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Transtorno bipolar: estigma social ainda é uma barreira ao diagnóstico e tratamento adequado

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Foto: Pixabay





Desde o início dos isolamentos por conta da pandemia, aumentou a preocupação de especialistas com a saúde mental. Casos de ansiedade e depressão cresceram 25 %, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Contudo, já faz cinco anos que o Brasil é considerado o país com maior índice de pessoas com transtornos mentais em todo o mundo.

Segundo o psicólogo Davi Sidnei de Lima, muitas pessoas com essa psicopatologia ou qualquer outra doença mental não recebem tratamento para os seus transtornos. "O estigma social é mais nocivo do que os transtornos mentais e a bipolaridade em si. A saúde mental deve ser tratada com a mesma intensidade dada às doenças do corpo”, explica ele. 

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, o transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por episódios críticos e intensos de alterações de humor, com flutuações que vão da euforia à depressão e remissão. A bipolaridade não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento e acompanhamento adequados, permitindo significativa melhora da qualidade de vida.

“Atendo pacientes em meu consultório que me perguntam: ‘e se eu te encontrar na rua, o que faço?’ Porque ao encontrá-lo na presença de alguém corre o risco de revelar sua condição”, conta o especialista. 

Segundo ele, muitas vezes os pacientes vão escondidos ao seu consultório porque não querem ser descobertos por colegas de trabalho indo a uma sessão de terapia.

 

Sintomas, diagnóstico e tratamento

O Transtorno Bipolar exige tratamento psiquiátrico, o que permite manejo adequado do tratamento farmacoterápico. Em geral se faz associações de medicamentos ansiolíticos, antidepressivos e estabilizadores do humor para tratar as questões do humor, depressão e ansiedade. 

Em geral, os sintomas incluem alternância de humor intensa, frequentes e que duram mais tempo do que o normal. A euforia exacerbada, irritabilidade, depressão, tristeza profunda e a presença de episódios de mania ou hipomania que alteram o comportamento do sujeito.  

O psicólogo alerta sobre o diagnóstico e tratamento, essenciais para tratar a doença, além de medicamentos corretos e a aderência do paciente são determinantes para alcançar o êxito. Se um sujeito com transtorno bipolar não fizer o tratamento adequado ou má associação medicamentosa - seja por falta ou excesso - poderá ter um agravamento da bipolaridade, inclusive a falta de tratamento pode levar o paciente a atentar contra a própria vida, resultado do autoestigma, preconceito e desconhecimento da doença. 

É recomendável um olhar humanístico para o indivíduo com bipolaridade e não apenas enquadrá-lo em critérios e diagnósticos, é observar suas alterações de humor e até que ponto isso prejudica o seu entorno, a vida biopsicossocial desse sujeito.

O acompanhamento psicológico é aliado do tratamento, uma condição para o sucesso na retomada da qualidade de vida. “Eu não tenho bons prognósticos de pacientes que não fazem acompanhamento psicológico diante do diagnóstico de transtorno bipolar. A psicoeducação e a psicohigiene aos aspetos no entorno do paciente, assim como a terapia familiar, melhoram a qualidade dos vínculos, confiança e harmoniza as relações”, finaliza Davi de Lima.

 


Da Redação
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