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Postagens de médica que acompanhou aborto legal de menina estuprada geram polêmicas

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Foto arquivo Cidadeverde.com

Por Yala Sena 

Mensagens de uma médica que acompanhou o aborto legal de uma menina de 12 anos, têm gerado revolta e reação dos internautas e das autoridades ligadas à rede de proteção as mulheres no Piauí. 

Na rede social X, antigo Twitter, a médica, que é residente em ginecologia e obstetrícia na Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa (NMDA, fez a seguinte postagem no último sábado (6): 

“Ontem no meu plantão uma menina de 12 anos estava em processo de aborto legal devido a violência sexual. Expeliu o bebê de 14 semanas, todo formadinho. Não era um amontoado de células, era uma vida inocente que foi tirada. Um crime não apaga outro”.

Cidadeverde.com solicitou informações do Conselho Regional de Medicina (CRM) e da Maternidade Dona Evangelina Rosa que devem se manifestar sobre o caso. E tentou contato com a médica, mas não foi localizada. 

A postagem se referia a interrupção de gravidez de uma menina de 12 anos, que foi estuprada no município de São Raimundo Nonato. Os pais da vítima autorizaram o aborto legal e foi realizado no fim de semana. A polícia investiga o caso e a suspeita é que o estupro tenha sido praticado pelo padrasto. 

Devido a polêmica, a médica apagou a postagem e argumentou, após questionamento dos internautas.

Em um dos comentários, uma internauta diz: “o modo que tu se expressou, no post anterior, foi insinuando que a menina, que era vítima, também era criminosa. O que achei problemático...”. 

Vejam mais comentários da médica:

Lei permite aborto legal

A lei brasileira permite o aborto nos casos de estupro e risco de morte para a gestante, e uma decisão da Justiça estendeu o aval para casos de anencefalia do feto. Considera-se estupro os casos de relação sexual de vítimas menores de 14 anos.

Frente defende afastamento de médica

Integrante da Frente de Mulheres Contra o Feminicídio do Piauí, Madalena Nunes, disse que é um desserviço a postura da médica e gera revolta por ser uma profissional de saúde que deveria apenas cumprir a lei.

“A médica não pode trazer sua crença para a profissão, tem que cumprir a lei. Se ela não concorda com a lei do aborto que não faça nela, mas precisa cumprir a lei e não criminalizar uma criança violentada”, disse.

Madalena pediu providências da Maternidade Dona Evangelina Rosa e afastamento da médica.

“Vamos pedir uma nova reunião com a diretoria da maternidade. É preciso definir um protocolo para evitar esse tipo de postura, que só causa mais traumas às vítimas. A postura da médica não constrói em nada, só alimenta a cultura do estupro. Ela não tem condições de fazer residência na maternidade”, disse Madalena Nunes.

O Cidadeverde.com tentou falar com a médica, mas não foi localizada e deixa espaço aberto para esclarecimentos. 

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