Paula Monize

Picos é a terceira maior cidade em contingente populacional do Estado do Piauí. Diga-se de passagem, é a terra do “movimento”, onde milhares de pessoas circulam diariamente realizando suas atividades laborais, econômicas e pessoais.

Nessa rotina frenética, alguns personagens que são essenciais para o funcionamento da cidade passam por despercebidos e/ou não recebem o devido reconhecimento pelo importante papel que desempenham. 

O Cidadeverde.com/picos foi atrás destas pessoas que organizam o trânsito caótico da “Cidade Modelo”, que alimentam e transportam o povo picoense/visitantes de um ponto a outro do município. São histórias de gente como a gente, que amam servir Picos e que fazem do seu trabalho o elo maior de ligação com esta terra.

Mercado Público de Picos

É neste cenário que andando pelas ruas de Picos é facilmente possível encontrar um guarda municipal de trânsito. Há 11 anos, o Gilberto Leal, debaixo desse sol escaldante se dedica a organizar e tornar fluído o trânsito local. O servidor público fala dos desafios e do pouco reconhecimento da profissão.

“O nosso trabalho é um trabalho árduo, que ainda é pouco visto pela população. Mas, é de suma importância para o pessoal que vem para a nossa cidade, para a nossa sociedade também, que já mora aqui. Nós estamos todos os dias nas ruas, ajudando para que a locomoção dos veículos se torne mais fácil, nós também somos uma sinalização para eles. Não só uma vez, mas várias vezes já sofri situações de desrespeito, isso já é uma coisa pra gente que se tornou rotina. Nem levamos muito isso a sério, porque se a gente for se importar com essas pequenas coisas a gente vai se tornar igual a esses tipos de pessoas que pensam pequeno e a gente pensa de uma maneira diferente. Estamos aqui pra ajudar o trânsito, o povo da cidade, os que vêm nos visitar na nossa cidade”, frisou o guarda municipal.

Guarda de trânsito - Gilberto Leal

Quem também vivencia situação semelhante é o mototaxista Benedito Reinaldo de Sousa. Ele que a pouco mais de dois anos viu neste trabalho uma forma de ajudar a família após a chegada da pandemia.

“A gente trabalhou até o começo da pandemia como motorista, aí depois da pandemia a gente não conseguiu mais trabalho. Aí eu foquei no que eu podia fazer na atualidade, era trabalhar como mototáxi. É uma profissão que tem dado certo, ajuda muito, não é que dê certo para tudo, mas ajuda bastante”, ressaltou.

Mototaxista Benedito Sousa

Em se tratando das situações desafiadoras, o mototaxista revela que trafegar no trânsito de Picos é perigoso devido à falta de respeito.

“O desrespeito maior que a gente acha no trânsito que não é nem de passageiro, mas dos próprios veículos motorizados de carros, que são maiores do que nós. Então muitos deles não respeitam a presença da moto de um lado ou do outro do carro deles. Mas eu sou muito grato, só a gente estar trabalhando, estar com a saúde de a gente e poder estar trabalhando pra levar o pão de cada dia pra dentro de casa, já é isso aí, já é um motivo de felicidade”, enfatizou.

 

Contando essas histórias não podemos esquecer das mulheres do Mercado Público. Elas que cedinho, às 5h00, já estão nos seus postos de trabalho, no "pé do fogão", cozinhando os pratos regionais que alimentarão as centenas de pessas que frequentam o espaço. Uma destas mulheres é Valdeni Moura de Carvalho que há 25 anos trabalha no local. 

"É um prazer imenso receber esse povo. É um prazer imenso estar aqui há 25 anos com Picos. Para mim, o mercado é muito gratificante, é daqui que ganhamos o nosso pão de cada dia. Picos é uma cidade maravilhosa, nossa cidade precisa ser mais cuidada. O mercado hoje é considerado uma comida muito boa, mas está deixando muito a desejar, em questão de gestão, aqui merecia um olhar mais atento, uma estruturação do espaço", frisou Valdeni Carvalho.

Falar de Picos é falar de trabalho e amor, porque estas duas palavras caminham juntas para descrever a "Cidade Modelo". São 133 anos de história, de lutas de um povo que sonha, ousa e faz esta terra prosperar.