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Em Picos, moradores de loteamento acionam MPF sobre ocorrência de "balas perdidas"

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Uma situação tem gerado medo nos moradores do Loteamento Vila Serrana, localizado no bairro Pantanal, em Picos. Os residentes no local encontraram diversos projéteis de arma de fogo que atingiram residências e os relatos dão conta que os artefatos seriam provenientes de treinos de tiros realizados no 3° Batalhão de Engenharia de Construção (3° BEC).

O Cidadeverde.com/picos entrevistou os moradores do loteamento que recolheram pelos menos seis projéteis de arma de fogo. A ocorrência de "balas perdidas" foi iniciada em março deste ano e de lá para cá, imóveis foram atingidos na parede, telhados. Em alguns casos, os artefatos tiveram bem próximo de atingir pessoas.

O morador e mecânico, Erivan Gonçalves dos Santos, desde 2016 reside no loteamento. Ele recorda que assim que chegou ao local, uma situação semelhante havia ocorrido e a direção do 3° BEC havia suspendido os treinamentos. No entanto, em março deste ano, os treinamentos iniciaram e diversos projéteis foram recolhidos pelos moradores.

"Tá difícil de resolver isso aqui, porque já fomos no Batalhão, já reclamamos, já foi feito BO dentro do Batalhão, de projétil caindo aqui. Na primeira vez falaram que não era projétil deles, agora o final de semana a PM treinou aí e passou muitos projéteis, caindo nas nossas casas, atingindo o teto da igreja que furou. Três funcionários tiveram que parar o serviço e correr pra não ser alvejado. Essa é a nossa situação, esse monte de projétil na mão. Na casa de um policial militar, a bala caiu na casa dele e por pouco não atingiu a avó de 85 anos", relata o mecânico.

Mecânico Erivan Gonçalves dos Santos

Erivan Santos ressalta que em razão do risco de alguém ser alvejado, os moradores se reuniram e procuraram o Ministério Público Federal, situado no bairro Canto da Várzea, para denunciar o aparecimento de "balas perdidas". 

"Fomos ao Ministério Público Federal porque não tem mais o que fazer, é a única coisa que nos resta pra saber qual a solução que deve ser tomada", frisou o morador.

O corretor de imóveis e morador do loteamento, Francisco Arcanjo, reforçou que os moradores buscam uma solução para que os treinamentos sejam interditados e evite o aparecimento de "balas perdidas".

"Está muito complicado estar convivendo com barulho de tiro e o pior, com projeteis caindo sobre as casas dos vizinhos. Aqui temos crianças, idosos, pessoas acamadas. Muitas pessoas já não dormem, as crianças já não saem mais para brincar por medo de sair para fora de casa. Já procuramos o Batalhão, convidaram a gente pra conhecer a estrutura, mas para gente não faz diferença se a estrutura é boa ou ruim, faz diferença o projétil não vir para o loteamento. O que nos interessa é parar os treinamentos de tiros, a não vinda de projetéis para o loteamento", ressaltou.

Corretor Francisco Arcanjo

O estande de treinos do 3° BEC fica há pouco mais de 100 metros da primeira residência do loteamento. Moradores afirmam que durante os treinos, é possível ouvir o barulho de tiros saindo do local e, em seguida, projéteis começam a cair no loteamento. 

A área do loteamento possui 100 residências e 300 pessoas residem no local. Próximo ao loteamento ainda há o pólo industrial com cerca de 20 empresas, onde a circulação de pessoas no trecho é grande nos horários de 7h30 e 17h30.

Nota do 3º BEC

Em nota encaminhada à imprensa, o 3° Batalhão de Engenharia de Construção informa que realiza as instruções de tiro para os militares incorporados no corrente ano, como parte das atividades previstas para o período de instrução individual básica 2023. A nota informa, ainda, que tais instruções ocorrem no estande de tiro reduzido da organização militar, que foi reformado e reativado, estando rigorosamente dentro dos padrões de segurança/.

O estande de tiro reduzido utiliza anteparos (para-balas) que são placas de concreto ligadas horizontalmente no chão por vigas de concreto, massa cobridora feita com solo natural a 10 metros de altura da linha de alvos e muros laterais de alvenaria de blocos de concreto. Tudo com o objetivo de impedir a saída de projéteis do interior do estande e de diminuir sua energia, mediante impactos sucessivos de forma a evitar danos. Este modelo reduzido é, comumente, utilizado nas unidades militares do Exército Brasileiro para a segurança de zonas habitadas que possuem trânsito de pessoas ou de animais dentro de um raio de 5 quilômetros.

 

Paula Monize

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