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Lula fala de Tarcísio como adversário pela 1ª vez, e aliança com Campos Neto irrita governo

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Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vocalizou nesta terça-feira (18) a irritação não só dele, mas também de integrantes de seu governo e da cúpula petista com a movimentação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, rumo a uma aliança com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2026.

Foi a primeira vez que Lula tratou o governador de São Paulo como potencial adversário nas eleições de 2026. Em entrevista à rádio CBN, o petista afirmou que o presidente do BC tem lado político.

"[Tarcísio] Tem mais [poder de influência] que eu. Não é que ele [Campos Neto] encontrou com Tarcísio numa festa. A festa foi para ele, foi homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque o governador de São Paulo está achando maravilhoso a taxa de juros de 10,5%", disse Lula.

"A quem esse rapaz é submetido, como ele vai numa festa em São Paulo, quase assumindo candidatura um cargo no governo de São Paulo? Cadê a autonomia dele?", questionou o petista, que também comparou o presidente do BC ao ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro.

"O presidente do Banco Central, que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país", afirmou, após declarar que a autoridade monetária está "desajustada". 

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o partido prepara uma ação popular contra Campos Neto. "É um escândalo isso. Vi vários comentaristas criticando essa postura. Estamos preparando uma ação popular contra ele. Por violação do interesse público e moralidade administrativa", disse ela.

Segundo Gleisi, Campos Neto mostrou o lado político e conduz o BC para impedir o crescimento do país. "Está fazendo o serviço sujo para a oposição", disse a presidente do PT.

Aliados do presidente divergem sobre a menção a Tarcísio como potencial opositor na corrida presidencial, uma vez que defendem a rivalidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como estratégia política.

No entanto, apontam como importante a responsabilização de Campos Neto pela política de juros, associando o presidente do BC ao bolsonarismo.

Na avaliação de aliados do presidente Lula, a materialização dessa aliança entre o presidente do BC e a oposição pode ser constatada com a presença de Campos Neto em jantares ao lado do governador de São Paulo, além da hipótese de participação em um eventual governo Tarcísio.

JANTARES E HOMENAGEM

Campos Neto jantou com o governador na casa do apresentador Luciano Huck, foi homenageado em outro jantar, no Palácio dos Bandeirantes, e sinalizou a Tarcísio que aceita ser seu ministro da Fazenda caso ele se eleja presidente da República.

Para a homenagem, na semana passada, o governador convidou alguns aliados, banqueiro e empresários. Campos Neto foi junto com sua família ao jantar.

Segundo relatos de presentes, o clima era ameno e descontraído. Nas conversas, Campos Neto era elogiado pela conduta à frente do BC, criticada por Lula.

Horas antes ele foi homenageado com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), maior condecoração da Casa. A honraria foi proposta pelo deputado bolsonarista Tomé Abduch (Republicanos), vice-líder do governo Tarcísio na assembleia.

Já na semana passada, aliados do presidente Lula foram às redes em protesto. Ex-presidente do PT, o deputado Rui Falcão (SP) foi um dos críticos. "Que vergonha esse presidente do BC!Além de sabotar nossa economia, virou sabujo do Tarcísio", postou.

Gleisi também protestou nas redes, mencionando reportagem da Folha.

"Isso é que é a tal 'autonomia' do Banco Central: diz a Folha que Campos Neto faz campanha por Tarcísio Freitas para presidência e topa ser ministro da Fazenda. Aposta na deterioração da economia do país (que ele faz de tudo para atrapalhar) para favorecer o candidato de Jair Bolsonaro. E o cara ainda está sentado na cadeira de presidente do BC! Quando a gente diz que ele é político, jamais um técnico, ficou escancarado agora. Campos Neto não tem sequer resquício de autoridade para comandar o BC", escreveu Gleisi.

 

Fonte: Folhapress

 

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