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História de um dos maiores astros da música pop que provocou polêmica pelo mundo

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O astro pop Michael Jackson estava obstinado com sua volta aos palcos. Seu primeiro show, após um hiato de ao menos 12 anos em grandes trunês, seria em 13 de julho, em Londres. Para entrar em forma, ele tomava remédios de uso restrito e seguia uma dura rotina de treinamentos diários. Michael morreu na tarde desta quinta-feira em Los Angeles (Estados Unidos), de parada cardíaca.

Nam Y. Huh/AP

Algemado, Michael
Jackson é levado para
a prisão em 2003
 
Jackson, 50, teve vários episódios com drogas vendidas somente sob prescrição médica ao longo de sua carreira e vinha tomando remédios devido às lesões que sofria durante os ensaios para seu grande regresso artístico, disse Brian Oxman, advogado, porta-voz da família e amigo pessoal do artista.

Segundo ele, o uso destes medicamentos preocupava a família, já que vários membros do staff de Jackson tinham autorização para obter estas drogas. "Não conheço a causa de tudo isso, mas eu temia o caso. Isso é um claro resultado de abuso de medicamentos, a não ser que a causa seja outra", afirmou.

Jermaine Jackson, irmão do cantor, confirmou a morte do astro, afirmando que os médicos tentaram reanimá-lo por mais de uma hora, sem sucesso. Abatido, o ex-integrante do grupo Jackson 5 afirmou que Michael chegou ao UCLA Medical Service por volta das 14h (horário local), após ser encontrado inconsciente em sua casa.

A polícia de Los Angeles abriu uma investigação para esclarecer as circunstâncias que levaram à repentina morte do cantor, poucos minutos após seu internamento. Os médicos declararam 14h26 (18h26 de Brasília) como hora da morte do cantor --por volta das 13h (hora local) ele havia sido encontrado inconsciente em sua casa, no luxuoso bairro de Bel Air.

O delegado Greg Strank não esclareceu como Michael foi encontrado, ou se havia elementos que levantassem suspeitas sobre um delito ou um suicídio por abuso de medicamentos. Ele só descartou completamente a hipótese de um crime.

Michael integrou o Jackson 5
aos cinco anos e logo ganhou
destaque no grupo
 
Sobre o uso dos remédios, o advogado comparou a situação ao caso da ex-modelo da Playboy Anna-Nicole Smith, que morreu de overdose de medicamentos. "Isto não foi algo inesperado (...) diante dos medicamentos que ele tomava", disse.

"Não sei exatamente os remédios que ele tomava, mas as informações de que dispomos indicam uma ampla gama [de produtos de venda controlada]", declarou.

Michael Levine, assessor do artista, também disse à France Presse que "não ficou surpreso" com a morte do cantor. "Juro que não fiquei surpreso com a trágica notícia de hoje. Michael seguia um caminho incrivelmente difícil e, com frequência, autodestrutivo, e isto ocorria havia vários anos."

 
Shows

Cena do clip "Thriller", de
Michael Jackson: seus vídeos
eram quase cinematográficos
 
Segundo o produtor Jay Coleman, que representou Jackson nos anos 80, o regresso do astro aos palcos, após anos de ausência, foi algo "muito estressante" para um perfeccionista como Michael.

"Essas serão minhas últimas performances em Londres", chegou a anunciar o cantor, em março. Ele comemoria seus 50 anos --completados em agosto do ano passado. O astro planejava voltar aos palcos com uma série de 50 shows, após uma reclusão voluntária desde 2005, quando foi absolvido da acusação de abuso sexual de um menor.

"A preparação para uma sequência de shows desta envergadura foi algo muito estressante", disse Coleman, que colocou Jackson nos spots publicitários da Pepsi.

Segundo Coleman, "a expectativa dos fãs era a de ver um Michael Jackson tão grande como no passado". ""Ele era um perfeccionista, que se envolvia profundamente na preparação de cada show, cada detalhe era muito importante."

