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Bolsonaro volta a falar em voto impresso no Brasil

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Foto: Marcos Correa/PR

Em mais um dia de indefinição sobre o resultado da eleição nos Estados Unidos, integrantes do governo Jair Bolsonaro demonstraram pessimismo sobre as chances de vitória de Donald Trump. Em conversas reservadas, interlocutores do Planalto, que até o dia anterior seguiam apostando numa reviravolta do presidente americano, passaram a adotar um discurso de que a relação entre Brasil e Estados Unidos não será prejudicada em um eventual governo do democrata Joe Biden.

Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro segue evitando se manifestar publicamente sobre a judicialização da disputa americana. Entretanto, sem citar explicitamente a eleição nos Estados Unidos, ele afirmou nesta quinta-feira, 5, que no próximo ano o governo vai trabalhar no Congresso para que o Brasil volte a ter o voto impresso, sem urnas eletrônicas.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que é preciso ver o que "acontece em outros países e buscar um sistema confiável" para a disputa de 2022, quando concorrerá à reeleição

A declaração de Bolsonaro é feita no momento em que o presidente Donald Trump, de quem é aliado incondicional, coloca em xeque a apuração da eleição americana - as projeções apontavam que o candidato democrata Joe Biden está mais próximo da Casa Branca.

"Nós temos, sim. Já está bastante avançado o estudo, a gente espera o ano que vem entrar, mergulhar na Câmara e no Senado, para que a gente possa realmente ter um sistema eleitoral confiável em 2022", disse Bolsonaro ontem.

Emenda à Constituição

Embora tenha vencido a eleição de 2018, o presidente fala que houve fraude na votação. Em viagem aos Estados Unidos, em março, ele chegou a afirmar que possuía provas de que tinha vencido a eleição no primeiro turno. Bolsonaro, no entanto, jamais apresentou qualquer tipo de comprovação.

O presidente citou que a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) tem pronta uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode ser aproveitada para mudar o sistema de urnas eletrônicas. O texto já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

"Tem uma Proposta de Emenda à Constituição da deputada Bia Kicis, que pode ser aproveitado isso aí, voltando o voto impresso, que a matéria que você tem de auditar o voto de verdade aqui. Nós devemos, sim, ver o que acontece em outros países e buscar um sistema que seja confiável por ocasião das eleições", afirmou o presidente.

Ações

Ontem, em uma mensagem no Twitter, marcada pela rede social como contendo informações incorretas e enganosas, Trump escreveu que todos os recentes Estados vencidos pelo democrata Joe Biden "serão legalmente contestados por fraude eleitoral".

A equipe do republicano apresentou diversas ações judiciais em Estados decisivos, como Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, mas os pedidos para barrar a apuração de votos, por exemplo, têm sido rejeitados pelas Cortes estaduais - os Estados Unidos não têm um tribunal eleitoral federal, como o Brasil.

Trump diz que há muitas provas, mas não ofereceu nenhuma evidência. Os resultados nesses Estados serão determinantes para o próximo ocupante da Casa Branca chegar a 270 votos no colégio eleitoral e ser eleito o 46.º presidente americano.

Pressão

Apesar da torcida por Trump seguir, interlocutores do Planalto já veem na vitória de Biden o aumento da pressão para a saída do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do titular das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Os dois atualmente são vistos como entraves até mesmo para uma relação pragmática com um governo democrata.

A política ambiental do governo Bolsonaro foi alvo de crítica de Joe Biden no primeiro debate, no final de setembro. Na ocasião, o democrata prometeu se juntar a outros países e oferecer US$ 20 bilhões para ajudar na preservação da Amazônia. "Parem de destruir a floresta e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas", afirmou, indicando possíveis retaliações ao governo brasileiro.

Bolsonaro respondeu, dizendo que a observação era "lamentável" e "desastrosa". Na quarta-feira passada, dia 28, ele voltou a criticar Biden. "O candidato democrata, em duas oportunidades, falou sobre a Amazônia. É isso que vocês estão querendo para o Brasil? Aí, sim, uma interferência de fora pra dentro", declarou o presidente brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Por Jussara Soares
Estadão Conteúdo

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