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Filme 'Intrigas de Estado'com Russell Crowe homenageia o "velho" jornalismo; Confira

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No auge da crise que atingiu em cheio a imprensa norte-americana, quando alguns dos jornais mais importantes do país se veem prestes a fechar as portas, chega aos cinemas “Intrigas de Estado”, filme-homenagem à tradição dos impressos.
 

Baseado no seriado homônimo, já exibido pela BBC, o longa ganha as ruas de Washignton para mergulhar nos meandros da indústria bélica e nos bastidores da segurança nacional norte-americana. Russell Crowe é o jornalista Cal McAffrey, repórter veterano do “Washignton Globe”, que, ao se envolver na apuração do assassinato de um menor infrator, acaba descobrindo uma história maior e mais complexa.
 

O crime investigado pelo jornalista acaba levando-o a um outro caso que, separadamente, ganha as páginas dos jornais: a relação adúltera do congressista Stephen Collins (Ben Affleck) com sua assistente, que morre em circunstâncias misteriosas no metrô. Collins lidera uma comissão que apura a relação de uma empresa armamentista com o governo dos Estados Unidos - e além disso é amigo antigo de McAffrey.
 

Unidos pela (má) notícia, os dois se reencontram. O congressista busca proteção contra os paparazzi plantados em frente à sua casa; o jornalista quer o furo de reportagem. Mantêm uma relação cordial, de ajuda mútua, numa tentativa de conciliar a amizade antiga e os interesses pessoais. Na figura de McAffrey, principalmente, é depositada toda a bagagem do herói - mesmo Crowe fazendo questão de incorporar o tipo do jornalista sujo, cabeludo e barrigudo.
 

É por meio do personagem de McAffrey que o roteiro apresenta críticas não apenas à indústria da fofoca, mas também à corrida da mídia on-line e à suposta falta de comprometimento e responsabilidade de alguns blogs. Em contrapartida, expõe o trabalho intenso e elaborado da apuração de acordo com os velhos moldes. Não que a chefe de McAffrey (a excelente Helen Mirren) não cobre dele ineditismo e histórias que rendam alta vendagem de jornais, mas os princípios do veterano são incorruptíveis, a não ser pelo óbvio conflito ético em que se mete ao decidir apurar um caso que envolve um amigo particular.
 

A redação do “Washignton Globe” é um capítulo à parte, representada em minúcias pela equipe de “Intrigas de Estado”, que percorreu as redações de tradicionais jornais norte-americanos, incluindo “Washington Post” e “Los Angeles Times”, fotografando e examinando documentos de arquivo que poderiam servir como inspiração. O desenhista de produção, Mark Friedberg, afirmou: “descobrimos, sobretudo, como os repórteres são bagunceiros. Eles não têm muito tempo para arquivar documentos. Arquivar significa empilhar papeis”. E assim tornou-se realidade a mesa caótica em que McAffrey escreve seus textos, repleta de recortes antigos.
 

O tempo todo, o clima do filme faz lembrar “Todos os homens do presidente” (1976), longa de Alan J. Pakula com Robert Redford e Dustin Hoffman sobre o Watergate, escândalo político que culminou na renúncia do então presidente americano Richard Nixon. E o diretor Kevin MacDonald assume não apenas a referência, como também a homenagem - “é um dos maiores filmes americanos de jornalismo já criados”, afirmou o documentarista escocês premiado com o Oscar com “One day in September”, e que alcançou notoriedade depois de dirigir “O último rei da Escócia”.
 

Mas “Intrigas de Estado” não é um filme puramente de jornalismo - trata também de conspirações, reviravoltas e intrigas, como sugere o próprio título. Por trás das discussões de questões éticas da profissão, está um longa-metragem que também oferece bom entretenimento. E que termina com uma das sequências mais marcantes do cinema recente, com o jornal sendo impresso, enquanto a câmera acompanha todas as etapas do processo até a revelação de uma manchete que encerra a história.
 
Fonte: G1
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