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Mãe cria grupo de WhatsApp para acolher mulheres que passam pela dor de perder filhos

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Fotos: Paula Monize - Cidadeverde.com/picos

Uma rede de acolhimento e amparo para mulheres que passam pela dor de perder o (a) filho (a). Com este mesmo propósito, a picoense Vânia Bezerra, mãe, que perdeu o filho em um acidente, criou em 2019 um grupo de WhatsApp para fortalecer quem enfrenta o luto materno.

O Grupo intitulado “Associação de Mães Unidas pelo Amor e pela Dor” (AMUPA) foi criado com a participação de 15 mulheres e nos dias atuais esse número subiu para 38. No aplicativo de conversas e interação, as participantes ainda contam com apoio profissional de psicólogo, assistente social e coach.

“Por falta de apoio ao luto, a gente vinha que tinha mães que perderam os filhos e entravam numa depressão, não queriam mais sair, ver as pessoas. Falei com uma amiga minha que perdeu o filho em Teresina e aí organizamos o grupo. Começamos a nos encontrar, a comunidade religiosa também nos deu apoio”, explica Vânia Bezerra.

O AMUPA partiu da experiência de luto vivenciada por Vânia Bezerra que enfrentou seis longos meses de angústia, sem aceitar a perda do filho Norberto Gomes, de 17 anos, que veio a óbito em um acidente ocorrido em 2018, no Povoado Aroeiras do Matadouro, zona rural de Picos.

“Eu só chorava, não ria, não queria sair de casa e vi que precisava de ajuda, para continuar a minha família, pois ainda tenho outras duas filhas que estudam em Teresina. Diante de tudo isso, busquei me apegar na oração, em grupos de igreja, mas vi que ainda não preenchia o meu vazio. Com o grupo acredito que nos unimos pela dor e nos fortalecemos umas às outras”, disse a mãe. 

Vânia Bezerra acrescenta que hoje após aceitar o luto materno tem passado a encarar a vida com mais firmeza, conseguido falar do filho sem ir às lágrimas. Esse espírito de fortaleza também é compartilhado pelas mães que participam do grupo.

“Hoje eu já aceito mais o luto, já consigo limpar o quarto do meu filho, olhar fotos, tocar no assunto da morte. Consigo dar o meu depoimento e amparar outras mulheres que passaram pelo que passei. Quando uma mãe nova chega ao grupo, cada uma dá o seu apoio, conta o seu depoimento. Ao ouvir essas histórias, a mãe se sente amparada na dor da outra, aquela angústia vai aliviando. Além disso, também nos amparamos na fé, participamos de missa, momentos de oração”, destacou.

No acolher, as mamães não ficam somente no apoio remoto pelo aplicativo ou ligações telefônicas, também participam de encontros presenciais com orientação técnica profissional.

“Todo mês temos um encontro presencial com um profissional convidado. Nesses encontros também temos nossos momentos para depoimento, o profissional nos orienta e termina sendo um conforto para nós participantes”, comenta.

Sobre os encontros presenciais, será realizado na próxima sexta-feira (22), no espaço Lions Clube, um evento com as mães do AMUPA. 


Paula Monize
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