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'Está difícil', diz Mara Manzan sobre luta contra o câncer

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Mara Manzan: "Quero continuar sendo um exemplo para as pessoas, e que elas não tenham medo da verdade"
 
Há um ano, logo após o diagnóstico de que tinha nódulos no pulmão, o EGO conversou com Mara Manzan para saber como seria lidar com a doença. Bem-humorada como sempre, a atriz falou que era vaso ruim e que não quebraria fácil. Disse ainda que já havia passado por um câncer no útero e que havia tirado de letra. Na quinta-feira, 16, dia em que ela se apresentou ao Projac para retomar o trabalho na pele de Ashima, de Caminho das Índias – 23 três dias depois de ser internada e descobrir que o câncer voltou e está em metástase –, falamos de novo com a atriz para saber suas expectativas quanto ao tratamento e a volta à novela.

Triste, com a voz contida, Mara confessou que está difícil, que não tem tido ânimo, mas que espera que a diminuição da carga de remédios – que deve acontecer na próxima semana – e a volta aos estúdios melhore isso.

“Está sendo muito dolorido. Estou sendo tratada pelos melhores médicos, tendo apoio da família e amigos, mas esta difícil. Posso te dizer que estou oca por dentro. Hoje, não tenho um sentimento forte dentro de mim”, diz ela em tom melancólico.

Depois, ao fim do papo, ela tenta dar um tempo na tristeza fazendo um trocadilho.

“Quero continuar um exemplo para as pessoas. Quero que elas saibam que têm que se curar, que não tenham medo de enfrentar a verdade. Não quero que desanimem, ter metástase é quase como ter um revólver apontado para a cabeça, mas ainda não puxaram o gatilho. E que saiba que tudo nessa vida é passageiro, menos o motorista e o trocador( risos).


Como foi voltar ao Projac?
Voltei, mas não gravei. Fui até lá fazer uns testes com o aplique que tive que tirar quando fui para o hospital. Peguei textos e devo começar a gravar no dia 23 ou 24 de abril. A Ashima vai voltar da Índia, trazer novos tecidos para a loja e fotos de indianas para ver se convence o filho a se casar com uma. Só vou gravar em estúdio e esperar passar essa fase bem difícil. Acho que é a mais difícil da minha vida.


Como foi encontrar os amigos do elenco de “Caminho das Índias”?
Foi maravilhoso. Sou muito querida entre eles. Todos os câmeras foram gritar meu nome na porta do camarim. Adoro fazer farra com eles. A Christiane Torloni me mandou umas flores lindas, o Wolf Maya me ligou de Nova York, o Eri Johnson, a Glória Perez, que tem sido fora de série, os diretores. Poderia dizer que foi quase uma alegria. Não estou sofrendo porque não sou de sofrer. Mas não tenho mais aquela alegria.


Atriz conta que recebeu carinho dos
amigos de Caminho das Índias
 
Você declarou recentemente que ficou com preguiça de lutar. Rever os amigos e voltar ao trabalho não te devolveu um pouco a coragem?
Está sendo muito dolorido. Da outra vez, sabia que tinha um câncer e que estava curada. Só que ele não está curado e ainda estou com metástase na 6ª e na 7ª vértebra. Estou sendo tratada pelos melhore médicos, tendo apoio da família e amigos, da TV Globo, mas esta difícil. Posso te dizer que estou oca por dentro. Hoje, não tenho um sentimento forte dentro de mim. Nem o fato de minha filha me dar meu terceiro neto me anima.


Mas você esta desistindo?
Não, não é isso. Vou superar. Tenho 56 anos, mas chega uma hora que dá preguiça. No outro dia, fui fazer a radioterapia e, quando colocaram as placas de madeira em cima de mim e do meu lado, me vi lá no fundinho, como se fosse um grãozinho, sem vontade de voltar. Não tenho medo de morrer porque sei que todo mundo vai nascer e morrer um dia, mas tenho medo da qualidade de vida que vou ter. Quero que Deus me dê dignidade para morrer.

Mas pode ser que na semana que vem, quando tiver alta médica - porque só tive alta hospitalar -, e pare de tomar tantos remédios, pode ser que eu pule da cama e levante com outro ânimo. Estou introspectiva. Nunca fui assim, só quando era criança, mas soube usar isso a meu favor e virar a espalhafatosa, a brincalhona. Pode ser que no dia em que eu comece a gravar, eu me sinta bem, seja outra. Mas também se me dissessem que eu poderia dormir para sempre hoje, eu me viraria e dormiria. Foi muito difícil não ter me curado. Passar nove meses fazendo o tratamento e perceber que não havia me curado. Fiz uma tomografia há um mês e não tinha nada, 21 dias depois tinha a metástase.


Já pensou em procurar ajuda para esse momento? Terapia?
Ainda não porque não tive alta médica. Começo a tomar medicamentos às 6h da manhã e só para à noite, quando tomo um Rivotril e uma injeção que me desmonta. Na verdade, primeiro falo como uma louca. Parece que cheirei a carreira de Deus e desando a falar (risos). Acho que nem Ele me agüenta mais (risos). Depois desmonto e durmo. Mas quero continuar um exemplo para as pessoas. Quero que elas saibam que têm que se curar, que não tenham medo de enfrentar a verdade, nem do que vai acontecer. Não quero que desanimem. Ter metástase é quase como ter um revólver apontado para a cabeça, mas ainda não puxaram o gatilho. Até porque tudo nessa vida é passageiro, menos o motorista e o trocador( risos).
 
 
Fonte: Ego
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