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Mãe de menino morto no Rio faz apelo na peça Macacos e emociona público

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A aclamada peça “Macacos” de Clayton Nascimento, vencedor do Prêmio Shell de melhor ator, contou na noite deste domingo (27) com a participação de Teresinha Maria de Jesus Ferreira, mãe do garoto Eduardo, de 9 anos, que foi morto na porta de casa em 2015, no Rio de Janeiro. Seu relato emocionou o público que assistiu o espetáculo que encerrou o FestLuso (Festival de Teatro Lusófono). 

Eduardo, que tem pais piauienses, foi morto com o tiro de fuzil no Morro do Alemão quando brincava na porta de casa. 

“Meu filho estava sentado na porta de minha casa quando chegou 10 policiais armados com fuzis efetuou um disparo na cabeça dele. O crânio do meu filho caiu dentro da minha sala. Desde lá eu venho lutando por justiça. Já são mais de oito anos na luta por justiça e o delegado encerrou o inquérito como legítima defesa, sendo que meu filho não tinha nem 10 anos, quando o policial tirou a vida dele”, disse Teresinha, segurando uma faixa com Clayton com várias fotos de crianças mortas no Rio de Janeiro.  

“Sei que a justiça brasileira não existe, principalmente quando é uma mãe preta, pobre e favelada. A gente não viveu o luto, porque ainda estamos investigando a morte de nossos filhos”.

Espetáculo da Cia do Sal relata as vivências de pessoas negras no Brasil.

Fotos: Andressa Vieira 

O espetáculo aborda a estruturação do racismo no Brasil e se coloca em cena a partir do relato de um homem negro em busca outros espaços para ocupar diante do adjetivo macacos, que nomeia a obra. O ator e diretor, Clayton Nascimento, lembra que, em muitos casos, o adjetivo é utilizado como xingamento ao povo negro. Além disso, a peça trata sobre episódios da História Geral do país, até chegar aos relatos e estatísticas das mães e famílias dos jovens negros presos ou executados pela polícia militar no Brasil de 1500 até 2021.

#justiçaparaeduardo

A mãe de Eduardo, que mora em Corrente, sul do estado do Piauí, veio a Teresina e pediu #justiçaparaeduardo e pela reabertura do caso que foi arquivado. 

Com o espetáculo, o ator, dramaturgo e professor de artes, Clayton Nascimento, que nasceu no Piauí e foi criado em São Paulo, ganhou os prêmios Shell de melhor ator e APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). 

O espetáculo é uma aula de história e fortalece o teatro denúncia. O público que lotou o teatro do Sesc Cajuína aplaudiu demoradamente de pé Clayton Nascimento. 

Na peça, Clayton brinca com sua origem piauiense e se declara “Piauilistano” (mistura de Piauí com Paulista). Ele disse que era  “alegria imensa” está no Piauí terra da sua família e que o livro “Macacos”, da editora Cobogó, vai entrar como livro didático em São Paulo. 

 

Da Redação
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