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Desalojados pela enchente são vítimas de saque

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As casas continuam submersas, mas os moradores de um bairro de Teresina (PI), uma das capitais nordestinas mais atingidas pelas chuvas dos últimos dias, já enfrentam outro pesadelo: os saques. Obrigados a abandonar suas casas inundadas, eles agora se armam com pedaços de madeira e usam lanternas e botes para realizar rondas noturnas.

Moradores usam barco e lanterna para vigiar suas casas e evitar que elas sejam saqueadas
foto: Fernando Donasci/Folha Imagem
Moradores usam barco e lanterna para vigiar suas
casas e evitar saques em Teresina
"Nós somos a lei agora", afirma Maílson Chaves, 30, presidente da associação de moradores de São João, bairro onde 290 casas estão submersas após a enchente do rio Poti, que corta a capital do Estado.

Durante as rondas, o grupo leva alimentos, cigarros e água potável para quatro moradores que permanecem no primeiro andar das próprias casas para "vigiar as ruas". "São pessoas sem consciência que fazem isso [os saques]. Os caras querem tirar o restinho que nos sobrou", diz o morador José Batista, 35. Há relatos de furtos de aparelhos de televisão e botijões de gás.

A PM informou na quarta-feira (6) que reforçou a segurança neste ano em razão de furtos registrados na enchente do ano passado. "Mas, por conta do grande número de pessoas que está tirando objetos de suas casas, é difícil identificar possíveis furtos", disse o major Sá Júnior.

A Secretaria da Segurança do Estado, por meio da assessoria, disse que, até o momento, não há registro de ocorrências.
 
Foto: Sebastião Bisneto

Abrigos

Apesar de o tempo ter melhorado --fez sol ontem--, Teresina ainda exibe sinais de destruição. Ruas da parte leste estão cobertas de lama, 2.500 famílias estão desalojadas e os 180 mil estudantes da rede pública estão sem aulas.

Em um galpão da paróquia João 23, 35 pessoas compartilham um espaço mínimo. "Nos últimos quatro dias, devo ter dormido umas três horas. Cada hora é um menino que levanta", diz o comerciante Antônio da Silva Portela, 38.

Na escola estadual Melvin Jones, que recebeu 51 famílias, a dona de casa Maria das Graças, 49, chora ao lembrar que perdeu roupas e móveis na casa onde criou os cinco filhos. "Ainda estou pagando a cama. Faltavam seis prestações de R$ 50 e já a perdi."

Edvaldo da Silva, 70, proprietário de um restaurante na beira do rio Poti, teve que fechar as portas. "A cozinha continuou funcionando com meio metro de água, mas depois não deu mais. Os clientes até gostaram por um tempo, o garçom de bermuda, a água no joelho."

No balneário da Curva São Paulo, região sudeste do município, crianças, sem aulas, fizeram de piscina uma quadra alagada. "Ganhamos uma piscina para jogar polo aquático", diz Frank Araújo, 16, aluno de uma escola que virou abrigo. A Secretaria da Saúde do Estado alerta que o contato com as águas de enchente pode causar doenças como a leptospirose, além de problemas na pele.
 
Fonte: Folha
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