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A economia brasileira chegou a um estado de emergência?

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Não há dúvida de que o coronavírus teve um pesado impacto humano, mas pode dizer-se que o impacto socio-económico da pandemia pode ser mais prejudicial ao longo do tempo.

 

Os mercados emergentes endividados sofreram por causa da Covid-19, tendo as taxas de câmbio destas regiões sido atingidas pela subsequente venda global do mercado.

 

É claro que esta tendência não tem sido ajudada pelo aumento em simultâneo do valor do Dólar americano, que é muitas vezes visto como um ativo de refúgio graças ao seu estatuto de moeda de reserva mundial e denominação primária para negócios lucrativos.

 

O real brasileiro tem sido particularmente atingido, fechando na semana passada uma queda de 32% face ao dólar nos últimos três meses. Mas estará a economia brasileira em queda livre, e poderá recuperar no futuro?

 

A Resposta ao Covid-19 - Um fardo económico fundamental

 

O Brasil foi certamente um dos países  mais afetados pelo coronavírus, com mais de 1,6 milhões de casos e mais de 65.500 mortes  registadas até 7 de julho.

 

Ainda mais ironicamente, o Presidente populista Jair Bolsonaro está agora a ser testado depois de ter mostrado sintomas de Covid-19, após meses de críticas à forma como lidou com a crise e à sua negação total da força da pandemia.

 

Não se enganem. O governo de Bolsonaro tem sido completamente minado pelo seu compromisso de negar a gravidade da pandemia, enquanto as ações do presidente (como reunir e apertar a mão ao público no início do vírus) têm indiscutivelmente acelerado a rápida propagação do vírus em todo o país.

 

Isto levou à falta de uma estratégia fundamental para lidar com o Covid-19 e minimizar a sua propagação, fazendo do Brasil a segunda nação mais atingida do mundo (depois dos EUA).

 

Como podem imaginar, as favelas do Brasil continuam a suportar o peso da crise, com a inação do governo agravada pela desigualdade e pela falta de acessibilidade aos cuidados de saúde nessas regiões.

 

Avaliação do impacto na economia e nas perspetivas de curto prazo

 

Como podem imaginar, estas falhas tiveram impacto em tudo, desde os gastos dos consumidores até ao valor, acima referido, do real brasileiro, ao mesmo tempo que agravaram os fundamentos fracos que já sustentavam a economia em dificuldade do país.

 

Apesar de ser o segundo maior mercado emergente do mundo depois da China, o Brasil não tem um recorde de crescimento económico sustentável, tendo Bolsonaro sido eleito em janeiro de 2019 com base num manifesto de impulsionar a reforma económica e acabar com anos de má gestão financeira.

 

As reformas incluem uma série de medidas propostas, como uma reforma fiscal significativa que permitirá às empresas otimizar a sua rentabilidade e impulsionar o crescimento do emprego em todo o país (ao mesmo tempo que aumenta as taxas sobre os dividendos).

 

No entanto, o Covid-19 descarrilou estes planos, prevendo-se que o PIB brasileiro desça até 9% este ano (com base na premissa de um segundo pico que ocorre mais tarde em 2020) antes de recuperar uns modestos 2% em 2021.

 

Neste cenário, o orçamento do país subiria para uns impressionantes 15% do PIB até ao final de 2020, enquanto o rácio dívida acumulada/PIB ultrapassaria drasticamente os 100% uma vez que 2021 se aproximasse do fim.

 

Mas há espaço para otimismo? A resposta curta é sim, já que apesar do declínio contínuo do real brasileiro contra o USD,esta moeda já começou a recuperar contra um cesto de ativos alternativos.

 

Curiosamente, prevê-se que esta tendência se mantenha a curto prazo, apesar de se prever que moedas semelhantes da América Latina, como o peso mexicano, iniciem uma tendência descendente durante o mesmo período.

 

Não só isso, mas o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto,  afirmou publicamente que a economia parece estar a recuperar a um ritmo mais rápido do que o esperado, com esta análise baseada em dados positivos sobre o rendimento, o tráfego e o consumo de energia.

 

Estes números apoiam a noção de que o pior da pandemia pode estar agora para trás, embora haja um longo caminho a percorrer até que o Brasil possa emergir dos ventos de depressão e declínio económico.

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