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Jornalista revela trajetória da mulher de Obama

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Liza Mundy, do Washington Post, costuma dizer que escrever perfis políticos é doloroso "como parir um filho", mas não sabia o que é aflição até aceitar a proposta para Michelle, biografia da atual primeira-dama americana, recém-lançada aqui.

Michelle Obama, primeira-dama americana
 
Apreensivos com a publicidade negativa que durante a campanha tentava estampar Michelle como antipatriota e arrogante, no início de 2008 assessores de Obama optaram por manter Michelle afastada de repórteres, e passaram a escolher a dedo veículos que teriam acesso. Na maioria, eram cor-de-rosa - como People e Us Weekly - que falavam de seu guarda-roupa e seu instinto maternal. A ideia era suavizar a imagem da mulher decidida que parecia dura ao público acostumado com a subordinação de Laura Bush.

"Realmente, ela é mais crítica que Obama, mais pessimista", observa Liza em entrevista ao Jornal do Brasil.

O medo de que a biografia pudesse prejudicar Obama nas eleições era tão real, que quando Liza se aproximou da campanha para pedir acesso a fontes, recebeu um balde de água fria: não apoiariam a publicação de qualquer livro antes das eleições. Deixaram claro que fariam de tudo para dissuadir próximos a Michelle a concederem entrevistas.

Barrado o acesso, Liza conversou com mais de 100 pessoas que haviam tido algum contato com Michelle, mas não amizade. Obteve cópias dos livros escolares da primeira-dama, teses e documentos nos arquivos públicos.

O resultado é uma biografia bem pesquisada, mas sem grandes revelações ou conflitos. Uma colcha de retalhos composta por trechos de jornais e revistas sobre a biografada, que se revela simpática, boa mãe, e partilha sucessos do marido.

Formada em sociologia por Princeton e em direito pela Harvard, Michelle é produto da comunidade afroamericana.

Nascida em 1964 na Carolina do Sul, cresceu em South Shore, bairro de Chicago que passou por transformação com a chegada dos negros do Sul após a Segunda Guerra e a fuga dos brancos para subúrbios. A região que em 1950 tinha população negra de apenas 1% em 1970, quando Michelle tinha 16 anos, já era 96% composta de afroamericanos .

"Raça é sem dúvida a única maneira de entender ou pensar em Michelle", escreve Liza. "Barack Obama pode ser pós-racial, mas Michelle Obama não é. Existem pessoas que acreditam que sua presença na Casa Branca será mais significativa que a dele".

Barack

O livro esquenta quando Michelle já como advogada de um escritório de Chicago se apaixona pelo estagiário Barack Obama, que ainda a chama de the boss.

A princípio, o considerava "uma pessoa estranha", que usava "paletós horríveis". Mas, indicada pelo escritório como sua mentora, não conseguiu resistir muito tempo.

Em geral, Liza retrata o lado bom da primeira-dama, mesmo sobre críticas por ter dito em público que pela primeira vez estava orgulhosa do país, e "não só pela eleição de Barack, mas porque vejo que o país está faminto por mudança."

"Fazem alarde por causa daquele comentário, e quando dou palestras me perguntam o que ela quis dizer", conta a autora. "Percebo uma divisão racial na reação das pessoas. Brancos ficam bastante incomodados, mas os negros sabem ao que ela se referia".

Para Liza, ainda é cedo para dizer como Michelle irá moldar o seu perfil como primeira-dama, mas prevê que ela continuará ativa."Ela terá uma atuação vibrante. É uma palestrante cobiçada e continuará sendo referência política quando sair da Casa Branca".
Fonte:UOL
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