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Corretoras ficam instáveis por excesso de acessos com volatilidade do mercado

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Foto: @b3_oficial

As incertezas acerca do coronavírus e a consequente aversão ao risco elevaram as transações de compra e venda na Bolsa de Valores brasileira na última semana.

Com o volume de negociações, corretoras foram sobrecarregadas pelo excesso de acessos voltados ao mercado acionário e surgiram relatos de instabilidade nos home brokers das casas de investimento.

O problema, segundo especialistas, pode estar atrelado à concorrência entre corretoras, situação que tem provocado preços mais baixos e serviços que podem não ter acompanhado a alta no número de clientes.

Segundo uma fonte do mercado que preferiu não se identificar, a partir do momento em que a proposta de valor está baseada somente em preço, é preciso reduzir os níveis de serviços e de investimento para que uma margem de lucro seja possível.

Isso também implica reduzir o capital para o funcionamento da plataforma –o que explicaria parte das instabilidades em dias de grandes volumes movimentados.Mesmo com a forte recuperação na sexta (13), a semana passada foi, para a Bolsa brasileira, a pior registrada desde a crise financeira de 2008. A desvalorização do Ibovespa chegou a 15,63% no período.

Dados da Economatica apontam que as 285 empresas listadas perderam R$ 593 bilhões no período.

Segundo o diretor de tecnologia da Toro Investimentos, Márcio Placedino, especialistas sabiam que a Bolsa teria momentos turbulentos depois da Quarta-Feira de Cinzas, o primeiro dia do impacto do coronavírus no mercado brasileiro, após a confirmação do primeiro paciente da doença no país.

Mas pouco poderia ser feito pelas plataformas em termos de preparação.

"Esse é o tipo de evento que não dá para planejar com antecedência. Ainda que todo o mundo já soubesse que o mercado seria turbulento, é difícil preparar uma plataforma em cima da hora", afirma.

Muitas corretoras reportaram instabilidades desde aquele dia. A Guide Investimentos e o BTG Pactual Digital, por exemplo, afirmaram que breves momentos de instabilidade foram registrados nas suas respectivas plataformas por conta do volume de movimentações.

Em nota, a Guide afirmou ter especialistas em tecnologia e segurança e ferramentas para solucionar qualquer problema. "Trabalhamos continuamente para aprimorar nossos serviços", disse.

O BTG afirmou que elevou sua capacidade de processamento para que a plataforma siga operando normalmente. "Nossos assessores também estão à disposição para ajudar em qualquer urgência".

A XP afirmou que os clientes que enfrentaram qualquer tipo de lentidão tiveram à disposição outros canais de acesso, como telefones da mesa de operações, mobile e o site.

"Em razão da alta volatilidade nos mercados, houve um aumento significativo no volume de acessos, chegando a ser cinco vezes maior do que a média diária", afirmou.

Segundo o responsável pela área de conteúdo digital da XP Investimentos, Karel Luketic, o mais importante, na visão da corretora, é conteúdo.

"Fizemos um plano de comunicação desde o Carnaval, trazendo lives, pushs e mensagens para munir nosso cliente de conteúdo e ter certeza que ele esteja acompanhando o que está acontecendo", afirmou.

Na sexta, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgou circular alertando as corretoras sobre a adoção de planos de contingência devido a possíveis estresses operacionais derivados dos impactos econômicos pela disseminação do coronavírus.

Segundo o órgão, além da sobrecarga na estrutura de tecnologia da informação, outras situações como a realização de operações por telefone ou aumento no número de funcionários trabalhando remotamente também podem acontecer.

"Esses participantes devem estar preparados para esses eventos de risco, elaborando um plano de contingência que contemple as alternativas, e continuar prestando seus serviços adequadamente", disse a CVM em nota.

Segundo Placedino, da Toro Investimentos, é preciso uma preparação por parte das corretoras para garantir que as salvaguardas impostas pelo regulador funcionem.

"O investimento em melhorias é um processo que nunca acaba. Todo mundo teve exposição desproporcional. Além disso, a regulação tem evoluído bem, mas é provável que o regulador comece a olhar isso com mais atenção para que não haja clientes quebrando e ficando insolventes", afirmou.

Fonte: Folhapress

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