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Rússia exige rendição e Ucrânia alerta para fim de negociações

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Foto: Claudio Furlan/Estadão

No 53º dia de guerra, a Rússia exigiu a rendição dos soldados ucranianos que resistem em Mariupol e se comprometeu a poupar as vidas daqueles que abaixarem as armas. No sábado (16), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que a tomada da cidade encerraria as negociações de paz com Moscou.

O chefe do Centro de Controle de Defesa russo, o coronel general Mikhail Mizintsev, disse que "todos aqueles [ucranianos] que depuserem as armas é garantido que suas vidas serão poupadas". De acordo com Mizintsev, combatentes ucranianos estão "numa situação desesperadora, praticamente sem comida e água".

O Ministério de Defesa da Rússia afirma que as tropas russas já ocuparam toda a área urbana de Mariupol, restando apenas um grupo de combatentes ucranianos numa siderúrgica. A alegação de Moscou, no entanto, não pode ser verificada de maneira independente.
Cenário dos combatentes mais pesados e da pior catástrofe humanitária da guerra, Mariupol pode ser a primeira grande cidade a ser tomada pela Rússia desde o início do conflito.

Também neste domingo (17) continua a ofensiva contra a capital. Durante a noite, uma fábrica de munições em Brovary, na região de Kiev, foi destruída. O Ministério da Defesa da Rússia assumiu a autoria e afirmou que o ataque foi feito com mísseis aéreos de alta precisão.

De acordo com o prefeito de Brovary, Ihor Sapozhko, mísseis atingiram a infraestrutura da cidade e houve interrupção de energia. Equipes trabalham pelo restabelecimento. O fornecimento de água e esgoto também foi prejudicado, mas Sapozhko afirma que também trabalha pelo restabelecimento.

Situada no mar de Azov, Mariupol é um dos principais objetivos dos russos no esforço para obter controle total da região de Donbass e formar um corredor terrestre, no leste da Ucrânia, a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A queda da cidade seria a maior vitória da Rússia em mais de 50 dias de guerra.

Descrita com uma fortaleza na cidade, há uma siderúrgica numa região industrial com vista para o Mar de Azov que ocupa uma área de mais de 11 quilômetros quadrados. No local, estariam fuzileiros navais, além de combatentes da guarda nacional e do Batalhão de Azov - uma milícia nacionalista de extrema-direita. Não há informações sobre o número de combatentes que estão no local.

Ainda não houve uma resposta de Kiev ao ultimato russo.

Zelensky afirmou sábado (16) que a eliminação de soldados ucranianos em Mariupol "acabaria com qualquer negociação de paz" com Moscou.

"A eliminação de nossos militares, de nossos homens [em Mariupol] acabará com qualquer negociação de paz entre Rússia e Ucrânia", declarou Zelensky durante entrevista ao site Ukrainska Pravda, em que também advertiu que ambas as partes ficariam em um "beco sem saída".

Num discurso à nação no sábado à noite, Zelensky afirmou que "a situação em Mariupol continua tão grave quanto possível, simplesmente desumana" e culpou a Rússia por "continuar deliberadamente a destruir cidades".

O presidente ucraniano sublinhou que os russos "tentam deliberadamente aniquilar todos aqueles que ficam em Mariupol". Ele afirmou ainda que o governo ucraniano tentou, desde o início da invasão russa, encontrar "uma solução, militar ou diplomática, para salvar" a população, mas "até agora, não tem havido uma opção 100% sólida".

Sitiada há semanas, Mariupol enfrenta uma das maiores catástrofes humanitárias do atual conflito. A cidade foi alvo de intensos bombardeios e está em ruínas. De acordo com autoridades locais, pelo menos 20 mil civis já morreram na região, desde o início da invasão russa, e cerca de 120 mil habitantes ainda estão na cidade sitiada.

Tropas russas anunciaram na sexta-feira que assumiram o controle de uma outra siderúrgica da cidade que era um dos pontos de defesa dos ucranianos. Jornalistas da Reuters estiveram no local e relataram que a siderúrgica foi reduzida a ruínas e também noticiaram a presença de diversos corpos de civis espalhados nas ruas próximas.

Fonte: Folhapress

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