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Harvey Weinstein pega 23 anos de prisão em caso mais emblemático do MeToo

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O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein, 67, foi condenado, nesta quarta-feira (11), a 23 anos de prisão por abuso sexual e estupro, seguidos de cinco anos de supervisão fora das grades.

O julgamento aconteceu na cidade de Nova York.

Weinstein chegou à audiência de cadeira de rodas e algemado. Sete mulheres que testemunharam contra ele também estavam presentes.

Contrariando o que era esperado, o ex-produtor se manifestou na Corte e afirmou, em referência às mulheres que o acusam, que teve "momentos maravilhosos com essas pessoas". "Há tanta gente, milhares de pessoas, que diriam coisas ótimas sobre mim", acrescentou.

Um dos nomes mais influentes de Hollywood nas últimas décadas, ele enfrentava cinco acusações relacionadas a crimes sexuais. Um júri formado por sete homens e cinco mulheres decidiu, no dia 24 de fevereiro, condená-lo por duas delas -e o inocentou da mais grave, a de comportamento sexual predatório, que podia levá-lo à prisão perpétua.

Nesta terça (10), em um último esforço para aliviar a pena de seu cliente, os advogados de Weinstein enviaram uma carta ao juiz James Burke, da Suprema Corte, pedindo que o magistrado o condenasse a apenas cinco anos de prisão.

O apelo, em parte, deu certo -o ex-produtor se livrou da pena máxima de 29 anos que enfrentava. Mas não conseguiu ser autorizado a cumprir suas penas simultaneamente.

Agora, ele deve ser enviado a um centro de detenção provisório, onde passará por exames médicos e odontológicos, terá seu cabelo e barba raspados e receberá orientações sobre a nova vida -incluindo um vídeo e um panfleto sobre prevenção de abuso sexual na cadeia.

Em seguida, ele será transferido para a instalação onde cumprirá a pena. De acordo com o jornal The New York Times, a penitenciará escolhida fica no norte do estado de Nova York.

Nesta terça, ainda vieram à tona documentos do processo que atestam que Weinstein disse que Jennifer Aniston "deveria ser morta", depois de descobrir que uma revista planejava publicar que ele havia assediado a atriz.

Os papéis ainda mostram que ele mantinha uma lista de pessoas que poderiam falar com jornalistas sobre seu comportamento -como o ator Ben Affleck- e que abordou poderosos do mundo corporativo em busca de ajuda -como Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix, Jeff Bezos, dono da Amazon, e Tim Cook, presidente-executivo da Apple.

As denúncias contra o ex-produtor serviram de gatilho para o movimento MeToo, que incentivou dezenas de mulheres a irem a público falar sobre casos de assédio sexual que sofreram.

Dois desses casos tiveram como consequência a sentença que Weinstein enfrentou nesta quarta -o de Jessica Mann, que o acusou de estuprá-la num hotel em 2013, e o de Miriam Haley, que o denunciou por ter praticado sexo oral nela à força em 2006.

"Ainda há muito a ser dito sobre abuso e manipulação. Não me perguntaram sobre as consequências e a destruição que ele [Weinstein] causou na minha vida", disse Mann, antes da leitura da sentença, de acordo com a jornalista Juliet Papa, do programa de rádio nova-iorquino "1010 Wins".

Haley também se manifestou. "Ele me atacou com força física, sem levar em conta qualquer coisa que eu dizia, meus protestos, minha resistência física. Me assustou profundamente, mentalmente, emocionalmente, talvez para sempre."

A defesa de Weinstein tentou desacreditar as acusadoras, dizendo que elas transaram com o produtor para progredir em suas carreiras.

Os advogados do produtor tentaram mostrar que as vítimas tiveram contatos amigáveis e fizeram sexo de forma consensual com ele depois dos crimes. O júri discutiu o caso por cinco dias e concluiu pela condenação.


Outras alegações contra o magnata de Hollywood já prescreveram, não se enquadram na jurisdição de Nova York ou envolvem comportamento abusivo, mas não criminal. Weinstein ainda enfrenta acusações semelhantes em Los Angeles.

Fonte: Folhapress

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