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Brasil deve apresentar nome para presidência do BID, diz Guedes

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Foto: Isac Nóbrega / PR

O Brasil deve apresentar um nome para ocupar a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) dentro das próximas duas semanas, disse nesta terça-feira (11) o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Se aprovado, o indicado será o primeiro brasileiro no cargo e ficará no lugar de Mauricio Claver-Carone, presidente que foi destituído por unanimidade no fim de setembro, acusado de manter um relacionamento íntimo com um membro de sua equipe.

Após o afastamento, Claver-Carone acusou nominalmente Guedes de ter ameaçado colocar o Brasil contra ele caso não cedesse cargos na instituição.

"O Brasil queria posições na vice-presidência. Se eu não nomeasse pessoas específicas, seriam contra. Votei contra, porque francamente não eram pessoas qualificadas para essas posições, e me declararam guerra", disse em entrevista no mês passado.

Guedes rebateu nesta terça as acusações. Negou ter pedido cargos e afirmou que "qualquer nome que tenha indicado seria mais qualificado que ele".

Claver-Carone era diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional dos EUA quando foi indicado ao cargo de chefe do BID pelo então presidente Donald Trump, em 2020.

Na ocasião, o Brasil tinha o incentivo de outros países do continente para apresentar uma candidatura, e levantou-se o nome de Marcos Troyjo (hoje presidente do Novo Banco de Desenvolvimento) e do banqueiro Rodrigo Xavier, apoiados por Guedes.

O governo brasileiro, no entanto, desistiu de indicar alguém ao posto após Trump pedir diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL) apoio ao americano -no que foi visto à época como uma derrota de Guedes pelo Itamaraty, então comandado por Ernesto Araújo. A Colômbia também apoiou a indicação de Trump, em um bloco de presidentes alinhados à direita.

A chegada de Claver-Carone ao poder, que tinha oposição de Argentina e México, quebrou uma tradição de seis décadas em que a instituição foi chefiada por um latino-americano. O escândalo amoroso que o retirou do cargo, no entanto, foi o estopim após uma série de desgastes do americano, que manteve relação ruim com autoridades da Argentina e com o próprio Guedes.

Nesta terça, o ministro brasileiro afirmou que foi Claver-Carone quem ofereceu cargos em troca de apoio. "Ele estava lutando pela vida dele, ele que ofereceu uma porção de cargos tentando uma conversa comigo", afirmou.

Guedes disse que sugeriu duas pessoas a pedido do presidente da instituição. "Ele pedia assim: 'Eu quero um banqueiro privado'. Eu mandei um cara que foi presidente de um grande banco brasileiro. Ele é quem pedia, e eu mandava pessoas mais qualificadas do que ele. Esse banqueiro, inclusive, que eu mandei, quando voltou disse: 'Eu não trabalho com esse cara, não, ele é um desqualificado'", afirmou o ministro, sem citar nomes.

Com a destituição de Claver-Carone antes do fim do mandato de cinco anos, abriu-se novamente a janela para um nome brasileiro -o governo Joe Biden não deve indicar ninguém para o cargo.

A jornalistas, Guedes não quis dizer quem irá indicar ao posto, mas afirmou que será alguém com experiência tanto na gestão pública quanto no setor privado.

Nesta terça, o ministro se reuniu com representantes do banco em Washington. Ele negou que tenha ido fazer campanha por um presidente brasileiro, e afirmou que foi ao local "para esclarecer exatamente a posição do Brasil" –a saber, que o próximo presidente fique no cargo por apenas um mandato de cinco anos, que seja latino-americano e que tenha experiência no setor público e privado.

Guedes está na cidade para participar das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Nesta terça, ele se encontrou também com empresários na Câmara de Comércio dos Estados Unidos. Na lista, havia executivos do FedEx, PepsiCo, Pfizer, WestRock, Cargill e ExxonMobil, entre outros. O embaixador do Brasil, Nestor Forster, também participou do evento.

 

Fonte: Folhapress (Thiago Amâncio) 

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