 
Sucesso

O cantor nasceu Michael Joseph Jackson, em Gary, no Estado de Indiana (EUA), no dia 29 de agosto de 1958. Ao todo, seus pais tiveram nove filhos, mas foi ele quem revelou uma habilidade musical fora do comum desde muito pequeno.

Divulgação/AP

Michael Jackson em 1982 e em 2006:
plásticas lhe renderam a comparação
com um andróide
 
Esse talento acabou explorado por seu pai, Joseph Jackson, que montou um grupo com alguns de seus filhos e o batizou de Jackson 5. Michael --o sétimo filho-- integrou o conjunto e logo ganhou destaque com seu carisma, que à época assombrou produtores musicais.

O sucesso pelo interior dos Estados Unidos acabou rendendo um contrato com a lendária gravadora Motown. Nesse período, os Jacksons ganharam sete singles de platina pela venda de aproximadamente um milhão de cópias e três álbuns de platina pela venda de mais de dois milhões de discos.

Apesar do sucesso prematuro, Michael costuma se remeter àquela época como um período infeliz de sua vida. Dominado por um pai abusivo, disse depois que se sentia isolado e sozinho.

 
Apogeu
Foi em 1971 que a Motown começou a lançar o cantor em carreira solo --entre indas e vindas, o último trabalho de Michael com os Jackson 5 foi em 1984 no álbum "Victory". Ele arrebatou milhões de fãs ao criar um novo estilo, que unia canções de refrão fácil, musicalidade e muita dança. Em 1972, ele foi eleito o melhor vocalista masculino do ano por seu primeiro disco solo, "Got to Be There".
 
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Mas os holofotes se voltaram mesmo para ele em agosto de 1979 com o lançamento do álbum "Off the Wall", que vendeu 11 milhões de discos. O grande marco, no entanto, viria em dezembro de 1982, com "Thriller". O disco, com músicas de sucesso como "Billie Jean" e "Beat It", vendeu mais de 100 milhões de cópias no mundo todo até hoje, o que faz dele o mais vendido da história.

"Thriller" foi seguido de "Bad" (1987) --que vendeu 20 milhões de cópias-- e "Dangerous", de 1991 (21 milhões de cópias).

Os recordes davam uma amostra do espaço que o cantor ocupava na cena pop. Michael Jackson mudou a história da música ao também inovar em outros dois campos da indústria do entretenimento: ele adotou um marketing agressivo de divulgação de discos e passou a produzir clipes quase cinematográficos.

O Jornalista Martin Bashir e Michael
Jackson em cena de "Living With
Michael Jackson"
 
Os contratos de publicidade com a fabricante de refrigerantes Pepsi e a gigante de eletrônicos Sony, além de investimentos em catálogos de música, renderam a Jackson uma grande fortuna. Ao se transformar em sensação mundial, acabou protagonizando sucessos e escândalos, sempre com ampla cobertura da mídia.

 
Queda

As primeiras críticas sofridas por Michael começaram em 1984, quando ele afinou o nariz: era a primeira de uma série de cirurgias plásticas que mudaram as características de seu rosto. Em 1991, ele chegou a ser comparado a um androide. Ao morrer, o cantor tinha a pele completamente branca --resultado de uma doença, de acordo com ele-- e o nariz, boca e queixo modificados.

Mas o declínio de sua carreira começou mesmo em agosto de 1993, quando ele sofreu a primeira acusação de pedofilia. Um homem recorreu à Justiça afirmando que Michael abusou de seu filho, Jordan Chandler, 13. O caso acabou resolvido fora dos tribunais em um acordo que pode ter envolvido US$ 25 milhões.

O escândalo ocorreu pouco depois de Jackson ter voltado às manchetes dos jornais ao anunciar seu casamento com Lisa Marie Presley, filha de Elvis, então com 26 anos e herdeira de uma fortuna estimada em US$ 100 milhões.

