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Espanha constrói domínio na base e obtém hegemonia inédita no futebol feminino

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Nem sempre títulos nas categorias de base significam sucesso posterior no nível profissional, mas o histórico recente da Espanha mostra que a conquista da Copa do Mundo feminina não foi um acaso. O país agora é detentor simultâneo dos troféus sub-17, sub-20 e principal.

Esse domínio nos três níveis jamais tinha sido visto no futebol feminino e ocorreu apenas uma vez no masculino, com o Brasil. Em 2003, um ano após a conquista do pentacampeonato mundial no Japão, a seleção triunfou também nas disputas sub-17 e sub-20.

Alguns dos nomes envolvidos na vitória espanhola no domingo (20) ilustram como o time foi construído a partir da base. A começar pela autora do gol do título, Olga Carmona, 23, que foi campeã europeia sub-19, em 2018, e uma das artilheiras da competição continental entre nações.

Eleita a melhor da Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia, Aitana Bonmatí, 25, fez todo o percurso nas categorias menores. Ela estava na final do Mundial sub-17 de 2014, na qual saiu vitorioso o Japão.

Mais sorte diante das japonesas teve Salma Paralluelo, hoje com 19 anos. Ela marcou dois gols na decisão do Mundial sub-20 de 2022. E já ostentava no currículo o título mundial sub-17 de 2018, no qual a goleira era Cata Coll, hoje com 22 anos, a arqueira que frustrou as inglesas no domingo.

Há mais exemplos, mas o caso mais ilustrativo parece ser mesmo o de Paralluelo, que, degrau a degrau, venceu nos três níveis. E foi também campeã europeia neste ano com o Barcelona, clube que ajuda a explicar o sucesso vermelho no Mundial.

A formação catalã é a base da equipe nacional. Oito das campeãs disputaram a temporada 2022/23 vestindo azul-grená. E a lateral direita Ona Batlle, 24, que defendia o Manchester United, já está contratada para 2023/24.

Como se vê pelas idades mencionadas, a Espanha campeã do mundo é uma equipe jovem. Se a seleção jamais havia conquistado a Copa do Mundo feminina, agora não há motivos para que não se consolide com uma potência da modalidade.

"Estamos normalizando a vitória. Algo incrível está sendo feito. Faltava esse passo na Copa principal", afirmou Paralluelo, eleita a melhor jogador jovem do Mundial, com gols importantes marcados nas quartas de final, contra a Holanda, e nas semifinais, contra a Suécia.

"Temos muitas jogadoras que passaram pela seleção nas categorias inferiores, jogaram muitas finais. Isso faz com que a gente tenha experiência em torneios grandes. Essa experiência ajudou bastante", disse Cata Coll.

A goleira ganhou a posição após a derrota por 4 a 0 para o Japão, na última rodada da fase de grupos. Ela substituiu Misa Rodríguez, levou apenas três gols em quatro partidas e contribuiu para que a Espanha fosse a primeira campeã do mundo feminina com uma goleada sofrida na campanha.

Ainda que tenha seus métodos contestados por várias das jogadoras, o técnico Jorge Vilda não hesitou em apostar em jovens durante o campeonato, fechado em vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra. Segundo ele, o trabalho da base lhe deu essa confiança.

"Temos há anos times competitivos em todas as categorias, com um grande trabalho. Eram meninas que jogavam futebol. Agora, temos futebolistas. Elas se profissionalizaram, as mais novas têm referências, e o crescimento nos últimos cinco ou seis anos foi muito rápido", afirmou o treinador.

MARCOS GUEDES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

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