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Site chama cantora Stefhany de Beyoncé do Piauí

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A cantora Stefhany, aos 17 anos, se transforma na nova sensação da rede, com clipes vistos por centenas de milhares de internautas. Garota já gravou disco e faz dezenas de shows por mês. A dona do atual hit do YouTube, quem diria, mal usa um computador. Desde a explosão do vídeo Tapa na pantera (e lá se vão três anos), que lançou novas luzes para a carreira da veterana atriz Maria Alice Vergueiro, aficionados por bobagens (sempre divertidas, por vezes ridicularizando seus protagonistas) ficam esperando pela bola da vez. Ainda que existam os vídeos produzidos exclusivamente para a internet, são justamente aqueles que vão parar ali, sabe-se lá pela mão de quem, que costumam entrar na lista dos campeões de audiência. Na música, os mais trashes costumam conseguir maior audiência.

Que o diga a cantora piauiense Stefhany (sim, a grafia é essa mesma). Morena, 17 anos, aparelho nos dentes, não tem o menor pudor em cantar “Eu sou linda/ Absoluta/ Eu sou Stefhany”, “versos” de lavra própria em parceria com a mãe, Nety França, cantora de forró que, depois de ter a própria banda, agora faz backing vocal para a filha mais velha. De Inhuma, interior do Piauí, Stefhany nunca poderia prever que a versão para A thousand miles, da cantora norte-americana Vanessa Carlton, iria se espalhar de tal forma na internet – ela vem sendo chamada de “Beyoncé do Piauí”.

Para quem vive atrás de um monitor esperando por bobagens do gênero, Stefhany é um prato cheio. No tal vídeo da canção Eu sou Stefhany, tosco no máximo grau, ela aparece em shows (com direito a seguranças), dançando com roupas com gosto para lá de duvidoso e, ponto alto do clipe, dirigindo um CrossFox. Sem ganhar um tostão da Volkswagen, tornou-se garota-propaganda do compacto da marca alemã (isso porque a letra da canção continua com “No meu CrossFox/ Vou sair/ Vou dançar”).

“Os clipes foram feitos para divulgar o meu trabalho. Não foi a gente que colocou na internet. Eu agradeço quem fez isso. Eu ainda hoje nem sei mexer na internet, não tenho tempo e minha mãe também não deixa”, afirma Stefhany, de Osasco, interior de São Paulo. Se para quem acompanha fenômenos pop ela é vista somente como uma curiosidade passageira, no circuito de música popular ela é um nome em ascensão. Stefhany não precisou virar hit no YouTube (há 141 vídeos dela ou sobre ela no site, sendo que o mais visto, postado há somente dois meses, já teve 525 mil exibições) para ter uma agenda cheia de shows. Conta, inclusive, com covers (um bom termômetro para saber quem faz sucesso), que fazem paródias dos vídeos dela também no YouTube.

Tanto no Piauí quanto no interior de vários estados (depois de São Paulo, vai para novos shows na Bahia e Pernambuco), ela costuma reunir até 15 mil pessoas (mesma população de Inhuma, a cidade onde vive) numa apresentação. Sua equipe conta com 24 pessoas (incluindo dois seguranças pessoais). “Não ponho mais porque estou começando agora, a despesa é grande. Mas no local dos shows tem contratante que chama mais segurança. Tem lugar que vira tumulto, o pessoal vai pra cima mesmo, arranca fio de cabelo”, continua ela. Na banda, além da mãe, a irmã Jocely, de 16 anos, faz as vezes de dançarina. No interior paulista, Stefhany conta, chega a fazer três shows por dia.

Dor de corno

A carreira começou há dois anos. A mãe, piauiense, mudou-se para Osasco, onde foi cantora de uma banda de forró. O marido vendia carros. Um dia o pai pegou um carro, foi para a Bahia e nunca mais voltou. Nety França então reuniu as três filhas e rumou de volta para casa. “Como era a cantora, era tudo na banda e, como tinha que cuidar da gente, ficou mais difícil. Por isso optou por trabalhar na roça”, acrescenta. Quando a primogênita fez 13 anos, colocou-a numa banda. Há dois Stefhany virou a estrela. 

Além de Eu sou Stefhany, gravou (seu disco mais recente foi lançado há três meses) canções como Amor meu, Ciúme doentio e Madrugada. Tratam de temas como dor-de-cotovelo e dor-de-corno, universo muito mais adequado a seu ídolo maior, Amado Batista, do que a uma garota do interior de 17 anos. Porém, Stefhany não vê problema algum nisso. “As músicas que a gente compõe são  histórias reais, vêm do nosso dia-a-dia”, afirma. Mesmo que sua música mais conhecida tenha como base uma cantora internacional, ela não quer fazer versões. “Como a gente tem a fonte, não precisa pegar música de outros compositores.”

Se o conteúdo é adulto, a garota garante que o público, em sua maior parte, não é. “Tem criancinha que nem fala mãe direito e já chama pelo meu nome. Fico maravilhada, tanto que às vezes até choro.
É coisa de Deus.”Estudando durante as longas viagens de ônibus que faz Brasil afora (ela diz só fazer as provas do colégio), Stefhany acredita que com a repercussão toda ainda está longe do sucesso.“Eu faço show. Graças a Deus estão lotados, mas são apenas apresentações. Sucesso, para mim, é quando estiver no Faustão e no Gugu”, sonha.

Famosos e anônimos

Stefhany é apenas a ponta do iceberg. Na fábrica de fazer hits instantâneos que passa longe da chamada mídia convencional, figuras conhecidas ou não caem na boca do povo. Basta saber fazer (se fizer mal, melhor ainda). Atire a primeira pedra quem não se deleitou com o senador Eduardo Suplicy entoando os Racionais em pleno Senado Federal. Ou viu a ex-loira do Tchan Sheila Mello, em busca de um restinho de fama, tentando virar cantora e gravando a “música” Água (com letra proibitiva de ser reproduzida de tão ruim).

Mas o melhor é ver os rostos desconhecidos. Aos 13 anos, a evangélica Ana Carolina Dias viu sua vida virar do avesso quando um DJ mandou para o YouTube um vídeo em que ela, aos 7, pregava para uma multidão. Remixada, a pregação virou o Funk da menina pastora e teve mais de 1 milhão de acessos. No ano passado, a animadora de eventos Sharon chegou à TV graças a um vídeo da Dança do quadrado, gravado com um grupo de estudantes mineiros em férias em Porto Seguro. Por causa da internet e das facilidades de gravar em vídeo, existe hoje a Christney Spears, uma paulista de 22 anos que faz versões para lá de surreais de Britney. Também bebendo na fonte da loira problemática, foi criada a dupla Valmir e Josy, adolescentes (e celebridades virtuais) que fazem releituras dos clipes de Britney. Dá-lhe, nonsense.
 
Fonte: Uai

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