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Servidora revela assédio moral em agência da Caixa no Piauí: 'ameaçavam tirar função'

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Uma servidora da Caixa Econômica Federal denunciou à TV Cidade Verde um caso de assédio moral que sofreu quando foi gerente geral de uma agência do banco em Teresina.

Em entrevista ao jornal Cidade Verde, a servidora, que preferiu não se identificar, explicou que sua função tinha bastante cobranças e exigia o cumprimento de muitas metas. A situação do assédio moral ocorreu no ano de 2019.  

“A função de gerente geral, ela é uma função que a gente tem muitas metas e é muito o atendimento ao público, então realmente é uma função de muita cobrança. Só que a forma como foi feito, a partir de 2019, fez muita gente adoecer”, disse.

Segundo a servidora, em 2019 houve uma mudança nas metas repassadas a ela e, ao não conseguir cumprir, a mulher começou a sentir os sintomas da Síndrome de Burnout. Ainda de acordo com a servidora, toda a situação foi levada com sarcasmo e agressividade pela Caixa.

“Em 2017 eu fiquei com um ótimo resultado, nos primeiros lugares da superintendência, em alta performance, que é quando você atinge mais de 100% das metas. Em 2018 também fiquei nos primeiros lugares, batendo todas as metas. Quando foi no início de 2019, eu tive uma distorção nas metas, que minha meta ficou maior que muitas agências de portes maiores que a minha, e aí eu não consegui bater essas metas e comecei a sentir a doença. Como foi em 2019, isso foi levado de uma forma muito agressiva, com sarcasmos, com desvalorização do nosso trabalho, de ficar ameaçando mandar para longe, para o interior, tirar função, era muita pressão e isso fez com que vários colegas nossos adoecerem”, contou.

A síndrome de burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, geradas por situações de trabalho desgastante, que demandam bastante competitividade e responsabilidade.

Com a situação, a servidora contou que começou a ter crises de ansiedade, tendo vários sintomas, inclusive desmaios.  Ela relatou que fez uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ao INSS e que o órgão justificou os sintomas como acidente de trabalho. A mulher disse que a Caixa chegou a entrar com o recurso contra a decisão do INSS. 

“Eu tive crises que eu não sabia que era ansiedade, eu sentia dores no peito, desmaios, começa a faltar minhas pernas, meus braços, eu não conseguia mais ler. Inclusive o INSS me deu acidente de trabalho, eu fiz uma CAT, que é comunicação de acidente de trabalho, quando eu fui afastada, na perícia do INSS foi dado acidente de trabalho, a Caixa até entrou com recurso, mas foi negado”, acrescentou.

Ainda segundo a mulher, outros servidores da Caixa Econômica também adoeceram junto com ela, mas não tiveram coragem de denunciar. Após o caso, a servidora perdeu a função e acabou sendo transferida para outro município. 

O Cidadeverde.com entrou em contato com a Superintendência da Caixa Econômica Federal no Piauí que repudiou qualquer tipo de assédio. Veja a nota na íntegra:

A CAIXA repudia qualquer tipo de assédio e adota procedimentos que garantem análise, tratamento e resposta para todas as denúncias recebidas, conforme rito previsto em norma interna e legislação, mantendo canal de denúncias por empresa externa especializada.

Protestos contra assédios

Nessa quarta-feira (20), os servidores da Caixa Econômica Federal no Piauí realizaram uma manifestação de protesto em frente à agência localizada na Avenida Dom Severino, na zona leste de Teresina.

Com faixas que lembram que assédio sexual e moral é crime, os economiários convocavam os colegas a denunciar qualquer forma de abuso. O sindicato dos bancários distribuiu panfletos com orientações sobre prevenção e enfrentamento ao assédio.

Rebeca Lima 
[email protected]

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