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Dólar tem mínima desde junho e real volta ser destaque

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Foto: Immagini/Folhapress

O dólar caía às menores cotações desde a metade de junho na tarde desta segunda-feira (29), com o real ocupando o posto de moeda mais valorizada entre as principais divisas mundiais.

A valorização de matérias-primas exportadas pelo Brasil, principalmente o petróleo, e um elevado juro pago pela renda fixa do país justificam a entrada de dólares.

O mercado de ações doméstico também tinha um dia positivo, enquanto as Bolsas dos Estados Unidos recuavam diante da expectativa de um longo período de aperto monetário pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Às 14h50, o dólar à vista recuava 1,22%, a R$ 5,0160 na venda. Na B3, a Bolsa de Valores Brasileira, o índice de ações Ibovespa subia 0,75%, a 113.151 pontos.

Na sexta-feira (26), o dólar comercial fechou com queda de 0,60%, cotado R$ 5,0780, apesar da perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos após a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole.

O cenário no exterior favorável a matérias-primas exportadas pelo Brasil, como petróleo e alimentos, é apontado por analistas como a principal razão para a resistência do real frente ao dólar.

No simpósio de bancos centrais, Powell deixou claro que os juros nos Estados Unidos vão continuar subindo até que a inflação caia a um nível considerado seguro, mesmo que isso provoque forte desaceleração da economia.

"Uma falha em restaurar a estabilidade de preços significaria uma dor muito maior", afirmou Powell na sexta.
Mercados de ações das principais economias globais afundaram após o discurso de Powell.

No Brasil, o índice Ibovespa, referência da Bolsa de Valores, caiu 1,09%, aos 112.298 pontos.

Em Nova York, os três principais indicadores dos mercados de ações derreteram. O S&P 500, parâmetro para a Bolsa nova-iorquina, mergulhou 3,37%.

O Nasdaq, focado em ações do setor de tecnologia e composto por empresas mais dependentes do crédito barato, desabou 3,94%.

O Dow Jones tombou 3,03%. Esse índice acompanha as ações de três dezenas de companhias de grande valor e tende a sofrer um impacto um pouco menor em um cenário de juros altos.

Na Europa, o indicador que acompanha as 50 principais empresas da região fechou em queda de 1,93%. A Bolsa de Frankfurt (Alemanha) caiu 2,26%.

Considerando uma visão de curto prazo, o mercado olhou para o simpósio em Jackson Hole para buscar pistas sobre o tamanho da alta da taxa de juros que o Fed irá aprovar em sua reunião de 20 e 21 de setembro.

Em um cenário em que o Fed considere a necessidade de continuar subindo a taxa de forma agressiva, analistas estimam uma elevação de 0,75 ponto percentual na taxa, atualmente na casa de 2,5% ao ano.
Esse foi o aumento aplicado nas duas últimas reuniões da autoridade monetária.

Para aqueles que esperam uma postura mais branda, a expectativa é de que a taxa suba em 0,50 ponto percentual. Após a fala de Powell, porém, é possível que as apostas em 0,75% ganhem um pouco mais de força.

Em seu discurso desta sexta em Jackson Hole, o presidente do Fed enfatizou que o aperto à taxa de crédito vai "continuar até que o trabalho seja feito", enderençando a fala justamente à parcela do mercado mais otimista quanto a uma eventual proximidade do fim do ciclo de alta dos juros nos EUA.

POR QUE OS JUROS NOS EUA AFETAM O BRASIL

Juros e inflação da principal economia do planeta têm impacto na flutuação do câmbio e nos preços das ações negociadas nas Bolsas de Valores de todo o mundo. Também afetam investimentos públicos e privados e a geração de empregos no mundo.

O grupo responsável por discutir esses temas nos Estados Unidos é chamado de Fomc, sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto.

Esses conselheiros debatem a meta de juros dos fundos federais em oito reuniões ao longo do ano. A tarefa é semelhante à do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil.

A taxa das operações de mercado do Fed influencia os juros cobrados nos empréstimos que os bancos privados realizam entre si, um instrumento importante para o ajuste de caixa realizado todos os dias pelas instituições financeiras.

Os juros das operações entre os bancos são refletidos no custo do crédito em geral, como nos empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e outros.

Controlar o crédito é uma forma de regular a quantidade de dinheiro em circulação e, consequentemente, de manter a inflação em níveis aceitáveis. É o que os economistas chamam de política monetária. Essa é a missão básica dos bancos centrais.

Quando os juros estão baixos, o crédito fica mais acessível. O baixo custo do empréstimo estimula pessoas a comprar bens e a consumir. Empresas colocam projetos em curso e geram mais empregos.

Por isso o Fomc rebaixou a sua meta de juros para zero quando a pandemia de Covid paralisou atividades econômicas globais em março de 2020. A ideia era colocar mais dinheiro em circulação através do crédito frouxo e, assim, evitar uma explosão de demissões.

Em tempos de dinheiro abundante e barato, grandes investidores ficam mais dispostos a comprar ações de empresas de países de economia emergente, como é o caso do Brasil, um tipo de aplicação considerada arriscada devido à instabilidade desses mercados. Os recursos permitem o crescimento de negócios e a geração de trabalho e renda.

Em situação oposta à oferta generosa de crédito barato, o aperto da política monetária (elevação dos juros) nos Estados Unidos prejudica o Brasil e outros emergentes porque, simplesmente, há menos capital disponível para investimentos.

Ao aumentar os juros, o Fed eleva a recompensa para quem aplica no Tesouro americano, cujo risco de perdas devido a um calote é considerado inexistente.
Com uma opção segura pagando mais, os investidores ficam mais seletivos. Muitos desistem das ações de empresas, principalmente as mais arriscadas.

Outros bancos centrais são forçados a elevar juros para convencer investidores de que o retorno oferecido por seus títulos soberanos compensa o risco que eles correm ao não levarem seus dólares para os EUA.

Se os dólares voltam para a renda fixa americana em larga escala, a taxa de câmbio dispara e os custos de importação sobem. Matérias-primas, cujos preços são dolarizados, também ficam mais caras no mercado interno. Isso faz a inflação subir por aqui.

Fonte: Folhapress

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