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Após tomar portos, Chávez quer aumentar preço da gasolina

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou neste domingo que não descarta revisar --e aumentar-- o preço da gasolina no país. O anúncio foi feito neste domingo (15), mesmo dia em que o presidente ordenou que o Exército tomasse portos e aeroportos e ameaçou prender quem se opusesse à medida.

"Em dez anos jamais aumentamos o preço da gasolina; nem da gasolina, nem do diesel. Algum dia teremos que ajustar estes preços", disse Chávez, em seu programa de TV dominical "Alô Presidente".

"Praticamente estamos dando a gasolina de presente. O povo gasta muita gasolina nestes carros de luxo, não é justo que os ricos quase não paguem gasolina por aqui", completou Chávez --que sofreu um duro golpe com a queda do preço do petróleo nos últimos meses, o principal produto da economia venezuelana.

No discurso, ele indicou ainda que a eletricidade, água e outros serviços "são muito baratos". "Não é justo que estejamos especulando com roupas, alimentos ou qualquer coisa", disse.

O anúncio foi feito três dias depois que o Congresso aprovou a Lei de Descentralização, descrita como uma "lei da República". Na prática, ela permite ao governo central tomar várias medidas de descentralização, incluindo assumir estradas, portos e aeroportos se líderes estaduais não conseguirem fazer sua manutenção de maneira adequada. Chávez disse que a reforma deve ser respeitada.

Nos últimos meses o governo tomou várias medidas para diminuir o controle de líderes regionais sobre serviços como hospitais e forças policiais, sendo acusado de buscar o enfraquecimento de autoridades oposicionistas eleitas para ampliar seu poder.

Proibição da pesca

Chávez aprovou ainda uma verba de mais de 70 milhões de bolívares fortes (R$ 75 milhões) para a nova fase de seu projeto da Lei de Descentralização: o Plano Nacional de Eliminação da Pesca de Arraste, que consiste, entre outras medidas, a reconversão, expropriação de embarcações utilizadas para a atividade.

"Acabou a pesca destruidora na Venezuela, a pesca de arraste, que destruiu quilômetros de fundo marinho, com os barcos de arrastão", disse Chávez, em anúncio feito durante seu programa de rádio A pesca de arraste é realizada com redes em forma de saco que são puxadas a uma velocidade que permite que os peixes, crustáceos ou outro tipo de pescado sejam pegos.

O presidente venezuelano disse ainda que serão expropriados os barcos que não quiserem abandonar a prática, afirma o jornal venezuelano "El Universal". Segundo o ministro de Agricultura e Terras, Elias Jaua, citado pelo jornal, 30 barcos serão expropriados.

O ministro afirmou que a verba destinada ao programa será utilizada em forma de créditos de 500 mil bolívares fortes (R$ 535 mil) para cada embarcação tomada, além de projetos de agricultura, pesca artesanal e mecânica para absorver os pescadores que perderão o emprego.

Portos e aeroportos

Chávez determinou neste domingo que o Exército e a Marinha tomassem os portos e aeroportos do país, com o objetivo controlar as instalações que estão nas mãos de governos estaduais da oposição. Ele ameaçou de prisão os governadores que tentarem resistir à decisão.

De acordo com o jornal venezuelano "El Universal", Chávez citou o governador do Estado de Carabobo, Henrique Salas Feo, como um dos governantes oposicionistas sob risco de prisão, porque teria manifestado a intenção de impedir que os portos do Estado passassem para as mãos do governo central.

"Você terá que encontrar uma Marinha de guerra, governador, terá de encontrar um Exército. Não sei o que poderá fazer. Ele disse que vai defender Puerto Cabello, com a polícia de Carabobo. Bem, então vai para a prisão", disse Chávez, referindo-se a Feo.

Chávez argumentou que os portos de Carabobo, Zulia e Porlamar, todos sob controle de governadores da oposição, estavam nas mãos de "máfias e de traficantes de drogas", que dominam, segundo ele, as operações portuárias, o que, de acordo com presidente, "vai mudar com a nova lei."

Fortalecimento

Em 15 de fevereiro passado, Chávez obteve uma grande vitória política, com a aprovação em referendo da proposta que permitiu a reeleição ilimitada para alguns cargos públicos, entre eles o de presidente.

Nas eleições regionais de novembro passado, a oposição venezuelana conquistou o controle de seis Estados --o triplo do que havia conseguido na eleição anterior--, além da Prefeitura Metropolitana de Caracas. O partido chavista, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) perdeu nos três Estados com maior número de eleitores --Zulia (2.141.055), Miranda (1.781.361) e Carabobo (1.338.601)--, mas manteve o controle da maioria dos governos regionais.

Fonte: Folha

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