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Ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán renuncia ao cargo

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O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, renunciou ao cargo neste sábado (2).

A decisão foi comunicada, por meio de redes sociais, no mesmo momento em que a ex-presidente e atual vice-presidente do país, Cristina Kirchner, fazia um discurso em que criticava a gestão da economia.

Guzmán publicou uma longa carta ao presidente Alberto Fernández , que ele postou no Twitter. "Com a profunda convicção e confiança na minha visão sobre qual é o caminho que a Argentina deve seguir, continuarei trabalhando e atuando por uma pátria mais justa, livre e soberana", disse ele na mensagem, ao destacar as conquistas de sua gestão.

A gestão do ministro ficou marcada pela negociação com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em uma tentativa de o país alcançar o equilíbrio das contas públicas em 2024.

Especialista em processos de renegociação de dívidas externas, Guzmán tinha a missão de entregar um novo cronograma de pagamento dos títulos argentinos que o governo de Mauricio Macri havia deixado em inadimplência. Em 31 de agosto de 2020, após meses de intensas negociações e oito meses após assumir o cargo, o ministro fechou com sucesso a reestruturação da dívida em dólar.

O sucesso dessa negociação acabou sendo prejudicado pelos reflexos econômicos da pandemia. O PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina caiu quase 10% em 2020, enquanto a renegociação foi adiada.

Essa renegociação também marca o início da piora na relação de Fernández e Kirchner. Em discurso neste sábado, ela afirmou que "o déficit fiscal não é responsável pela inflação".

Segundo uma pesquisa do Management & Fit, a inflação é hoje a principal preocupação de 43,4% dos argentinos. Em 2020, essa fatia representava 9,9%.

Em seu perfil no Twitter, Guzmán agradeceu a Fernández pela oportunidade de ter sido ministro do país e mencionou o período conturbado que enfrentou como ministro.

"A Argentina mergulhou em uma profunda crise econômica, social e de dívida, sendo a isso adicionada uma pandemia global e uma guerra na Ucrânia."

"Na primeira vez em que falei com a Argentina como ministro da Economia da nação, disse que nosso objetivo era tranquilizar a economia. Esse conceito pode não gerar muito entusiasmo para muitos, mas sempre me pareceu (e me parece) que tranquilizar a economia seria um verdadeiro épico", acrescentou.

Ele também ressaltou a importância de trabalhar em um acordo político dentro da coalizão governista, "para que quem me substituir tenha a gestão centralizada dos instrumentos de política macroeconômica necessários para consolidar os progressos descritos e enfrentar os desafios futuros".

Segundo o ex-ministro, essa medida vai ajudar seu sucessor a realizar os esforços que levam ao progresso econômico e social com o apoio político necessário para que eles sejam eficazes, disse Guzman, ainda, em sua carta de renúncia.

Em maio, em entrevista a um programa de televisão, Guzmán já havia afirmado que a inflação tem "componentes externos", como a guerra na Europa, mas também ressaltou que as divisões dentro da própria aliança de governo são uma das razões para não dar respostas mais concretas. Ele se referia ao conflito interno que existe entre o presidente e sua vice, Cristina Kirchner.

De concreto, a única ação para tentar reduzir os preços veio com as tentativas de congelamento impostas pela secretaria de comércio. Guzmán considerava que apenas esse recurso não é suficiente.

De acordo com o jornal argentino La Nación, o ex-ministro vinha resistindo às pressões públicas permanentes entre as alas do governo, além dos múltiplos embates com os funcionários da equipe econômica. "Diante de muita especulação sobre sua partida, ele sempre respondeu calmamente e sem expressão", diz a publicação.

No entanto, os conflitos internos do governo nas últimas semanas vinham dificultando fortemente a gestão da crise, com reflexo no mercado financeiro.

Divergências do ministro com seus subordinados também o impediram de ter controle total da gestão da pasta, o que também levou Guzmán a tomar a decisão, ainda segundo o jornal.

Enquanto Guzmán apresentava a sua renúncia, Kirchner discursava em um evento para marcar o 48º aniversário da morte de Juan Domingo Perón, fundador do peronismo. O ministro era o alvo favorito da vice-presidente e do setor político que ela lidera dentro da aliança governamental.

 

Fonte: Folhapress

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