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"Meu lugar é aqui, no Centro de Teresina", diz comerciante e destaca fatos marcantes

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O Centro de Teresina é aquele lugar para onde o teresinense se dirige para resolver todas as suas demandas num só lugar. Por lá o comércio é variado, dá para comprar de tudo, de alimentos a eletrodomésticos de última geração. Lá também estão as maiores agências bancárias do Estado e de várias bandeiras, todas bem perto uma das outras, além da sede de boa parte dos órgãos públicos da Capital.

Tudo isso torna o Centro um lugar de convergência.

Por esse motivo, o Centro de Teresina foi o local escolhido pelo vendedor Lourivaldo Barbosa da Silva para colocar sua pequena banca de produtos naturais e assim ganhar o sustento de sua família.

O começo de tudo foi em 1987. A primeira banca de Lourivaldo ficava localizada em frente ao Clube dos Diários, no cruzamento das Ruas Álvaro Mendes com Treze de Maio. De lá Lourivaldo foi transferido para uma rua no entorno do Mercado Central, quando as ruas do Centro passaram por uma reestruturação.

"Comecei ali na frente do Clube dos Diários e com a construção do Shopping da Cidade fomos trazidos para cá, e desde então estou aqui. Naquele tempo o Centro era o melhor lugar para se fazer dinheiro. Todas as pessoas vinham para cá para resolver seus assuntos e aqui já faziam as compras", lembra o vendedor.

Lourivaldo mora na zona Norte de Teresina, no conjunto Nova Brasília e todos os dias vem para o Centro de Teresina trabalhar. "Aqui só não abrimos no domingo. Os outros dias estamos aqui, sempre", enfatiza Lourivaldo.

Em quase trinta anos de trabalho Lourivaldo disse que testemunhou muitas mudanças. "As grande mudanças que aconteceram aqui eu vi tudo. O dinheiro mudou de nome e o povo ficava tudo confuso. Vi a retirada dos camelôs das ruas, vi o fechamento e abertura de ruas, vi isso aqui cheio de ônibus e gente. E agora vejo a nossa clientela 'rariando' cada vez mais", lamenta.

Lourivaldo conta que teve a oportunidade de trabalhar em empresas privadas. "Às vezes os amigos chegavam aqui e perguntam se eu não queria trabalhar numa empresa ou noutra, de carteira assinada. Mas eu gosto do meu trabalho aqui, gosto de atender as pessoa, gosto de ajudar elas a ficarem bem com meus produtos. Gosto de amanhecer o dia e vir para cá. Ver o povo indo e voltando. Aqui é o meu lugar, aqui me sinto vivo e útil", disse emocionado.

Lourivaldo é casado, pais de três moças e dois homens. As moças já deixaram a casa paterna.

"Duas casaram e formaram família e a minha caçula está no Rio de Janeiro. Os dois cabocos ainda não casaram e vivem comigo, lá em casa. Eu chamo eles assim, mas eles não me dão trabalho não. Mas eu quero que eles ganhem a vida e formem a família deles também", explicou.

"Tudo o que eu tenho eu consegui aqui no Centro de Teresina. Eu fui bem acolhido aqui pelos colegas e pelos clientes. Tem gente aqui que vende os mesmo produtos, mas ninguém se considera concorrente, porque todos estamos aqui para conseguir o nosso sustento e não para derrubar o outro vizinho", analisa Lourivaldo.

Construí no Centro de Teresina um lar para minha família

Quem também escolheu o Centro de Teresina para morar, trabalhar e criar os filhos foi o comerciante Luís Antônio de Brito. Ele veio de Picos para Teresina em 1990 e está na Capital há 33 anos.

"Tenho três filhos e eles queriam estudar na Capital. Chegamos aqui no dia 16 de janeiro de 1990", relembra Luis Antônio.

Antes de vir pra Teresina, Luis Antônio morava em Picos e já vivia do comércio. "Eu comprava mercadorias no Maranhão e vendida lá na região de São João dos Patos. Estava muito bem. Tinha minha casa, meu carro, meus clientes", relembra.

Quando chegou em Teresina, Senhor Luiz e sua família compraram um ponto no Mercado Central e uma casa, na mesma rua do mercado.

"Comprei uma casa bem deteriorada aqui nessa mesma rua, lá perto da antiga escola Santa Helena. Reformei e me mudei para lá com a minha família. Venho trabalhar e volto para casa todos os dias andando. Meus filhos também estudaram aqui no Centro, depois fizeram faculdade e hoje são os três concursados", diz Luiz Antonio com orgulho.

Com o seu trabalho no Mercado Central, Luiz Antonio formou um filho médico, o primogênito, que hoje mora fora do Piauí; uma advogada, que hoje trabalha num Tribunal na Capital e; 'sua caçula' abraçou a fisioterapia como profissão e hoje é concursada de uma autarquia, também na Capital.

"Eu trabalho no que gosto e meus filhos hoje, também, trabalham no que gostam. Mudei a vida da minha família para dar a eles o que eles queria, a oportunidade de estudar. Eu também queria que eles estudassem e pudessem ter o sonho deles. Valeu a pena largar tudo lá no Sul do Piauí e vir para cá. Não me arrependo. Pude dar aos meus filhos tudo que eles sempre sonharam", destaca o vendedor.

Em seu pequeno box, Luiz Antonio vende, hoje, panos de prato. Já vendi de tudo aqui. Hoje não tenho mais disposição para viajar e comprar mercadorias. Então meu comércio está reduzido", explica.

Senhor Luiz Antonio desconversar quando o assunto é sua idade. Mas, durante a nossa conversa ele disse ter se aposentado em 1994. "Sempre paguei o INSS, desde quando eu trabalhava em São Paulo, antes de voltar para o Piauí. Em 1994 me aposentei, mas continue trabalhando, todos os dias, até hoje. Hoje não preciso do trabalho para sustentar minha família, mas trabalho porque gosto", revela o vendedor.

Além de vender panos de partos, Luiz Antonio é uma espécie de guia do Mercado Central. Nos poucos minutos que estivemos diante de sua banca, conversando sobre sua vida, vários clientes pararam para pedir informações ou para agradece uma indicação. De voz mansa e sorriso discreto no rosto Luiz Antonio se despedia dos clientes com uma "até breve".

 

Adriana Magalhães
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