Cidadeverde.com

Aumento de combustíveis é decisão acertada, afirma Campos Neto

Imprimir

Foto: Pedro França/Agência Senado›

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participou nesta sexta-feira (16) do congresso da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em Brasília. O economista comentou o recente reajuste da Petrobras nos preços de gasolina e diesel e falou sobre outros temas, como inflação, crescimento econômico e a recém-anunciada Drex, versão digital do real.

Inflação

Campos Neto classificou o aumento no preço de gasolina e diesel como uma "decisão acertada". Antes, o presidente do BC já havia falado sobre o impacto desse reajuste, sobretudo na gasolina, na inflação de agosto e setembro, que deve ser de 0,4%.

"Sempre digo que o objetivo do BC é tentar trazer a inflação para baixo com menor custo possível para a sociedade. Menor custo em termpos de emprego, no crédito, tentando retrair. Mas alguma retração precisa ter no processo de desinflação", disse, citando a meta atual de inflação, de 3%. "É importante perseverar. A luta não está ganha", complementou.

Queda da Selic

Campos Neto também falou sobre a redução na Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 13,25% ao ano, e reforçou que a forma mais saudável de realizar a queda no índice é por meio da credibilidade.

"Criar condições de liquidez na economia. Quando os juros caírem, queremos estimular a economia. Liquidez não é só Selic, tem outros indexadores. Mesmo antes da queda da Selic, as condições financeiras vinham melhorando", explicou.

O presidente do BC atribuiu essa melhora "em parte ao que o governo tem feito, ao Congresso, à credibilidade do BC". "As taxas de juros longas caíram bastante ao longo do tempo. Isso abriu espaço para a queda de juros com credibilidade", completou. 

Crescimento econômico

Campos Neto disse que, no Brasil, a percepção de crescimento potencial é baixo, e citou queda em indicadores como crescimento da população em idade de trabalho, investimento e produtividade.

O economista citou medidas como o arcabouço fiscal, mas ponderou que "o mercado não acredita na entrega". "Basicamente, para a entrega, tem que ter muita arrecadação. Precisa ter medidas adicionais em 2024. Há ceticismo em relação a essa capacidade. Mesmo com arcabouço, o crescimento de gastos é bem acima do mundo emergente e faz com que tenha desancoragem fiscal. Para cumprir, precisaria ter crescimento ou arrecadação muito grande", destacou.

Depois, em outro momento de sua participação no congresso, Campos Neto reforçou que "o importante é crescer com credibilidade" e chamou programas de crescimento artificiais de "voo da galinha".

"Acho que o desafio do governo, de qualquer governo, é equilibrar o social com o fiscal. É importante olhar para o social também. Não só assistencialismo, mas dar oportunidade para a pessoa crescer e se inserir no mundo competitivo. Isso é mais fácil falar do que fazer. Temos situação fiscal complexa. A gente não vai crescer só com governo, precisa do setor privado. Precisa gerar credibilidade, mais segurança jurídica, melhorar processo de recuperação de crédito, transmitir que o governo vai ter as contas equilibradas lá na frente", explicou.

Mercado de capitais

O presidente do BC disse que já escutou muitas críticas em relação ao mercado de capitais. "Diziam que era para a Faria Lima", falou. "É exatamente o contrário. Quanto mais mercado de capital, mais inclusão você gera. É extremamente democratizante. Houve grande aumento nos investidores da bolsa", completou.

Pix

Campos Neto disse que a criação do Pix representou o primeiro bloco no programa de inovações do BC. "Fez as pessoas entrarem no mundo da digitalização através de sistema de pagamento instantâneo e de graça. Gerou novos modelos de negócio e muita eficiência. A gente não vê nada de parecido em outros países. O brasileiro é muito ávido a essa adaptação no mundo digital", detalhou, lembrando que, no dia 4 de agosto, o número de transferências via Pix bateu recorde diário, com 142,4 milhões de operações.

"Pix também gera bancarização e inclusão financeira. Total de clientes bancários também sobe. Não é para substituir Ted ou Doc, mas para gerar outro impulso no sistema de pagamentos", emendou.

Drex

O presidente do BC acredita que o Drex "vai ter função de gerar eficiência e diminuir custo não só na negociação do ativo, como também na parte de contrato e registro". "Vai ser mais barato registrar e contratar. Em termos de eficiência, ganha bastante, aumenta a possibilidade de digitalizar dados", disse. 

Críticas ao BC

Campos Neto avaliou que críticas ao BC "são sempre chatas" e "afetam um pouco a motivação". Ele vê parte delas como infundada. "Mas faz parte do processo. A gente convive com isso. Do outro lado, há processo nos quadros internos. Durante muito tempo não teve concurso. A gente precisa ter funcionário motivado para continuar gerando inovações", completou.

 

Fonte: SBT News

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais