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"Me senti violentada", diz mulher expulsa de carro por motorista de app após criticar presidente

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Fotos cedidas pela vítima 

Atualizada em 28 de fevereiro, às 11h30

A gerente de promoção da Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, Adriana Ribeiro, relatou ao Cidadeverde.com os momentos de constrangimento quando foi expulsa de um veículo, na última quinta-feira (24), por um motorista de aplicativo. Ela foi expulsa do carro após criticar o presidente Jair Bolsonaro durante uma ligação por telefone com sua filha. A passageira contou que se sentiu violentada com toda a situação.

De acordo com Adriana Ribeiro, o fato aconteceu por volta das 15h, na zona Leste de Teresina, quando saía do trabalho.

“Finalizando meu expediente eu chamei o aplicativo no modo compartilhado até a minha residência na zona Leste, deixamos a primeira passageira e seguimos. Em um momento, eu abaixei a máscara para retirar algo do meu dente e ele pediu para eu colocar a máscara, eu coloquei e seguimos viagem” conta Adriana.

Após isso, há cerca de 1,5 km da sua casa, a filha de Adriana ligou para ela e durante a conversa a gerente fez crítica ao presidente. Logo depois de ouvir, o motorista informou que não falava de política e pediu que Adriana descesse do carro.

“Eu estava comentando com minha filha sobre a guerra da Rússia e Ucrânia e ela citou o Bolsonaro, eu disse ‘o que esperar daquele presidente tão ordinário’ e o motorista disse que não era pra falar de política, eu disse que estava falando com a minha filha e 50 metros depois ele pediu pra eu descer do carro”.

Adriana relatou ainda que em seguida, disse ao motorista do aplicativo 99 que não estava entendendo a situação e explicou que não ia descer, somente quando chegasse no seu destino e que nesse momento o motorista disse que ia retirá-la a força.

“Eu disse ‘moço, eu não estou entendo o que está acontecendo’, ele disse ‘ou você desce do meu carro ou eu lhe retiro a força’. Ele disse que não ia me levar, que era pra eu pagar e descer, mas eu disse que não ia descer, somente quando chegasse no destino final”, acrescentou a gerente.

Depois de dizer que não iria sair do veículo, Adriana falou que o motorista parou o carro próximo a uma praça no cruzamento das ruas Alaíde Marques com Dirce Oliveira, desceu e abriu a porta traseira do veículo para a passageira sair.

Neste momento, bastante nervosa, a gerente ligou para a polícia e uma viatura foi acionada ao local. Enquanto aguardava a chegada dos policiais dentro do carro, Adriana contou que o motorista relatou que ela estava agindo dessa forma somente pelo fato de ser mulher.

“Eu peguei o celular, liguei para o 190 e a atendente mandou uma viatura, ela me auxiliou para eu ficar dentro do carro e assim eu fiz. Ele relatou ainda que pelo fato de ser mulher eu estava agindo assim, e eu sem entender o erro que cometi para ser tratada dessa forma”, desabafa.

Com a chegada da viatura do 5º Batalhão da Polícia Militar, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e o caso passará a correr no Juizado de Pequenas Causas onde os envolvidos irão prestar depoimentos.

Adriana Oliveira ressaltou ainda que denunciou o motorista ao aplicativo e que após o ocorrido também passou mal e foi para um hospital. Ela destacou que o ocorrido foi humilhante para ela e que está denunciando o fato como forma de ajudar outras mulheres que também passam por situações de constrangimento.

“Eu me senti violentada, ele alegou aos policiais que eu estava o tempo todo sem máscara no percurso, mas eu tenho comorbidade, eu estava de máscara. Ontem eu passei mal depois do acontecido. É humilhante para mim, principalmente pelo fato dele dizer que eu sou mulher e isso influencia ele ter agido dessa maneira. Eu expus minha imagem para estar falando e ajudando outras mulheres, que eu sei que passam por isso”, finaliza Adriana. 

O portal Cidadeverde.com não conseguiu localizar o motorista do aplicativo. O espaço fica aberto para esclarecimentos. 

Em nota, a empresa 99 informou que lamenta ocorrido e que está apurando o caso. 

Confira nota na íntegra:

A 99 lamenta profundamente o ocorrido com a passageira Adriana Ribeiro e informa que está apurando o caso. A companhia reitera que comportamentos como esse não são tolerados na plataforma. A empresa repudia veementemente qualquer tipo de discriminação e tem uma política de tolerância zero em relação a isso. 

Em comportamentos como esse, a empresa toma todas as medidas necessárias com bloqueio, apoio às investigações e demais procedimentos previstos nos Termos de Uso e Guia da Comunidade 99. A companhia ressalta que motoristas parceiros devem tratar passageiros com boa fé, profissionalismo e respeito. Investimos em educação para prevenir atitudes como essa, o que inclui uma plataforma de cursos para 100% dos motoristas com foco em diversidade e cidadania.

Situações como essa ocorridas durante as viagens intermediadas pela 99 devem ser denunciadas pelo nosso aplicativo ou pela nossa Central de Segurança no telefone 0800-888-8999. Ao ligar, o usuário receberá informações sobre o que fazer e quais medidas serão tomadas. 

 

Rebeca Lima
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