Barbosa Ferraz, disse que o sepultamento feito pelos próprios familiares é normal. "Isso é coisa banal. O cemitério só existe porque tem pessoas enterradas e também por pessoas que querem ser enterradas lá. Isso não é nada alarmante."

Cassemiro disse ainda que os familiares deveriam ir à sede de Barbosa Ferraz para pedir o sepultamento. "Eles nem vieram nos avisar que tinha morrido uma pessoa lá. Vamos tomar as providências para que isso não ocorra mais. Vamos ouvir todas as pessoas."


Fonte: G1

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