Apesar de ter conseguido evitar uma guerra nos tribunais, o escândalo comprometeu sua carreira por toda a década de 90. Em junho de 1995, ele lançou o disco duplo batizado de "HISstory, Past, Present and Future - Book I", que recebeu críticas negativas e teve vendas de 16 milhões de cópias, resultado abaixo do esperado em razão dos gastos de quase US$ 40 milhões em publicidade.

Em fevereiro do ano seguinte, ele se separa de Lisa Presley para se casar em novembro com a enfermeira Debbie Rowe --então com 37 anos--, com quem teve dois filhos: Prince Michael e Paris Michael Katerine. O casamento durou até 1999, quando eles se divorciaram.

Michael só voltou à mídia em 2001, com o álbum "Invincible". O racha do cantor com a Sony resultou em uma fraca divulgação e oito milhões de discos vendidos, seu pior desempenho desde "Off the Wall (1979)".
 

AP

Problema na pele mudou aparência de Michael durante sua vida; amigos do cantor citam 50 plásticas só no rosto

A partir de então, os comentários sobre a produção musical de Michael Jackson voltaram a ceder espaço aos escândalos de sua vida particular. Em novembro de 2002, ele decidiu pendurar seu terceiro filho, Prince Michael 2º, de nove meses, para fora da sacada de um hotel em Berlim. As críticas o obrigaram a pedir desculpas públicas no dia seguinte.

 
Pedofilia
 
Essa não foi a única atitude intempestiva do cantor. A mais polêmica estava prestes a acontecer. Em fevereiro de 2003, uma TV britânica mostrou o documentário "Living With Michael Jackson", de autoria do jornalista Martin Bashir, que passou oito meses entrevistando o cantor em Neverland --o rancho de 1,3 mil hectaresdo cantor, onde ele mantinha um parque de diversões.
 

Reprodução/TMZ

 

No filme, o repórter pergunta sobre o episódio em que Michael é acusado de pedofilia em 1993. Na ocasião, 60 investigadores invadiram seu rancho após a denúncia. Era o início de uma batalha judicial que o inocentou 20 meses depois, tempo suficiente para manchar para sempre a carreira de um dos maiores fenômenos da música.

O cantor diz, no filme, que nunca abusou de um menor, mas confessa que já havia dividido sua cama com vários garotos. A polêmica ganhou as manchetes e as TVs do mundo todo, que disputavam o direito de veicular o documentário.

Quando o assunto começava a deixar os noticiários, nova polêmica: motivado pelo filme, os pais de um adolescente entram com uma ação contra Michael Jackson afirmando que, em 2000, ele molestou seu filho, que à época contava 12 anos.

Dessa vez o astro não conseguiu evitar o julgamento, que só começou em janeiro de 2005 e teve duração de seis meses. A ação gerou novas denúncias de pedofilia, que envolveu até o ator Macaulay Culkin, que precisou ir ao tribunal negar que tenha sido abusado por Michael.

O cantor venceu o processo, mas saiu dele doente, com uma dívida de US$ 270 milhões e a vida devastada. Para não perder Neverland, afundada em dívidas, Michael precisou vender os direitos de cerca de 200 canções dos Beatles, que ele detinha desde 1985.

Mesmo endividado, o cantor não esperou mais do que um mês após o veredicto para comprar um luxuoso imóvel e se mudar para Bahrein, pequeno reino do Golfo. Ele só voltaria para os Estados Unidos em dezembro de 2008, quando alugou uma mansão em Los Angeles por US$ 100 mil mensais.

Michael Jackson comemorou seus 50 anos em agosto do ano passado ao lado apenas dos filhos e sob a especulação de que estaria cada vez mais doente. De acordo com alguns tabloides, o cantor sofria de uma grave doença pulmonar genética que o teria convencido de que morreria em breve.

Em novembro do ano passado, o popstar --criado como Testemunha de Jeová-- se converteu ao islamismo em uma cerimônia na casa de um amigo em Los Angeles. A conversão lhe deu uma nova alcunha: Mikaeel, nome de um dos anjos de Alá.
 
 
 
 
Fonte: Folha Online
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