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Ex-pesquisadora do Butantan crê que vacina contra a Covid não sai em janeiro

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A doutora em Saúde Pública, Rute Andrade, que mora em São Raimundo Nonato-PI e por mais de 20 anos trabalhou como pesquisadora no Instituto Butantan, em São Paulo, acredita que ainda vai demorar ficar pronta a vacina contra a Covid-19. Em entrevista ao Notícia da Manhã, ela disse que as medidas adotadas no Brasil de prevenção ao coronavírus foram equivocadas e também criticou a criação dos hospitais de campanha. 

"Eu tenho certeza que não vamos ter a vacina em janeiro  [...] o  tempo da fase clínica (avaliação e efeitos colaterais) precisa de tempo ainda maior", disse a doutora sobre a vacina Coronavac que está em fase de teste em voluntários em São Paulo e será produzida pelo Instituto Butantan. Ontem (20), o ministro da Saúde  Eduardo Pazuello confirmou a compra das vacinas em reunião com governadores. Já nesta quarta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro comunicou em uma rede social que o governo não comprará a vacina coronavac.

Questionada sobre o andamento de outras vacinas contra a doença, a doutora também acredita que é necessário mais tempo. 

" A gente está acelerando muito esse processo. Por conta da situação da pandemia, alguns ajustes foram feitos na questão do tempo de avaliação da eficácia, do antígeno, do que será usado como vacina. A gente tem inúmeras vacinas, cada uma pensando uma forma de proteção, desde essa que é a mais simples e a mais tradicional forma, que é a inativação o vírus até DNA e RNA recombinantes. Tem uma série de possibilidades", disse Andrade.

Para a pesquisadora, o Brasil demorou a adotar medidas de contenção ao vírus e começou de forma equivocada.

"No começo houve restrição total, o Brasil já começou atrasado. Ao invés de investir na capacitação e ampliação dos leitos houve a tendência de fazer hospitais de campanha que estão sendo desativados e sabe-se como esse material está sendo aproveitado. Não houve uma eficaz ação dos governos de fazer com que a população se conscientizasse da eficácia da prevenção", critica a ex-pesquisadora do Butantan. 

Ela também avaliou sobre o relaxamento da adoção de medidas preventivas por parte da população e faz a seguinte comparação em relação à restrição de atividades. "Agora é como se a gente abrisse a porteira de uma boiada e vai ser muito difícil fazer as pessoas voltarem a ficar em casa". 


"Teve o momento em que começou a se pensar em abrir alguma coisa, os decretos foram feitos com obrigatoriedade de máscáras [...] mas não há fiscalização, não há um trabalho efetivo de chegar a um comércio. Uma pessoa chega sem máscara, o dono do comércio não fala nada com medo de perder o cliente, pois está todo mundo com a corda no pescoço, em termos de economia. O Brasil não cuidou de forma adequada, deveria ter tido uma política pública de acolher todos os problemas, inclusive, social e econômica. As pessoas autônomas, principalmente de comércio, não vão aderir de forma totoal porque é o ganha pão dele. Faltou política pública incisiva de acolher os problemas, tentar resolver e investir na conscientização da população", disse a pesquisadora Rute Andrade. 


Graciane Sousa
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