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Em sua 7ª Olimpíada, Scheidt se apoia na experiência em ciclo diferente

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Aos 48 anos, Robert Scheidt chega à sua sétima Olimpíada, para correr as regatas da classe Laser na baía de Enoshima, depois de dois anos de preparação em meio a uma pandemia. Essa experiência toda é um trunfo, ele admite, dizendo-se "mais tarimbado quanto a ansiedade, pressão".

Para o mais premiado atleta olímpico brasileiro -dono de cinco medalhas, sendo duas de ouro, duas de prata e uma de bronze-, "ter cabeça e tranquilidade" serão pontos determinantes para competir em uma Olimpíada tão diferente, em que se vive numa bolha, sem tanta liberdade.

Scheidt se diz muito feliz com mais este ciclo olímpico, "bem diferente", onde foi fundamental ter jogo de cintura, como destaca. "Depois da Rio-2016, parei dois anos, tentei a classe 49er, voltei para a Laser em 2019. A campanha, que duraria dois anos, virou três, e, para mim, esse tempo a mais foi importante para a preparação do físico, para encontrar a melhor velejada. Em 2021, estou mais preparado do que estaria em 2020."

Claro que a expectativa sempre é enorme, mas a experiência em vários Jogos Olímpicos permite mais controle, diz o velejador. "Fico ansioso, mas em um nível mais controlado. Mesmo porque preciso desse combustível. Deixa a gente mais esperto, mais focado, com mais raça e vontade."

Ao mesmo tempo em que essa experiência tem tudo para ajudar em meio a tamanha instabilidade destes Jogos Olímpicos, Scheidt admite: "Ganha-se com idade, mas se perde por outro lado: na recuperação física".

Nesses anos, Scheidt também velejou pela classe Star e participou de tripulações de vela oceânica. As idas e vindas levaram o atleta novamente à classe Laser, e, para ele, o mais importante nessa alternância é "manter a parte física, para não voltar à estaca zero a cada vez porque com experiência se consegue voltar em bom nível".

E se a classe Laser é uma das mais exigentes fisicamente, o difícil é atingir o pico de preparação no momento certo. "Aí, sim, é mais técnico. É mais difícil acertar isso. Na hora em que o jogo começa, qualquer um tem chances, mas acredito nas minhas."

Como o clima da raia em Enoshima varia muito, mas com calor e umidade, esse será outro trunfo para os brasileiros, bem adaptados a essas duas condições. "Aqui estamos sujeitos a frentes, alta pressão, baixa pressão. Nesta semana, teve muita chuva, ventos mais fracos, temperatura mais amena. Mas, na próxima, podemos ter ventos fortes. É preciso estar preparado para tudo. Para ter resultado, a gente tem de se defender em qualquer condição."

De toda forma, diante de calor e umidade, a hidratação e a recuperação serão pontos chaves, segundo Scheidt.

Sobre seus principais adversários, Scheidt fala do alemão Philipp Buhl, campeão mundial na única competição oficial na Europa, quando o brasileiro foi segundo, do francês que é seu companheiro de treino, Jean Baptiste Bernaz, do australiano Matthew Wearn e do neozelandês Sam Meech, que há um ano e meio não são vistos porque não foram à Europa competir, além de "mais uns quatro ou cinco", como diz.

"Na Laser, a lista é grande. Uns dez, 12 para as três medalhas", calcula, para aqueles que tiverem mais inspirados na semana.

"É um privilégio ter mais esse sonho, mais esta Olimpíada", afirma Robert Scheidt. "Uma emoção muito grande, um frio na barriga. Chegamos ao momento mais importante do ciclo, onde se coloca em prática tudo que se preparou. 

Execução é tudo. Mas me sinto preparado e jogar o jogo é o que mais gosto. É competir. Não se pode pensar muito em resultado final. É viver o momento, fazer as regatas dia a dia."

DENISE MIRÁS
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

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