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Depois de 'seca' de brasileiros, F1 agora pode ficar sem alemães no grid

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Desde 2018, o Brasil não tem representantes no grid da Fórmula 1. Isso pode mudar no ano que vem, ao mesmo tempo em que outro país que está entre os mais vencedores da história da categoria pode ficar sem piloto para torcer: a Alemanha. 

Os germânicos chegaram a ter sete representantes há dez anos, mas hoje contam apenas com Sebastian Vettel no grid. E o tetracampeão no momento não tem contrato para permanecer na F1 em 2021.

Além da permanência de Vettel, o que pode evitar que a Alemanha fique temporariamente sem pilotos no grid seria uma promoção de Mick Schumacher, filho de Michael, da F2 para a F1. 

Com o sobrenome famoso, ele é um caso à parte, fazendo parte do programa de jovens da Ferrari, mas vem de uma temporada irregular ano passado. A médio prazo, contudo, o cenário não é animador para os alemães.

Há quase 30 anos o hino alemão tem sido uma constante nas premiações do pódio na F1, primeiro com as vitórias de Michael Schumacher, depois de Vettel, seguidas nos últimos seis anos pelo domínio da equipe Mercedes. 

Porém, ainda que a Alemanha tenha uma longa história no automobilismo, que remonta ao período pré-segunda guerra mundial, e as flechas de prata da Mercedes tenham dominado campeonatos nos anos 1950, demorou para pilotos do país começarem a ter sucesso na F1. Wolfgang von Trips estava conquistando os corações dos tifosi da Ferrari e era candidato ao título de 61 quando morreu justamente no GP da Itália.

Nas décadas seguintes, os alemães tiveram algumas promessas, como Hans Joachim Stuck e Stefan Bellof, mas tiveram que esperar até o surgimento de Michael Schumacher para, finalmente, terem um campeão. 

Com Schumi, o país se tornou uma das maiores potências da F1 em termos de números: hoje a Alemanha é o segundo em número de títulos (12) e de vitórias (179), ultrapassando justamente o Brasil, que tem oito títulos (todos eles conquistados na era pré-Schumacher) e 101 vitórias.

O heptacampeão fazia parte de um programa da Mercedes que financiava a carreira de jovens pilotos e, com ele, Heinz-Harald Frentzen e o irmão de Schumacher, Ralf, também chegaram à F-1 nos anos 90. Foi o mesmo caminho de Nick Heidfeld, que chegou à F1 em 2000.

Mas a Schumachermania já tinha plantado as primeiras sementes e inspirado toda uma geração de pilotos nascidos no final dos ano 1980 a tentarem a carreira no kart.

Com uma boa estrutura local de automobilismo, especialmente com outra montadora, a BMW, apostando na base, os frutos começaram a ser colhidos no meio da primeira década dos anos 2000. Foi nesta época, também, que a própria BMW entrou como construtora na F1, assumindo o controle da Sauber.

Com Mercedes e BWM investindo na formação de pilotos e Schumacher inspirando jovens talentos, a Alemanha viveu seu boom de pilotos entre o final da década de 2000 e o começo de 2010.

No GP em que Vettel conquistou seu primeiro título, na prova de Abu Dhabi de 2010, os alemães eram sete dos 24 pilotos que alinharam: além dele, Schumacher, Heidfeld, Glock, Sutil, Rosberg e Hulkenberg.

O país seguiu com seis representantes até a metade de 2011, e passou boa parte da década com quatro pilotos no grid, após a aposentadoria de Schumacher. Vettel conquistou quatro títulos entre 2010 e 2013 e Rosberg foi campeão em 2016, mas nenhum dos dois se tornou um ídolo tão grande como Michael na Alemanha.

Ao mesmo tempo, a crise de 2008 atingiu em cheio as montadoras do mundo todo e acabou causando a saída da BMW da F1 (a empresa deixaria de organizar campeonatos da Fórmula BMW, de base, em 2013). 

A Mercedes decidiu até aumentar seu investimento, comprando sua própria equipe, e segue apostando na carreira de jovens pilotos, mas não tem uma estratégia baseada em nacionalidade: no grid da F1, a montadora tem relação com dois pilotos, o francês Esteban Ocon e o inglês George Russell.

Sem um grande ídolo e com menos investimento em automobilismo dentro do país, a Alemanha vem trilhando um caminho parecido com o que aconteceu com o Brasil.

Os alemães ainda têm garantida a presença de Vettel no campeonato de 2020, que deve começar dia 5 de julho com o GP da Áustria, mas o tetracampeão ainda não divulgou qual será seu futuro e deixou em aberto o caminho para uma aposentadoria precoce, a não ser que consiga assinar com uma equipe competitiva. 

Sem lugar na Red Bull e com Ferrari e McLaren fechadas para 2021, a opção seria uma surpreendente transferência para a Mercedes.

JULIANNE CERASOLI
FOLHAPRESS 

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Tags: F1pilotos