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Reforma ministerial no início de 2024 perde força, mas aliados esperam trocas até junho

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

A expectativa de que o presidente Lula (PT) faça uma ampla reforma ministerial no início de 2024 esfriou, na avaliação de integrantes do governo, do PT e do Congresso Nacional.
Uma ala do Palácio do Planalto ainda espera por uma reformulação do primeiro escalão logo em janeiro, mas ministros próximos ao presidente e aliados que recentemente conversaram com ele sobre o assunto saíram com a impressão de que as trocas não devem ocorrer num prazo tão curto.

Lula havia dito anteriormente a ministros que tem o costume de fazer uma análise do desempenho do governo após o primeiro ano e promover ajustes.
Flávio Dino, que vai deixar o Ministério da Justiça e ir para o STF (Supremo Tribunal Federal), é peça a ser movida já na largada de 2024. Mas essa seria uma substituição desgarrada da reforma ministerial.

Uma ampla reconfiguração da Esplanada dos Ministérios, então, só se confirmaria depois de março.

O presidente ainda não bateu o martelo. Isso tem gerado leituras conflitantes mesmo entre ministros do Palácio do Planalto, que se dividem entre os que apostam em trocas em janeiro ou fevereiro e aqueles que enxergam uma reforma apenas no segundo trimestre.

Dirigentes petistas também não veem espaço para uma mexida significativa na Esplanada por ora. O partido ocupa a maior parte dos ministérios no governo Lula e deverá ser alvo de trocas no próximo ano --Lula continua questionando o desempenho de correligionários à frente de algumas pastas.

Ministros e aliados dizem que uma ampla reforma deve ser conduzida num momento de real necessidade. Ou seja, quando o governo precisar reorganizar a base política para convencer o Congresso a aprovar medidas impopulares ou de grande interesse do presidente.

Apesar dos percalços ao longo do ano, o governo Lula encerrou 2023 com saldo positivo nas votações na Câmara e no Senado, na avaliação de pessoas próximas ao presidente. Eles citam como exemplo o avanço da agenda econômica do ministro Fernando Haddad (Fazenda) e a aproximação com partidos do centrão (PP, Republicanos e até uma ala do PL).

Por isso, o grupo que vê uma reforma ministerial mais tardia crê que Lula só deve voltar a ter desafios no Congresso a partir do fim de março, seja em projetos ligados à segunda etapa da reforma tributária ou seja em eventuais cortes do Orçamento de 2024.

Haddad convenceu o Palácio do Planalto a manter a meta de zerar o rombo das contas públicas no próximo ano. Mas isso não é consenso dentro do governo. Já existem projeções de que isso vai obrigar o presidente a congelar um alto valor de despesas no fim de março ou a rever a meta, o que depende de aval do Congresso.

Em encontro com ministros em meados deste ano, Lula lembrou que tradicionalmente faz um balanço político da distribuição de ministérios e da base do governo após 12 meses de trabalho.

Em 2004, um ano após assumir o primeiro mandato, o petista demitiu seis ministros. Foi a primeira reforma ministerial dele.
Lula classificou aquele momento como "doloroso".

Entre os demitidos estava José Graziano (Combate à Fome), um dos mais próximos a ele. A reforma foi necessária para abrir espaço para o PMDB (hoje, MDB), que selou uma aliança duradoura com o PT a partir de então.

Esse histórico sustenta a ideia de uma ala do Planalto de que o presidente manterá a prática logo no início de 2024.

Outros integrantes do entorno de Lula dizem que o contexto político atual é diferente, principalmente diante de um Congresso mais independente do que há 20 anos. Além disso, lembram que o presidente já foi forçado a promover uma dança de cadeiras em setembro que abriu espaço na Esplanada para o PP e o Republicanos.

Na ocasião, o presidente exonerou Ana Moser do Ministério do Esporte e tirou Márcio França do Ministério dos Portos e Aeroportos para dar lugar a André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), respectivamente.

França acabou sendo realocado para um novo ministério, de Micro e Pequenas Empresas. As mudanças ocorreram após exaustiva negociação de integrantes do governo com as direções partidárias. Antes disso, o presidente demitiu Daniela Carneiro do Ministério do Turismo e nomeou Celso Sabino, para atender a um pedido da bancada da União Brasil na Câmara.

Apesar das divergências sobre quando será a próxima reforma, aliados do governo seguem apontando críticas à atuação de ministros petistas, entre eles Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Rui Costa (Casa Civil).

Alvo de fogo amigo, Rui é homem forte de Lula e afirma a aliados que tem cumprido a missão que o presidente lhe deu: assumir o papel de gestão, tocar obras e se blindar de questões políticas.

Uma ala do Planalto considera difícil que Lula mexa no centro da sua cozinha. Mas, caso isso ocorra, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é apontada como uma provável substituta.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), também é alvo de críticas.
Auxiliares de Lula apontam ainda que o ministro José Múcio (Defesa) poderia pedir para deixar o cargo no próximo ano. Ele, no entanto, tem dito a pessoas próximas que não tem essa intenção.

 

Fobnte: Thiago Resende Julia Chaib, Folhapress

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