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Bolsa fecha em alta de 2,32%, acumulando ganho de 2,86% na semana

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Mesmo na beira do fim de semana, quando se evita tomar posição e a cautela costuma prevalecer, o Ibovespa mostrou autonomia para buscar os 103 mil pontos durante a sessão, em dia misto em Nova York. Nesta sexta-feira, 17, o índice fechou não muito distante da máxima, em alta de 2,32%, aos 102.888,25 pontos, acumulando ganho de 2,86% na semana e de 8,24% no mês, praticamente igualando até aqui, neste início de segunda quinzena de julho, os avanços observados ao longo de junho (8,76%) e maio (8,57%). Na semana, o desempenho do Ibovespa superou o de Dow Jones (2,29%), S&P 500 (1,25%) e Nasdaq (-1,08%), mesmo com o início relativamente favorável da temporada de balanços americanos do segundo trimestre, mitigado pela resiliência do coronavírus nos EUA.

Hoje, o índice de referência da B3 foi a 103.016,60 pontos, o maior nível intradia desde 5 de março (107.216,56), saindo de mínima a 100.554,09 pontos na abertura. Nesta sexta-feira, alcançou também o maior nível de fechamento desde 4 de março, então a 107.224,22 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 29,6 bilhões, bem mais alto do que o de ontem quando o Ibovespa havia fechado em baixa de 1,22%. Assim, o índice vai sustentando pelo quarto mês consecutivo recuperação desde o mergulho de 29,90% acumulado em março, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no dia 11 daquele mês, a pandemia do novo coronavírus - que já vinha causando estragos nos mercados globais ao menos desde o carnaval.

Alguma animação em torno da retomada da reforma tributária no Congresso, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometendo ontem à noite entregar proposta da equipe econômica na próxima terça-feira, contribuiu para que o mercado brasileiro se destacasse do exterior na sessão, onde os dados sobre a confiança do consumidor americano, da Universidade de Michigan, deixaram Nova York sem direção única. No índice brasileiro, os ganhos se distribuíram por diversos segmentos, entre os quais o de bancos, ainda retardatário no ano em relação ao Ibovespa. Guedes também fez comentários favoráveis a privatizações, o que impulsionou estatais como a Eletrobras.

Para Márcio Gomes, analista da Necton, com a progressão acumulada desde abril pelo Ibovespa, a tendência é de que ações mais atrasadas e que ofereçam perspectiva relativamente favorável ganhem atenção, na medida em que seletividade será cada vez mais importante para as compras. "Hoje os bancos, com grande peso no índice, contribuíram para puxar o Ibovespa, em um dia que se mostrava misto ou moderadamente negativo no exterior, em razão dos dados sobre a confiança do consumidor nos EUA", diz "Com o Ibovespa se sustentando a 102 mil, a tendência é de que passe a buscar os 105 mil pontos", acrescenta Gomes, referindo-se ao fluxo disponível para a Bolsa, em cenário de juros muito reduzidos no Brasil e no exterior.

Contudo, analistas e gestores têm chamado atenção para o descolamento entre o preço dos ativos, em um contexto de farta liquidez global, e os fundamentos, ante uma recuperação econômica incerta e ainda sujeita a reveses. Desde o exterior, o otimismo do mercado tem se concentrado nos sinais animadores quanto ao desenvolvimento de vacinas e nos resultados da retomada de atividade, mais concentrados na China.

Por outro lado, os dados sobre a pandemia nos EUA mostram grau acentuado de novos casos de covid-19, em patamar recorde diário agora na casa de 77 mil, segundo a Universidade Johns Hopkins. Nesta sexta-feira, o avanço da doença na maior economia do mundo contribuiu para alimentar dúvidas sobre o consumo de petróleo, colocando o Brent e o WTI em terreno levemente negativo no fechamento da semana - Petrobras virou no fim, encerrando praticamente estável a sessão, em alta de 0,09% na PN e de 0,08% na ON, avançando respectivamente 1,02% e 2,83% no período. No Brasil, a doença mostra estabilização em nível alto no Estado de São Paulo, e interiorização para as regiões Sul e Centro-Oeste, também importantes para a economia brasileira.

Na ponta do Ibovespa nesta última sessão da semana, destaque para Eletrobras ON e PNB, em alta respectivamente de 14,35% e 11,84%, seguidas por Cielo (+9,13%). No lado oposto, três empresas diretamente afetadas pelo avanço do dólar na sessão, em alta de 1,02%, a R$ 5,3805 no fechamento: CVC (-1,80%) , Azul (-1,13%) e Gol (-1,09%). Entre as blue chips, Vale ON ganhou 1,53% na sessão, avançando 7,14% na semana e 9,16% no mês. Entre os bancos, Banco do Brasil subiu hoje 3,08% e Bradesco ON, 1,91%, acumulando ganho de 10,30% e 9,74% em julho, mas ainda cedendo respectivamente 32,06% e 32,43% no ano, enquanto o Ibovespa perde 11,03% em 2020.

Por Luís Eduardo Leal e Iander Porcella
Estadão Conteúdo

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