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Crimes virtuais ultrapassam 4.600 registros em 2023; delegado alerta sobre o golpe do phishing

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Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com 

Por Rebeca Lima 

Os registros de boletins de ocorrência sobre crimes praticados no meio virtual continuam crescendo no Piauí. Até o dia 15 de dezembro deste ano, a Delegacia de Repressão e Combate aos Crimes de Informática (DRCI) já somava 4.626 ocorrências. Desse total, metade das modalidades envolve o estelionato.

Em entrevista ao Cidadeverde.com, o delegado titular da DRCI, Humberto Mácola, destacou quais as práticas criminosas mais comuns no crime de estelionato.

“Pelo menos 50% da nossa demanda é o estelionato e nele entra a fraude, o golpe. O estelionato é o crime geral; dentro dele tem as várias especificidades, então qualquer crime no qual o criminoso utiliza de um engano, de um subterfúgio para levar a vítima ao erro e assim angariar um dinheiro, fazer com que ela [a vítima] tenha um prejuízo, isso é estelionato. Então, o golpe do Pix, o golpe da novinha, o golpe do estelionato amoroso ou estelionato emocional. Aí nós temos os outros crimes que são a importunação sexual, o stalking, que é a perseguição no meio cibernético, invasão de dispositivo informático”, disse.

Em comparação com anos anteriores, segundo dados da DRCI, o aumento de boletins de ocorrência envolvendo crimes virtuais foi de quase mil por ano. Veja tabela abaixo:

Ano Quantidade de B.O's
2017  97
2018 252
2019 287
2020 1711
2021 2767
2022 3752
2023 4626 * até o dia 15/12

*Dados estatísicos da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) 

O delegado explicou por que esse tipo de crime aumentou tanto desde a pandemia de Covid-19.

“Todo mundo ficou em casa, todo mundo começou a usar a internet. O criminoso que aplicava o golpe na rua, bilhete premiado, ele teve que ficar em casa, então ele se especializou. Hoje a Delegacia de Crimes de Informática já é a segunda delegacia mais demandada do Piauí, a gente só perde para roubos e furtos de veículos. Com a pandemia, a gente avançou em tecnologia 50 anos. Antes da pandemia, para você pedir um empréstimo você tinha que ir no banco, para financiar um carro tinha que ir na loja, hoje você financia o carro de casa, pega o empréstimo de casa, tudo pelo celular”, pontuou.

Concomitantemente a isso, as próprias empresas presentes na internet e a Polícia Civil precisaram se proteger virtualmente e aperfeiçoar suas técnicas de investigação.

“Dois fenômenos aconteceram com esse aumento da criminalidade na internet. O primeiro fenômeno foi a empresas que trabalham na internet e a polícia elas tiveram que reaprender a investigação e a se proteger. Hoje elas têm sistema de proteção que foram criados e a investigação hoje ela é do meio virtual. E o outro fenômeno é o usuário tendo que reaprender a se proteger”, acrescentou Humberto Mácola.

Ainda de acordo com o delegado, a nova modalidade de golpe que está se destacando atualmente é o phishing, quando criminosos se passam por agências bancárias ou instituições legítimas e “pescam” a vítima até ela fazer um empréstimo ou Pix para a conta do criminoso.

“Um golpe agora que está acontecendo muito é o com o Banco do Brasil. A pessoa cria um perfil falso no WhatsApp, envia para você dizendo que sua compra no cartão de crédito final tal, porque ele tem acesso aos bancos de dados, ele não sabe o número completo, mas sabe o final, foi recusada no valor tal, no estabelecimento tal, para confirmar diga ‘sim’ e para recusar diga ‘não fui eu’. Aí tem dois botões lá embaixo para você clicar. Qualquer um dos dois que você clica ele te leva para um outro WhatsApp com uma pessoa que se diz atendente e ele começa a falar para você ir no caixa eletrônico para fazer o procedimento, a pessoa vai e lá ele leva ela a fazer um empréstimo ou um Pix para uma outra conta, então isso é um phishing, uma pescaria, ele joga para vários usuários e aquele que retornar vai. É uma empresa criminosa”, destacou.

Já para o usuário não cair em golpes, o delegado pede que as pessoas sempre fiquem em alerta quando são oferecidos empréstimos ou promoções e confiram sempre os marcodres de segurança em sites e plataformas.

“O criminoso trabalha com o gatilho emocional da vítima, ele precisa despertar na vítima um interesse de qualquer maneira, mas as formas são variadas: links falsos, abordagens de pessoas que não são quem dizem ser, como funcionários de banco oferecendo empréstimos. Então, basicamente, o usuário da internet precisa tomar cuidado com aquilo que lhe é oferecido e não aquilo que ele procura. Quando ele vai procurar algo, ele vai em sites oficiais, em plataformas oficiais e mesmo assim nos sites oficiais ele precisa se atentar no cadeado que está no http, na barra onde ele digita o endereço eletrônico daquela empresa, precisa ter a autenticidade e até ele fazer uma transferência, ele precisa saber para quem está fazendo a transferência. Então, são dicas importantes”, pontua.

E quando a pessoa for vítima de algum crime virtual, a primeira orientação é comunicar nas suas redes sociais que estão utilizando seu perfil para praticar golpes e, em seguida, registrar um boletim de ocorrência.

“A pessoa virou vítima, ela precisa denunciar na sua plataforma (nas suas redes sociais) que aquele perfil é falso, que aquele link é falso, a pessoa precisa entrar nas suas plataformas e dizer que alguém está clonando o perfil dela, que estão pedindo dinheiro utilizando o perfil. Então, são ações administrativas. E ação jurídica, ela precisa imediatamente registrar um boletim de ocorrência, esse boletim pode ser registrado em qualquer delegacia de polícia do bairro ou pela internet em qualquer dia ou horário pelo link da Delegacia Eletrônica do Ministério da Justiça que lá tem o Piauí e pode inclusive fazer o upload de arquivos, ou então pode vir na DRCI no horário comercial e fazer o boletim de ocorrência também”, finaliza Humberto Mácola.

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